O Monárquico

03-08-2010
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Irmã LúciaA Irmã Lúcia já não está entre nós. Partiu. Muitos devotos anseiam já pela sua santificação. Ora, conforme determina a Igreja, para tal é indispensável a ocorrência de vários milagres atribuíveis à sua intercessão. Só assim a saudosa memória da falecida Irmã logrará o estatuto suspirado por tantos fervorosos crentes. É pois compreensível que tantas almas católicas sondem o mundo e os eventos em seu redor na busca persistente do tão suspirado milagre (ainda que vários milagres sejam exigíveis, um primeiro será certamente um bom prenúncio).Pois bem, não tenho qualquer milagre para comunicar, mas ainda assim posso transmitir uma notícia reconfortante. É a de que afinal não estão sozinhos.Fiquei a saber no passado dia 20 de Fevereiro que muitos outros portugueses estão também à espera de um milagre. Mas claro que existem diferenças. Para começar, estes últimos crentes não anseiam por milagres de uma alma a caminho de outros céus. Não, nada disso! Os seus santos estão sob este mesmo céu e são mortais iguais a nós. Além disso, tanto quanto é do meu conhecimento, a piedosa e recatada irmã não terá prometido quaisquer milagres para depois do seu esperado encontro com Deus. Atitude essa que nada tem a ver com a dos auto-proclamados milagreiros, que os prometeram nas estradas, nos comícios, nas ruas, em troca de uma simples cruzinha num boletim, desde que assinalada no local correcto, claro.Por isso, caros devotos de Lúcia, vós não estais sozinhos nessa cruzada pelo milagre. E honra vos seja feita, ao menos têm a sensatez de esperar um milagre de alguém que crêem estar junto de Deus e beneficiar do seu poder. E sabiamente compreendem que um milagre não tem prazo nem se faz anunciar. Pode ser já amanhã, como bem pode ser daqui a cinquenta anos. Mas algumas mentes mais modernas, pretensamente mais esclarecidas, esperam uma série de milagres no espaço de quatro anos, vindos dos mesmos santos e santas de carne e osso que já no passado os prometeram. Como é breve a mente humana!Esquecidas estão que o único prodígio digno de registo, nesses tempos de então, foi a rapidez com que essa angelical corte pulou do lusitano altar quando já não mais conseguia equilibrar-se em cima dele.O nosso pequeno e frágil país está agora dominado por uma esquerda que se reapoderou de cargos dos quais se demitiu outrora, reconhecendo-se e assumindo-se, nessa altura, incompetente para continuar a assumi-los. Defensora de uma espécie de neo-socialismo que mais não é do que um capitalismo dos interesses adoçado com populismo. Some-se a ascensão meteórica de uma outra esquerda, extremista, constituída por grupelhos que em tempos ainda mais remotos se distinguiram pelas suas posições anti-clericais e outras preciosidades ideológicas do género. Ainda hoje os espíritos mais atentos detectarão facilmente, no seu discurso, as reminiscências dessa época, quando reivindicam uma democracia à sua medida, protegendo as minorias e insultando as maiorias. Por mera casualidade (digo eu), Lúcia partiu poucos dias antes do escrutínio político. Compreendo perfeitamente que a partida da religiosa mais amada de Portugal e a subida de forças contrárias aos nossos valores mais profundamente enraizados tenha sido um golpe atroz para muitos católicos portugueses. Mas talvez estes vejam as suas aspirações de Fátima atendidas mais brevemente do que esperam. Se o país resistir a este tsunami neo-esquerdista mantendo-se pelo menos tão mau como está, sem piorar, estaremos certamente perante um milagre. E talvez a data do falecimento da Irmã Lúcia não tenha sido casual, ao fim de contas. Quem sabe se entretanto ela não terá intercedido por Portugal? Então, os devotos de Lúcia bem poderão reivindicar esse milagre...João Casagrande


Irmã LúciaA Irmã Lúcia já não está entre nós. Partiu. Muitos devotos anseiam já pela sua santificação. Ora, conforme determina a Igreja, para tal é indispensável a ocorrência de vários milagres atribuíveis à sua intercessão. Só assim a saudosa memória da falecida Irmã logrará o estatuto suspirado por tantos fervorosos crentes. É pois compreensível que tantas almas católicas sondem o mundo e os eventos em seu redor na busca persistente do tão suspirado milagre (ainda que vários milagres sejam exigíveis, um primeiro será certamente um bom prenúncio).Pois bem, não tenho qualquer milagre para comunicar, mas ainda assim posso transmitir uma notícia reconfortante. É a de que afinal não estão sozinhos.Fiquei a saber no passado dia 20 de Fevereiro que muitos outros portugueses estão também à espera de um milagre. Mas claro que existem diferenças. Para começar, estes últimos crentes não anseiam por milagres de uma alma a caminho de outros céus. Não, nada disso! Os seus santos estão sob este mesmo céu e são mortais iguais a nós. Além disso, tanto quanto é do meu conhecimento, a piedosa e recatada irmã não terá prometido quaisquer milagres para depois do seu esperado encontro com Deus. Atitude essa que nada tem a ver com a dos auto-proclamados milagreiros, que os prometeram nas estradas, nos comícios, nas ruas, em troca de uma simples cruzinha num boletim, desde que assinalada no local correcto, claro.Por isso, caros devotos de Lúcia, vós não estais sozinhos nessa cruzada pelo milagre. E honra vos seja feita, ao menos têm a sensatez de esperar um milagre de alguém que crêem estar junto de Deus e beneficiar do seu poder. E sabiamente compreendem que um milagre não tem prazo nem se faz anunciar. Pode ser já amanhã, como bem pode ser daqui a cinquenta anos. Mas algumas mentes mais modernas, pretensamente mais esclarecidas, esperam uma série de milagres no espaço de quatro anos, vindos dos mesmos santos e santas de carne e osso que já no passado os prometeram. Como é breve a mente humana!Esquecidas estão que o único prodígio digno de registo, nesses tempos de então, foi a rapidez com que essa angelical corte pulou do lusitano altar quando já não mais conseguia equilibrar-se em cima dele.O nosso pequeno e frágil país está agora dominado por uma esquerda que se reapoderou de cargos dos quais se demitiu outrora, reconhecendo-se e assumindo-se, nessa altura, incompetente para continuar a assumi-los. Defensora de uma espécie de neo-socialismo que mais não é do que um capitalismo dos interesses adoçado com populismo. Some-se a ascensão meteórica de uma outra esquerda, extremista, constituída por grupelhos que em tempos ainda mais remotos se distinguiram pelas suas posições anti-clericais e outras preciosidades ideológicas do género. Ainda hoje os espíritos mais atentos detectarão facilmente, no seu discurso, as reminiscências dessa época, quando reivindicam uma democracia à sua medida, protegendo as minorias e insultando as maiorias. Por mera casualidade (digo eu), Lúcia partiu poucos dias antes do escrutínio político. Compreendo perfeitamente que a partida da religiosa mais amada de Portugal e a subida de forças contrárias aos nossos valores mais profundamente enraizados tenha sido um golpe atroz para muitos católicos portugueses. Mas talvez estes vejam as suas aspirações de Fátima atendidas mais brevemente do que esperam. Se o país resistir a este tsunami neo-esquerdista mantendo-se pelo menos tão mau como está, sem piorar, estaremos certamente perante um milagre. E talvez a data do falecimento da Irmã Lúcia não tenha sido casual, ao fim de contas. Quem sabe se entretanto ela não terá intercedido por Portugal? Então, os devotos de Lúcia bem poderão reivindicar esse milagre...João Casagrande

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