A propósito do casamento de Felipe de Bourbon Como muita gente em Portugal, também eu vi, na televisão, o casamento de Felipe de Bourbon. Enquanto tal fazia não pude deixar de sentir uma certa inveja de Espanha, por ter uma Família Real normal, com Príncipes afáveis, dignos, perfeitamente capazes de desempenhar as suas funções, o que os torna claramente amados pelo povo espanhol e indiscutíveis, no quadro institucional espanhol. E não pude deixar igualmente de meditar sobre as causas da situação absolutamente inversa que se vive em Portugal. Como é que nós fomos cair na situação de nem sequer podermos ter esperança de ver a Monarquia restaurada em Portugal, ao termos criado a impressão de que a Monarquia estava dependente de pessoas que sabemos muito bem nunca poderem ser aceites pela esmagadora maioria dos portugueses? Que raio de ideia foi essa de nos comportarmos como se a Monarquia fosse uma maldição, e não um quadro institucional que passa necessariamente pela aceitação do Príncipe pelo Povo? A sucessão hereditária, com efeito, nunca foi pensada como uma maneira de condenar um povo a um Rei incapaz, mas como uma maneira de evitar a institucionalização da ambição e de preparar um Príncipe para ser Rei. Mas o princípio da soberania popular nunca esteve ausente da Monarquia portuguesa, normalmente apenas manifestada no acto de aclamação, mas por vezes manifestada em verdadeiro acto de eleição do soberano. Como a Lei de Sucessão expressamente determina, e como na prática aconteceu com D. João I, com D. António I, com D. João IV e com D. Miguel I.
Se quisermos voltar a ter Monarquia em Portugal - como tão necessário seria -, temos de ter um Príncipe que todos reconheçam como sendo capaz de desempenhar as funções reais. Quase 100 anos depois da República ter sido implantada em Portugal, e estando o mais próximo parente do último Rei - a Infanta Dona Maria Adelaide de Bragança - no 8º grau de parentesco com esse Rei, é totalmente descabido para alguém reclamar legítimos direitos de sucessão. Nem tal é permitido pelas Leis de Sucessão. Nos nossos dias não há nem legítimos herdeiros nem sequer legítimos pretendentes. Pelo que deveríamos procurar, entre os muitos descendentes dos Reis de Portugal, aqueles que, pelas suas qualidades, carisma e dedicação, pudessem ser propostos ao País como futuros Reis. E, de entre esses, deveríamos fazer uma escolha a ser concretamente proposta aos portugueses. E o que é curioso é que temos, entre os Príncipes de Bragança, quem tenha as qualidades pessoais, a dedicação pessoal e o carisma não só para serem bons Reis, mas também para serem aceitáveis pelos portugueses. Príncipes que, de nenhuma forma ficam atrás dos Bourbons de Espanha. Só depende de nós procurá-los e propor-lhes servir Portugal.
Enquanto tal não fizermos continuaremos a ver Portugal ser destruído por esta República. E se, em nome de uma fantasia, continuarmos a recusar assumir as nossas responsabilidades de portugueses e monárquicos, seremos co-responsáveis por essa destruição.
Nuno Cardoso da Silva
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A propósito do casamento de Felipe de Bourbon Como muita gente em Portugal, também eu vi, na televisão, o casamento de Felipe de Bourbon. Enquanto tal fazia não pude deixar de sentir uma certa inveja de Espanha, por ter uma Família Real normal, com Príncipes afáveis, dignos, perfeitamente capazes de desempenhar as suas funções, o que os torna claramente amados pelo povo espanhol e indiscutíveis, no quadro institucional espanhol. E não pude deixar igualmente de meditar sobre as causas da situação absolutamente inversa que se vive em Portugal. Como é que nós fomos cair na situação de nem sequer podermos ter esperança de ver a Monarquia restaurada em Portugal, ao termos criado a impressão de que a Monarquia estava dependente de pessoas que sabemos muito bem nunca poderem ser aceites pela esmagadora maioria dos portugueses? Que raio de ideia foi essa de nos comportarmos como se a Monarquia fosse uma maldição, e não um quadro institucional que passa necessariamente pela aceitação do Príncipe pelo Povo? A sucessão hereditária, com efeito, nunca foi pensada como uma maneira de condenar um povo a um Rei incapaz, mas como uma maneira de evitar a institucionalização da ambição e de preparar um Príncipe para ser Rei. Mas o princípio da soberania popular nunca esteve ausente da Monarquia portuguesa, normalmente apenas manifestada no acto de aclamação, mas por vezes manifestada em verdadeiro acto de eleição do soberano. Como a Lei de Sucessão expressamente determina, e como na prática aconteceu com D. João I, com D. António I, com D. João IV e com D. Miguel I.
Se quisermos voltar a ter Monarquia em Portugal - como tão necessário seria -, temos de ter um Príncipe que todos reconheçam como sendo capaz de desempenhar as funções reais. Quase 100 anos depois da República ter sido implantada em Portugal, e estando o mais próximo parente do último Rei - a Infanta Dona Maria Adelaide de Bragança - no 8º grau de parentesco com esse Rei, é totalmente descabido para alguém reclamar legítimos direitos de sucessão. Nem tal é permitido pelas Leis de Sucessão. Nos nossos dias não há nem legítimos herdeiros nem sequer legítimos pretendentes. Pelo que deveríamos procurar, entre os muitos descendentes dos Reis de Portugal, aqueles que, pelas suas qualidades, carisma e dedicação, pudessem ser propostos ao País como futuros Reis. E, de entre esses, deveríamos fazer uma escolha a ser concretamente proposta aos portugueses. E o que é curioso é que temos, entre os Príncipes de Bragança, quem tenha as qualidades pessoais, a dedicação pessoal e o carisma não só para serem bons Reis, mas também para serem aceitáveis pelos portugueses. Príncipes que, de nenhuma forma ficam atrás dos Bourbons de Espanha. Só depende de nós procurá-los e propor-lhes servir Portugal.
Enquanto tal não fizermos continuaremos a ver Portugal ser destruído por esta República. E se, em nome de uma fantasia, continuarmos a recusar assumir as nossas responsabilidades de portugueses e monárquicos, seremos co-responsáveis por essa destruição.
Nuno Cardoso da Silva