Malta da Tropa que curte Bola: Quo vadis, FC Porto?

15-10-2009
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O jogo e o resultado registados na noite de ontem no Dragão fizeram-me regressar a uma teoria que há alguns anos fermenta na minha cabeça: o ciclo dominador do FC Porto está a acabar. Depois de conquistado o famoso penta, em 1998/99, o clube portuense começou a entrar numa curva descendente, que parece estar a acentuar-se. Não, não me esqueci dos dois campeonatos recentes, da Taça UEFA, da Liga dos Campeões... Claro que eu sei que foi nesta fase que eu apelido de descendente que os dragões viveram, provavelmente, os dois melhores anos da sua história. Mas isso não serve de exemplo, pois neste caso aplica-se uma nova versão do provérbio inventado por Mário Wilson (quem treina o Benfica arrisca-se a ser campeão). A nova versão será: quem é treinado por José Mourinho arrisca-se a ser campeão.Não restam dúvidas nenhumas que o grande FC Porto de 2002/04 é uma obra do “special one” e que qualquer outro treinador não teria conquistado o que ele conquistou. Senão vejamos a diferença de rendimento de alguns jogadores durante e depois de terem estado às ordens do setubalense mais famoso do Mundo: Jorge Costa, Nuno Valente, Ricardo Costa, Maniche, Costinha, Derlei, McCarthy, entre outros. Todos eles baixaram o nível das suas exibições (no FCP, na selecção ou nos clubes para os quais se tenham transferido) depois da saída de Mourinho. Tirando Paulo Ferreira e Ricardo Carvalho, ainda hoje orientados por Big José, apenas Deco se manteve ao mesmo nível, tanto no Barcelona como na selecção. Possivelmente, nem mesmo John Terry, Frank Lampard e Didier Drogba, por exemplo, serão o que são hoje se deixarem de ter Mourinho a orientá-los. O futuro o dirá.Voltando à vaca fria, recordo que, a seguir ao penta, em 1999, o FC Porto teve um jejum de campeonatos de três anos, o que não acontecia desde 1984. Nesses 15 anos, os dragões nunca estiveram mais de um ano sem saborear o título principal do nosso futebol. Fernando Santos ficou na história por ter conquistado o penta (na realidade, Bobby Robson e António Oliveira tiveram mais mérito, pois venceram dois campeonatos cada um), mas também por, nos restantes dois anos que trabalhou nas Antas, ter perdido dois campeonatos seguidos. Em 1999/2000 perdeu para o Sporting na última jornada, ficando a quatro pontos do campeão. No ano seguinte foi derrotado pelo Boavista, terminando a prova a um ponto do inédito campeão. Ambas as épocas foram, no entanto, douradas pela conquista da Taça de Portugal. A época 2001/02 representou mais um (ou dois) degraus na descida de nível do FCP. Por um lado, pela primeira vez em muitos anos, não lutou pelo título até ao fim. Os dragões terminaram a prova em terceiro lugar, a sete pontos do campeão Sporting e a dois do vice Boavista. De facto, só na última jornada o FC Porto garantiu a presença na Taça UEFA, que, aliás, acabou por vencer no ano seguinte. O outro degrau descido prendeu-se com o “mérito” de pela primeira vez desde 1988/89 (13 anos antes), os dragões não terem vencido qualquer troféu numa temporada (Campeonato, Taça ou Supertaça). Mas nem tudo foi mau, pois foi nesta temporada, já na segunda volta, que José Mourinho chegou às Antas, substituindo o cada vez mais mal-amado Octávio Machado. O resto, é história.A época transacta deu a sensação de ter decorrido logo a seguir à de 2001/02. Tirando um ou outro jogo em que houve superação (Sporting no Dragão, Benfica na Luz, mas sobretudo CSKA em Moscovo e Chelsea no Dragão), o FC Porto nada mostrou da equipa que tinha maravilhado a Europa poucos meses antes. Eliminado na Taça à primeira, na Liga dos Campeões nos oitavos-de-final, apenas conseguiu lutar pelo campeonato até ao último dia, embora sem grandes esperanças. E mesmo aí, não cumpriu a sua obrigação. 