O Monárquico: O Anonimato na Internet e as Regras de Conduta

20-05-2011
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A internet é o espaço propício para a liberdade de opinião e discussão livre. O problema é quando esta não é exercida correctamente. A questão é complexa, não é apenas de formação ou educação, é também da inexistência de exemplos: como se pode exigir civismo quando o próprio Parlamento, por exemplo, é tantas vezes palco de desrespeito, quando os líderes políticos recorrem ao ataque pessoal para atingir os seus objectivos, quando os altos dignatários da Nação não têm, muitas vezes, qualquer espécie de contenção no discurso?

Por outro lado, toda a gente tem direito à reserva da vida privada; por exemplo, não preciso saber se o Sr. José Sócrates, primeiro-ministro e governante do país, é casado ou não, o que faz nos Sábados à noite ou quem são os seus melhores amigos. E há outro direito, ainda mais sagrado, à privacidade da vida familiar; por exemplo, não preciso saber que o Sr. José Silva, autor de blogue e simpatizante bloquista, tem uma filha e como esta se chama, ou que idade tem. Há quem se defenda de abusos escondendo a identidade. Mas há muitas formas de anonimato: o anonimato de quem quer provocar e ficar impune perante o que quer que seja (e que é evidentemente absolutamente condenável); o anonimato de quem quer discutir e opinar saudavelmente, mas que não quer revelar a identidade (e que é uma opção respeitável); o anonimato de quem utiliza dados e informações, parcial ou totalmente falsos (e que é provavelmente a forma mais mesquinha e condenável de participação). Mas isto nem sempre é tão claro como parece. Eu próprio já fui acusado de anonimato quando nem me passava pela cabeça tal ideia: tinha um grupo no facebook sem privacidade, anunciado aqui e que era administrado por mim próprio, onde tinha os meus contactos; vários sites remetiam para este blogue, onde era apresentado o meu nome e a minha fotografia; muitos dos artigos e discussões nas caixas de comentários eram assinados. Mudei a minha forma de estar, mas acima de tudo foi uma oportunidade de aprender e conhecer os dois lados, respeitando os vários pontos de vista.

Estou na internet desde o seu início, por isso já passei por muito e aprendi ainda mais, com a observação e com os erros. Fiquei a saber, por exemplo, que a militância monárquica é completamente desrespeitada e troçada, vítima de preconceitos ridículos – o que, por si só, é um enorme obstáculo à tal liberdade de expressão e respeito pela diferença. Onde quer que se fale publicamente sobre a Monarquia, haverá sempre uma piadola, uma insinuação ou um insulto, não importando se é um ataque às crenças profundas e valores fundamentais de um ser humano. E isto é repugnante. Depois há que atentar à qualidade dos comentários e da discussão (por exemplo, a certa altura tive de colocar caixa de comentários moderada neste blogue). É natural que quando haja boa-vontade entre as partes, se consiga um proveitoso, frutífero e prazeroso diálogo ente todos os envolvidos. O problema é que isto é pouco frequente na internet e acontece mais em círculos fechados onde as pessoas se conhecem melhor e há maior controlo sobre os participantes. Normalmente, nas caixas de comentários e redes sociais, o que infelizmente acontece é a tentativa repetida de ironizar e provocar, principalmente através do humor duvidoso que apenas pretende humilhar o próximo. Quem nunca pecou que atire a primeira pedra, mas toda a gente tem a sua sensibilidade natural e há muita coisa que me choca, quando a outros pode não provocar reacção. É certo que os utilizadores estão cada vez mais prevenidos para esta situação e que normalmente ignoram ou bloqueiam quem os aborrece. Mas quando tal não é possível há sempre grandes discussões com recurso ao palavrão e insulto fácil, onde é denominador comum a dificuldade de distinguir a vítima do agressor.

O amadurecimento da internet, das redes sociais e do bom senso nas regras de conduta, irá fazer com que os grupos de discussão e sociabilização sejam cada vez mais exclusivos, dificultando a participação universal dos utilizadores. Mas é o preço a pagar pelo equilíbrio entre a anarquia e a ditadura do controlo dos comportamentos on-line. O tempo trará mais justiça e solidariedade, mas é difícil exigir civismo e bom senso quando o ambiente familiar, profissional ou pessoal dos utilizadores é naturalmente conflituoso, exagerado e implicativo; é difícil pedir respeito quando as pessoas têm uma tendência natural para serem irónicas e sarcásticas; é muito complicado pedir que as pessoas sejam “aqui” o que não são “lá fora”. Mas isto não desculpa comportamentos, pelo contrário, já que a internet é uma continuação da vida real e não deve ser criada a ideia de um espaço virtual onde tudo é permitido. Mas tudo isto ainda é muito novo e há situações muito mais problemáticas que devem ser resolvidas em primeiro lugar, como o livre acesso a conteúdos chocantes, a universalidade e normalidade da banalização de desvios de comportamento sexual, o comércio ilegal e a ridicularização dos direitos de autor.


