Em Defesa do Benfica: Como ele dizimou os nossos presidentes

27-05-2011
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OPINIÃO           É importante perceber como chegámos à situação actual, passando de Clube dominador para emblema dominado, e não é só no futebol.

Há que aproveitar esta paragem, entre 2010/11 e 2011/12 para reflectir sobre as nossas fraquezas..

 DefesoEsta parte do ano em que não há jogos foi durante muito tempo conhecida por “Defeso”. Num tempo em que, quem trabalhava não tinha direito a férias, as competições de futebol paravam no Verão (devido ao calor abrasador), se bem que os futebolistas continuassem a trabalhar nos seus empregos. Para os adeptos era um período de pausa, onde se fazia o balanço da época anterior e se perspectivava a temporada seguinte. Nos clubes os dirigentes, corrigiam o que não esteve bem, procurando que a temporada seguinte fosse melhor.
 Que critérios para comparar presidentes?São os clubes que conquistam as vitórias, os títulos e troféus, não são os presidentes. Se bem que estes sejam importantes para criarem as condições do sucesso. Com a chegada de Pinto da Costa (PdC), o portismo teve necessidade de estabelecer um antes e um depois, para dar a entender que só depois de PdC o FC Porto é vencedor, mesmo “branquendo” a história. Para permitir comparações com alguém que tomou posse, como presidente da Direcção do FCP, em 22 de Abril de 1982, e se mantém até hoje nas mesmas funções, estabelece-se que as comparações com mandatos presidenciais do SLB, fazem-se em função da data de conquista do respectivo título ou troféu oficial, e de quem estava na presidência da Direcção do SLB nessa data.
Que clubes antes de 1982/83?Quando PdC tomou posse como presidente da Direcção do FCP a diferença, entre FCP e “Glorioso” era abissal. O Benfica conquistara 24 Nacionais (mais 17 que os 7 do FCP), 20 Taças de Portugal (mais 12 que as 8 do FCP), 1 Supertaça (tantas quantas as do FCP) e 2 TCCE (o FCP tinha 0). Mesmo, nas últimas dez temporadas, entre 1972/73 e 1981/82, o SLB tinha conquistado oito troféus (incluíndo 5 Nacionais) enquanto o FCP obtivera 5 (apenas dois Nacionais).
Troféus Oficiais (últimas dez épocas)1972/73 a 1981/82
ClubeTOTC.º Nac.T.P.S.T.
SLB8521
SCP8341
FCP5221

Durante a presidência de Fernando Martins vai esbater-se a superioridade do SLB em relação ao FC Porto. O Benfica que nos últimos anos conquistava o “dobro” passa a conquistar “o mesmo”. Iniciava-se a queda progressiva, com os títulos e troféus oficiais a minguarem para o nosso lado. Ainda há equilíbrio, mas justificado por que antes havia uma diferença abismal. O grande conquistador SLB já conquista menos...

Fernando Martins (1917 // 94 anos)

Presidência de Fernando Martins (durante a presidência de Pinto da Costa)
CompetiçõesDif.
Total1982/831983/841984/851985/861986/87Dif.
Total
C.º Nacional(+ 17)SLBSLBFCPFCP(1)(+ 17)
T. Portugal(+ 12)SLBFCPSLBSLB(2)(+ 14)
Supertaça(  =  )SCPFCPSLBFCPFCP(-   2)
TCCE(+  2)--------(3)( + 2 )
Total(+ 31)

6 - 6

Último dia na presidência: 3 de Abril de 1987
(1)             SLB Campeão Nacional em 24 de Maio de 1987(2)            SLB Vencedor da T.P. em 7 de Junho de 1987(3)            FCP Campeão Europeu em 27 de Maio de 1987
O início das dificuldadesOs três mandatos bienais (desde 1981) de Fernando Martins terminam com este a perder a reeleição, em 1987, devido à preocupação dos associados do SLB face a duas situações: aos media provocadores e às conquistas alheias. Estas porque os sócios do SLB previam que 1986/87 iria terminar em grande para o FCP e PdC – inédito tricampeonato e inédita Taça dos Campeões. Só esta última se confirmaria, pois para conquistar esta (mesmo numa temporada em que os clubes ingleses – os melhores da Europa – estavam proibidos de participar) o FCP teve de abdicar do Nacional. Não tinha capacidade para estar nas duas frentes, dando prioridade à TCCE em detrimento do Tricampeonato. Mas, também os media eram cáusticos com Fernando Martins atribuindo-lhe dois “defeitos”: Só se preocupava/ só percebia de “tijolos e betão” deixando que o Benfica perdesse a hegemonia do futebol português e construíra um grande estádio para ficar vazio – Grande Estádio, Pequenas Equipas e Futebolistas sem classe. Tudo isto contribuiu para que perdesse as eleições.

Estender-lhe o tapete, para ele nos fazer a camaAinda hoje, Fernando Martins não percebe que PdC lhe “comeu as papas na cabeça”. A ele e ao Benfica, de que foi ilustre presidente. No futuro, o enfraquecimento do Benfica, a acontecer, significará também o apagamento mediatico de Fernando Martins da história do futebol português. Quanto mais forte é um clube, mais luzidia é a sua história e mais destaque têm os que melhor o serviram. O tempo é implacável. Dos fracos não reza a história (mesmo que em tempos tenham sido importantes). Lembrem-se do Atlético CP, Oriental (COL), CF “Os Belenenses” ou Sporting CP, entre outros. E dos seus ilustres (porque os tiveram nos seus tempos áureos) dirigentes e futebolistas. Quem lhes liga... hoje!?
A “herança de conquistas” que Fernando Martins deixou para o presidente seguinte, foi pior do que aquela que recebeu. E assim será, como se constatará, para as sucessivas presidencias.
Alberto Miguéns


OPINIÃO           É importante perceber como chegámos à situação actual, passando de Clube dominador para emblema dominado, e não é só no futebol.

