O Monárquico

03-08-2010
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Respostas Já calculava que as minhas opiniões deixassem alguns monárquicos um pouco chocados, mas não há nada como um safanão para acordar as pessoas.
O que parece preocupar alguns é o carácter "esquerdista" das minhas afirmações. Para os sossegar devo esclarecer que não sou de esquerda - nem de direita - mas apenas um monárquico tradicionalista que acredita na necessidade da ligação do Rei com o Povo. Mas devo também alertar os meus contraditores para o perigo de pensar que a Monarquia é um conceito de direita, e que ser de direita implica apoiar o sistema capitalista. Nem uma coisa nem outra é verdade.
Referindo-me primeiro ao texto de Rui Araújo devo esclarecer que a subordinação do poder económico ao poder político não tem de passar pelo Estado, uma vez que o poder político a que me refiro é o poder da própria comunidade. Não é ao Estado como estrutura política da comunidade que o poder económico deve estar subordinado, mas ao interesse da comunidade, ou seja, ao bem comum. As cooperativas que proponho como substitutas da estrutura capitalista, não são estruturas estatais, mas sim estruturas comunitárias, da livre iniciativa das pessoas interessadas. Logo, não há contradição. E logo, não estou a propor qualquer "neo-comunismo".
Depois, quando afirmo que "ser-se anti-capitalista implica cada vez mais ser-se monárquico", não estou a dizer que para se ser monárquico se tenha de ser anti-capitalista. Mas se ser monárquico significa ser-se pelo bem comum - sem excluídos - então é mais coerente ser-se também anti-capitalista. Não esqueçamos que quando D. João II decapitou a grande nobreza do seu tempo, estava a destruir o poder oligárquico de então - hoje assumido pelo capital para poder servir a comunidade no seu todo. Obviamente não proponho a solução do cutelo, mas acredito que só neutralizando o grande capital podemos defender o bem comum.
Quanto ao texto de Rodrigo Lobo d'Ávila começo por concordar com a sua reserva quanto ao capital estrangeiro. De facto a luta contra o capital no nosso País tem de ser dirigida em primeiro lugar ao capital indígena, procurando controlar o capital estrangeiro por outras vias que não a imposição do método cooperativo. Por exemplo, já seria possível impor - como se faz na Alemanha - um administrador nomeado pelo factor trabalho (eleito pelos trabalhadores) que defendesse os seus direitos. Reconheço que isto é uma fragilidade da minha proposta, mas como é o capitalismo nacional que funciona como central da oligarquia em Portugal, e não o capital estrangeiro (este só é perigoso porque nos torna dependentes de centros de poder estrangeiros em questões macroeconómicas), talvez a questão não seja assim tão grave. Em segundo lugar a satisfação das necessidades sociais básicas não pode estar dependente de qualquer patamar de desempenho económico. Para dar de comer a toda a gente, para retirar crianças e adultos da situação de sem abrigo, para dar assistência a idosos pobres e sem família, não podemos ficar à espera de um qualquer nível de PIB per capita.
P.S. A referência à ratazana do cano não era pessoal, era dirigida à nossa fragilidade como Estado. O lobo é predador mas é forte. A ratazana do cano é predadora mas alimenta-se de esterco. No capitalismo internacional não podemos ser lobos, mas apenas ratazanas do cano. Logo...
Nuno Cardoso da Silva


Respostas Já calculava que as minhas opiniões deixassem alguns monárquicos um pouco chocados, mas não há nada como um safanão para acordar as pessoas.
O que parece preocupar alguns é o carácter "esquerdista" das minhas afirmações. Para os sossegar devo esclarecer que não sou de esquerda - nem de direita - mas apenas um monárquico tradicionalista que acredita na necessidade da ligação do Rei com o Povo. Mas devo também alertar os meus contraditores para o perigo de pensar que a Monarquia é um conceito de direita, e que ser de direita implica apoiar o sistema capitalista. Nem uma coisa nem outra é verdade.
Referindo-me primeiro ao texto de Rui Araújo devo esclarecer que a subordinação do poder económico ao poder político não tem de passar pelo Estado, uma vez que o poder político a que me refiro é o poder da própria comunidade. Não é ao Estado como estrutura política da comunidade que o poder económico deve estar subordinado, mas ao interesse da comunidade, ou seja, ao bem comum. As cooperativas que proponho como substitutas da estrutura capitalista, não são estruturas estatais, mas sim estruturas comunitárias, da livre iniciativa das pessoas interessadas. Logo, não há contradição. E logo, não estou a propor qualquer "neo-comunismo".
Depois, quando afirmo que "ser-se anti-capitalista implica cada vez mais ser-se monárquico", não estou a dizer que para se ser monárquico se tenha de ser anti-capitalista. Mas se ser monárquico significa ser-se pelo bem comum - sem excluídos - então é mais coerente ser-se também anti-capitalista. Não esqueçamos que quando D. João II decapitou a grande nobreza do seu tempo, estava a destruir o poder oligárquico de então - hoje assumido pelo capital para poder servir a comunidade no seu todo. Obviamente não proponho a solução do cutelo, mas acredito que só neutralizando o grande capital podemos defender o bem comum.
Quanto ao texto de Rodrigo Lobo d'Ávila começo por concordar com a sua reserva quanto ao capital estrangeiro. De facto a luta contra o capital no nosso País tem de ser dirigida em primeiro lugar ao capital indígena, procurando controlar o capital estrangeiro por outras vias que não a imposição do método cooperativo. Por exemplo, já seria possível impor - como se faz na Alemanha - um administrador nomeado pelo factor trabalho (eleito pelos trabalhadores) que defendesse os seus direitos. Reconheço que isto é uma fragilidade da minha proposta, mas como é o capitalismo nacional que funciona como central da oligarquia em Portugal, e não o capital estrangeiro (este só é perigoso porque nos torna dependentes de centros de poder estrangeiros em questões macroeconómicas), talvez a questão não seja assim tão grave. Em segundo lugar a satisfação das necessidades sociais básicas não pode estar dependente de qualquer patamar de desempenho económico. Para dar de comer a toda a gente, para retirar crianças e adultos da situação de sem abrigo, para dar assistência a idosos pobres e sem família, não podemos ficar à espera de um qualquer nível de PIB per capita.
P.S. A referência à ratazana do cano não era pessoal, era dirigida à nossa fragilidade como Estado. O lobo é predador mas é forte. A ratazana do cano é predadora mas alimenta-se de esterco. No capitalismo internacional não podemos ser lobos, mas apenas ratazanas do cano. Logo...
Nuno Cardoso da Silva

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