O Cachimbo de Magritte: Assobiem-na, que é ela que vos deixa

28-05-2010
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Parece que a Estátua da Liberdade (na verdade, La liberté éclairant le monde) foi ontem vaiada e assobiada pelos Portugueses no Estádio da Luz. Esse gesto teria deixado perplexos os avós daqueles mesmos Portugueses. Esses e muitos, muitos outros avós. Durante décadas, a primeira coisa que milhões de imigrantes viam ao chegar à foz do Hudson era aquela mesma figura ontem assobiada pelos alegres Portugueses. Era ela que os recebia e era ela que toda essa gente esperava e desesperava por ver depois duma longa travessia. A que vinha toda essa gente? Todos esses Europeus – que, então, não olhavam desdenhosamente a América? Procuravam-na. Procuravam-na a Ela, a Liberdade. Podiam não ter lido e nunca ter ouvido falar dos Iluministas franceses e alemães, dos liberais ingleses ou dos revolucionários russos. Mas era a Liberdade que eles queriam.Queriam a liberdade de não morrer de fome, a liberdade de enriquecer, a liberdade de adorar o seu Deus, a liberdade de não adorar Deus nenhum, a liberdade de ler, escrever e ver. Ontem a Estátua da Liberdade foi assobiada num país que viveu quarenta anos em ditadura. Uma ditadura que não foi feroz como outras europeias. Não precisou de o ser.Há alturas em que os assobios são zurros. As cadeias quebradas aos pés da Estátua da Liberdade


Parece que a Estátua da Liberdade (na verdade, La liberté éclairant le monde) foi ontem vaiada e assobiada pelos Portugueses no Estádio da Luz. Esse gesto teria deixado perplexos os avós daqueles mesmos Portugueses. Esses e muitos, muitos outros avós. Durante décadas, a primeira coisa que milhões de imigrantes viam ao chegar à foz do Hudson era aquela mesma figura ontem assobiada pelos alegres Portugueses. Era ela que os recebia e era ela que toda essa gente esperava e desesperava por ver depois duma longa travessia. A que vinha toda essa gente? Todos esses Europeus – que, então, não olhavam desdenhosamente a América? Procuravam-na. Procuravam-na a Ela, a Liberdade. Podiam não ter lido e nunca ter ouvido falar dos Iluministas franceses e alemães, dos liberais ingleses ou dos revolucionários russos. Mas era a Liberdade que eles queriam.Queriam a liberdade de não morrer de fome, a liberdade de enriquecer, a liberdade de adorar o seu Deus, a liberdade de não adorar Deus nenhum, a liberdade de ler, escrever e ver. Ontem a Estátua da Liberdade foi assobiada num país que viveu quarenta anos em ditadura. Uma ditadura que não foi feroz como outras europeias. Não precisou de o ser.Há alturas em que os assobios são zurros. As cadeias quebradas aos pés da Estátua da Liberdade

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