Há que aproveitar esta paragem, entre 2010/11 e 2011/12 para reflectir sobre as nossas fraquezas..

 DefesoEsta parte do ano em que não há jogos foi durante muito tempo conhecida por “Defeso”. Num tempo em que, quem trabalhava não tinha direito a férias, as competições de futebol paravam no Verão (devido ao calor abrasador), se bem que os futebolistas continuassem a trabalhar nos seus empregos. Para os adeptos era um período de pausa, onde se fazia o balanço da época anterior e se perspectivava a temporada seguinte. Nos clubes os dirigentes, corrigiam o que não esteve bem, procurando que a temporada seguinte fosse melhor.
 Que critérios para comparar presidentes?São os clubes que conquistam as vitórias, os títulos e troféus, não são os presidentes. Se bem que estes sejam importantes para criarem as condições do sucesso. Com a chegada de Pinto da Costa (PdC), o portismo teve necessidade de estabelecer um antes e um depois, para dar a entender que só depois de PdC o FC Porto é vencedor, mesmo “branquendo” a história. Para permitir comparações com alguém que tomou posse, como presidente da Direcção do FCP, em 22 de Abril de 1982, e se mantém até hoje nas mesmas funções, estabelece-se que as comparações com mandatos presidenciais do SLB, fazem-se em função da data de conquista do respectivo título ou troféu oficial, e de quem estava na presidência da Direcção do SLB nessa data.
Que clubes antes de 1982/83?Quando PdC tomou posse como presidente da Direcção do FCP a diferença, entre FCP e “Glorioso” era abissal. O Benfica conquistara 24 Nacionais (mais 17 que os 7 do FCP), 20 Taças de Portugal (mais 12 que as 8 do FCP), 1 Supertaça (tantas quantas as do FCP) e 2 TCCE (o FCP tinha 0). Mesmo, nas últimas dez temporadas, entre 1972/73 e 1981/82, o SLB tinha conquistado oito troféus (incluíndo 5 Nacionais) enquanto o FCP obtivera 5 (apenas dois Nacionais).
Troféus Oficiais (últimas dez épocas)1972/73 a 1981/82
ClubeTOTC.º Nac.T.P.S.T.
SLB8521
SCP8341
FCP5221

Durante a presidência de Fernando Martins vai esbater-se a superioridade do SLB em relação ao FC Porto. O Benfica que nos últimos anos conquistava o “dobro” passa a conquistar “o mesmo”. Iniciava-se a queda progressiva, com os títulos e troféus oficiais a minguarem para o nosso lado. Ainda há equilíbrio, mas justificado por que antes havia uma diferença abismal. O grande conquistador SLB já conquista menos...

Fernando Martins (1917 // 94 anos)

Presidência de Fernando Martins (durante a presidência de Pinto da Costa)
CompetiçõesDif.
Total1982/831983/841984/851985/861986/87Dif.
Total
C.º Nacional(+ 17)SLBSLBFCPFCP(1)(+ 17)
T. Portugal(+ 12)SLBFCPSLBSLB(2)(+ 14)
Supertaça(  =  )SCPFCPSLBFCPFCP(-   2)
TCCE(+  2)--------(3)( + 2 )
Total(+ 31)

6 - 6

Último dia na presidência: 3 de Abril de 1987
(1)             SLB Campeão Nacional em 24 de Maio de 1987(2)            SLB Vencedor da T.P. em 7 de Junho de 1987(3)            FCP Campeão Europeu em 27 de Maio de 1987
O início das dificuldadesOs três mandatos bienais (desde 1981) de Fernando Martins terminam com este a perder a reeleição, em 1987, devido à preocupação dos associados do SLB face a duas situações: aos media provocadores e às conquistas alheias. Estas porque os sócios do SLB previam que 1986/87 iria terminar em grande para o FCP e PdC – inédito tricampeonato e inédita Taça dos Campeões. Só esta última se confirmaria, pois para conquistar esta (mesmo numa temporada em que os clubes ingleses – os melhores da Europa – estavam proibidos de participar) o FCP teve de abdicar do Nacional. Não tinha capacidade para estar nas duas frentes, dando prioridade à TCCE em detrimento do Tricampeonato. Mas, também os media eram cáusticos com Fernando Martins atribuindo-lhe dois “defeitos”: Só se preocupava/ só percebia de “tijolos e betão” deixando que o Benfica perdesse a hegemonia do futebol português e construíra um grande estádio para ficar vazio – Grande Estádio, Pequenas Equipas e Futebolistas sem classe. Tudo isto contribuiu para que perdesse as eleições.

Estender-lhe o tapete, para ele nos fazer a camaAinda hoje, Fernando Martins não percebe que PdC lhe “comeu as papas na cabeça”. A ele e ao Benfica, de que foi ilustre presidente. No futuro, o enfraquecimento do Benfica, a acontecer, significará também o apagamento mediatico de Fernando Martins da história do futebol português. Quanto mais forte é um clube, mais luzidia é a sua história e mais destaque têm os que melhor o serviram. O tempo é implacável. Dos fracos não reza a história (mesmo que em tempos tenham sido importantes). Lembrem-se do Atlético CP, Oriental (COL), CF “Os Belenenses” ou Sporting CP, entre outros. E dos seus ilustres (porque os tiveram nos seus tempos áureos) dirigentes e futebolistas. Quem lhes liga... hoje!?
A “herança de conquistas” que Fernando Martins deixou para o presidente seguinte, foi pior do que aquela que recebeu. E assim será, como se constatará, para as sucessivas presidencias.
Alberto Miguéns

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