24 pontos perdidos em casa (incluindo um escandaloso 0-4 frente ao Nacional), apenas 39 golos apontados e 62 pontos conquistados são números negativamente esclarecedores e só o facto de termos tido o campeão nacional mais fraco de sempre (como demonstrei em posta anterior) permitiu aos dragões terem ficado perto do título.Esta época parecia que não ia ter nada a ver com a anterior. Muitos e bons reforços foram contratados e até o treinador, apesar de ter quase 60 anos e nenhum título conquistado, foi acolhido como, finalmente, um substituto à altura de Mourinho. Pois bem, depois de uma quantidade cada vez mais apreciável de desaires, Co Adriaanse parece-se cada vez mais com José Peseiro, principalmente o da época passada. Só se pensa no “processo ofensivo”, que se lixe o “processo defensivo”. Resultado: às vezes marca-se mais do que se sofre, outras vezes sofre-se mais do que se marca. Daí que o FC Porto parece, tal como o Sporting do ano passado, um grande candidato à obtenção de muitas e boas vitórias morais.Outra situação explica o que se passa no Dragão. Com muito dinheiro nos bolsos, o FC Porto tem vindo a investir em cada vez mais estrelas, quando todos sabemos que o clube tem conquistado as suas grandes vitórias com base em equipas sobretudo operárias, abrilhantadas por uma ou outra estrela. Madjer e Deco são exemplos dessas estrelas, com a particularidade de serem reveladas ao Mundo com a camisola azul-e-branca e não contratadas já com esse estatuto. Ora é isso que se está a perder cada vez mais no Dragão. Olhando para o jogo de ontem, vemos que no onze titular apenas surgia uma grande referência do clube, precisamente na baliza. Com o afastamento de Jorge Costa, a equipa de campo fica sem referência e daí ao disparate é um passo, como ontem mostraram Ricardo Costa, Bruno Alves e outros.Concluindo: parece-me que o ciclo glorioso do FCP está a terminar. O que acaba por ser normal e lógico, visto que o mesmo aconteceu ao Sporting, depois dos anos 40 e 50, e ao Benfica, depois das décadas de 60, 70 e até de 80. Pela lógica, seria o Sporting a iniciar agora o seu período de vitórias, no qual cheguei a acreditar depois dos títulos de 2000 e 2002. Mas no futebol é difícil haver milagres e com incompetência não se vai a lado nenhum. Daí que pense que é o Benfica quem tem melhores condições para atingir novamente o domínio do futebol lusitano. É triste (para mim, pelo menos), mas é verdade.

O jogo e o resultado registados na noite de ontem no Dragão fizeram-me regressar a uma teoria que há alguns anos fermenta na minha cabeça: o ciclo dominador do FC Porto está a acabar. Depois de conquistado o famoso penta, em 1998/99, o clube portuense começou a entrar numa curva descendente, que parece estar a acentuar-se. Não, não me esqueci dos dois campeonatos recentes, da Taça UEFA, da Liga dos Campeões... Claro que eu sei que foi nesta fase que eu apelido de descendente que os dragões viveram, provavelmente, os dois melhores anos da sua história. Mas isso não serve de exemplo, pois neste caso aplica-se uma nova versão do provérbio inventado por Mário Wilson (quem treina o Benfica arrisca-se a ser campeão). A nova versão será: quem é treinado por José Mourinho arrisca-se a ser campeão.Não restam dúvidas nenhumas que o grande FC Porto de 2002/04 é uma obra do “special one” e que qualquer outro treinador não teria conquistado o que ele conquistou. Senão vejamos a diferença de rendimento de alguns jogadores durante e depois de terem estado às ordens do setubalense mais famoso do Mundo: Jorge Costa, Nuno Valente, Ricardo Costa, Maniche, Costinha, Derlei, McCarthy, entre outros. Todos eles baixaram o nível das suas exibições (no FCP, na selecção ou nos clubes para os quais se tenham transferido) depois da saída de Mourinho. Tirando Paulo Ferreira e Ricardo Carvalho, ainda hoje orientados por Big José, apenas Deco se manteve ao mesmo nível, tanto no Barcelona como na selecção. Possivelmente, nem mesmo John Terry, Frank Lampard e Didier Drogba, por exemplo, serão o que são hoje se deixarem de ter Mourinho a orientá-los. O futuro o dirá.Voltando à vaca fria, recordo que, a seguir ao penta, em 1999, o FC Porto teve um jejum de campeonatos de três anos, o que não acontecia desde 1984. Nesses 15 anos, os dragões nunca estiveram mais de um ano sem saborear o título principal do nosso futebol. Fernando Santos ficou na história por ter conquistado o penta (na realidade, Bobby Robson e António Oliveira tiveram mais mérito, pois