A internet é o espaço propício para a liberdade de opinião e discussão livre. O problema é quando esta não é exercida correctamente. A questão é complexa, não é apenas de formação ou educação, é também da inexistência de exemplos: como se pode exigir civismo quando o próprio Parlamento, por exemplo, é tantas vezes palco de desrespeito, quando os líderes políticos recorrem ao ataque pessoal para atingir os seus objectivos, quando os altos dignatários da Nação não têm, muitas vezes, qualquer espécie de contenção no discurso?

Por outro lado, toda a gente tem direito à reserva da vida privada; por exemplo, não preciso saber se o Sr. José Sócrates, primeiro-ministro e governante do país, é casado ou não, o que faz nos Sábados à noite ou quem são os seus melhores amigos. E há outro direito, ainda mais sagrado, à privacidade da vida familiar; por exemplo, não preciso saber que o Sr. José Silva, autor de blogue e simpatizante bloquista, tem uma filha e como esta se chama, ou que idade tem. Há quem se defenda de abusos escondendo a identidade. Mas há muitas formas de anonimato: o anonimato de quem quer provocar e ficar impune perante o que quer que seja (e que é evidentemente absolutamente condenável); o anonimato de quem quer discutir e opinar saudavelmente, mas que não quer revelar a identidade (e que é uma opção respeitável); o anonimato de quem utiliza dados e informações, parcial ou totalmente falsos (e que é provavelmente a forma mais mesquinha e condenável de participação). Mas isto nem sempre é tão claro como parece. Eu próprio já fui acusado de anonimato quando nem me passava pela cabeça tal ideia: tinha um grupo no facebook sem privacidade, anunciado aqui e que era administrado por mim próprio, onde tinha os meus contactos; vários sites remetiam para este blogue, onde era apresentado o meu nome e a minha fotografia; muitos dos artigos e discussões nas caixas de comentários eram assinados. Mudei a minha forma de estar, mas acima de tudo foi uma oportunidade de aprender e conhecer os dois lados, respeitando os vários pontos de vista.

Estou na internet desde o seu início, por isso já passei por muito e aprendi ainda mais, com a observação e com os erros. Fiquei a saber, por exemplo, que a militância monárquica é completamente desrespeitada e troçada, vítima de preconceitos ridículos – o que, por si só, é um enorme obstáculo à tal liberdade de expressão e respeito pela diferença. Onde quer que se fale publicamente sobre a Monarquia, haverá sempre uma piadola, uma insinuação ou um insulto, não importando se é um ataque às crenças profundas e valores fundamentais de um ser humano. E isto é repugnante. Depois há que atentar à qualidade dos comentários e da discussão (por exemplo, a certa altura tive de colocar caixa de comentários moderada neste blogue). É natural que quando haja boa-vontade entre as partes, se consiga um proveitoso, frutífero e prazeroso diálogo ente todos os envolvidos. O problema é que isto é pouco frequente na internet e acontece mais em círculos fechados onde as pessoas se conhecem melhor e há maior controlo sobre os participantes. Normalmente, nas caixas de comentários e redes sociais, o que infelizmente acontece é a tentativa repetida de ironizar e provocar, principalmente através do humor duvidoso que apenas pretende humilhar o próximo. Quem nunca pecou que atire a primeira pedra, mas toda a gente tem a sua sensibilidade natural e há muita coisa que me choca, quando a outros pode não provocar reacção. É certo que os utilizadores estão cada vez mais prevenidos para esta situação e que normalmente ignoram ou bloqueiam quem os aborrece. Mas quando tal não é possível há sempre grandes discussões com recurso ao palavrão e insulto fácil, onde é denominador comum a dificuldade de distinguir a vítima do agressor.

O amadurecimento da internet, das redes sociais e do bom senso nas regras de conduta, irá fazer com que os grupos de discussão e sociabilização sejam cada vez mais exclusivos, dificultando a participação universal dos utilizadores. Mas é o preço a pagar pelo equilíbrio entre a anarquia e a ditadura do controlo dos comportamentos on-line. O tempo trará mais justiça e solidariedade, mas é difícil exigir civismo e bom senso quando o ambiente familiar, profissional ou pessoal dos utilizadores é naturalmente conflituoso, exagerado e implicativo; é difícil pedir respeito quando as pessoas têm uma tendência natural para serem irónicas e sarcásticas; é muito complicado pedir que as pessoas sejam “aqui” o que não são “lá fora”. Mas isto não desculpa comportamentos, pelo contrário, já que a internet é uma continuação da vida real e não deve ser criada a ideia de um espaço virtual onde tudo é permitido. Mas tudo isto ainda é muito novo e há situações muito mais problemáticas que devem ser resolvidas em primeiro lugar, como o livre acesso a conteúdos chocantes, a universalidade e normalidade da banalização de desvios de comportamento sexual, o comércio ilegal e a ridicularização dos direitos de autor.

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