venceram dois campeonatos cada um), mas também por, nos restantes dois anos que trabalhou nas Antas, ter perdido dois campeonatos seguidos. Em 1999/2000 perdeu para o Sporting na última jornada, ficando a quatro pontos do campeão. No ano seguinte foi derrotado pelo Boavista, terminando a prova a um ponto do inédito campeão. Ambas as épocas foram, no entanto, douradas pela conquista da Taça de Portugal. A época 2001/02 representou mais um (ou dois) degraus na descida de nível do FCP. Por um lado, pela primeira vez em muitos anos, não lutou pelo título até ao fim. Os dragões terminaram a prova em terceiro lugar, a sete pontos do campeão Sporting e a dois do vice Boavista. De facto, só na última jornada o FC Porto garantiu a presença na Taça UEFA, que, aliás, acabou por vencer no ano seguinte. O outro degrau descido prendeu-se com o “mérito” de pela primeira vez desde 1988/89 (13 anos antes), os dragões não terem vencido qualquer troféu numa temporada (Campeonato, Taça ou Supertaça). Mas nem tudo foi mau, pois foi nesta temporada, já na segunda volta, que José Mourinho chegou às Antas, substituindo o cada vez mais mal-amado Octávio Machado. O resto, é história.A época transacta deu a sensação de ter decorrido logo a seguir à de 2001/02. Tirando um ou outro jogo em que houve superação (Sporting no Dragão, Benfica na Luz, mas sobretudo CSKA em Moscovo e Chelsea no Dragão), o FC Porto nada mostrou da equipa que tinha maravilhado a Europa poucos meses antes. Eliminado na Taça à primeira, na Liga dos Campeões nos oitavos-de-final, apenas conseguiu lutar pelo campeonato até ao último dia, embora sem grandes esperanças. E mesmo aí, não cumpriu a sua obrigação. 24 pontos perdidos em casa (incluindo um escandaloso 0-4 frente ao Nacional), apenas 39 golos apontados e 62 pontos conquistados são números negativamente esclarecedores e só o facto de termos tido o campeão nacional mais fraco de sempre (como demonstrei em posta anterior) permitiu aos dragões terem ficado perto do título.Esta época parecia que não ia ter nada a ver com a anterior. Muitos e bons reforços foram contratados e até o treinador, apesar de ter quase 60 anos e nenhum título conquistado, foi acolhido como, finalmente, um substituto à altura de Mourinho. Pois bem, depois de uma quantidade cada vez mais apreciável de desaires, Co Adriaanse parece-se cada vez mais com José Peseiro, principalmente o da época passada. Só se pensa no “processo ofensivo”, que se lixe o “processo defensivo”. Resultado: às vezes marca-se mais do que se sofre, outras vezes sofre-se mais do que se marca. Daí que o FC Porto parece, tal como o Sporting do ano passado, um grande candidato à obtenção de muitas e boas vitórias morais.Outra situação explica o que se passa no Dragão. Com muito dinheiro nos bolsos, o FC Porto tem vindo a investir em cada vez mais estrelas, quando todos sabemos que o clube tem conquistado as suas grandes vitórias com base em equipas sobretudo operárias, abrilhantadas por uma ou outra estrela. Madjer e Deco são exemplos dessas estrelas, com a particularidade de serem reveladas ao Mundo com a camisola azul-e-branca e não contratadas já com esse estatuto. Ora é isso que se está a perder cada vez mais no Dragão. Olhando para o jogo de ontem, vemos que no onze titular apenas surgia uma grande referência do clube, precisamente na baliza. Com o afastamento de Jorge Costa, a equipa de campo fica sem referência e daí ao disparate é um passo, como ontem mostraram Ricardo Costa, Bruno Alves e outros.Concluindo: parece-me que o ciclo glorioso do FCP está a terminar. O que acaba por ser normal e lógico, visto que o mesmo aconteceu ao Sporting, depois dos anos 40 e 50, e ao Benfica, depois das décadas de 60, 70 e até de 80. Pela lógica, seria o Sporting a iniciar agora o seu período de vitórias, no qual cheguei a acreditar depois dos títulos de 2000 e 2002. Mas no futebol é difícil haver milagres e com incompetência não se vai a lado nenhum. Daí que pense que é o Benfica quem tem melhores condições para atingir novamente o domínio do futebol lusitano. É triste (para mim, pelo menos), mas é verdade.

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