Teorias da independênciaSinais de esperança na inevitabilidade do nosso grito do Ipiranga – monarquia ou morte - são revelados em "teoria retroactiva" de autor que desconheço. Morte, claro está, por dependência. É um tema capital, que este interregno dá testemunho sempre que lhe surge a oportunidade, e assim será novamente:Como já referi, o Fundador não cuidou de prós e contras quando se decidiu pela independência. Interpretou o sentimento dos que o rodeavam e fez Pátria! Esse pacto original é indestrutível para os que dele se reclamam, e é bom não esquecer que os republicanos sempre o invocaram nas suas diatribes. Por isso o que importa deslindar é se será possível haver Pátria independente sem monarquia portuguesa.Os factos históricos dizem claramente que não. A lenda sebastianista do "Desejado", por muito que a desvalorizem, sejam as "bestas sadias", sejam os "cadáveres adiados que procriam", permanecerão como um grito de independência. E um notável sentimento de fidelidade, que vale por mil doutrinas!O mesmo sentimento, encarnou mais tarde nos restauradores, e nunca teve dúvidas até Évora-Monte. Resistiu ao Liberalismo, aos alvores da República, mas sem Rei ameaça desfalecer.Neste estado nos encontramos, sem saber para onde ir, nem o que fazer! Hoje já não existe a rivalidade com Castela que alimentava um certo nacionalismo; hoje já não temos colónias ou ultramar que, quer queiramos quer não, implicavam um sentimento de posse e de vida em comum; hoje o mar é uma ressonância longínqua e criámos a ideia de que é possível viver melhor dependendo dos outros, no caso a Europa, com passagem obrigatória por Madrid;hoje sofremos o efeito de quase cem anos de propaganda anti-monárquica com reflexos evidentes na mentalidade dos portugueses actuais; hoje era um bom dia para restaurar a monarquia e a independência.Fiz de propósito esta referência a um dia da independência, que em tempos escrevi, porque me parece ser esse o caminho estreito, mas glorioso, que todos teremos que percorrer. Era um apelo ao patriotismo republicano, um acto de contrição pelo enorme erro cometido, que nesse dia se há-de redimir comgrandeza.Nas teorias da independência, não fica mal recordar essa inspiração passageira.Interregno
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Teorias da independênciaSinais de esperança na inevitabilidade do nosso grito do Ipiranga – monarquia ou morte - são revelados em "teoria retroactiva" de autor que desconheço. Morte, claro está, por dependência. É um tema capital, que este interregno dá testemunho sempre que lhe surge a oportunidade, e assim será novamente:Como já referi, o Fundador não cuidou de prós e contras quando se decidiu pela independência. Interpretou o sentimento dos que o rodeavam e fez Pátria! Esse pacto original é indestrutível para os que dele se reclamam, e é bom não esquecer que os republicanos sempre o invocaram nas suas diatribes. Por isso o que importa deslindar é se será possível haver Pátria independente sem monarquia portuguesa.Os factos históricos dizem claramente que não. A lenda sebastianista do "Desejado", por muito que a desvalorizem, sejam as "bestas sadias", sejam os "cadáveres adiados que procriam", permanecerão como um grito de independência. E um notável sentimento de fidelidade, que vale por mil doutrinas!O mesmo sentimento, encarnou mais tarde nos restauradores, e nunca teve dúvidas até Évora-Monte. Resistiu ao Liberalismo, aos alvores da República, mas sem Rei ameaça desfalecer.Neste estado nos encontramos, sem saber para onde ir, nem o que fazer! Hoje já não existe a rivalidade com Castela que alimentava um certo nacionalismo; hoje já não temos colónias ou ultramar que, quer queiramos quer não, implicavam um sentimento de posse e de vida em comum; hoje o mar é uma ressonância longínqua e criámos a ideia de que é possível viver melhor dependendo dos outros, no caso a Europa, com passagem obrigatória por Madrid;hoje sofremos o efeito de quase cem anos de propaganda anti-monárquica com reflexos evidentes na mentalidade dos portugueses actuais; hoje era um bom dia para restaurar a monarquia e a independência.Fiz de propósito esta referência a um dia da independência, que em tempos escrevi, porque me parece ser esse o caminho estreito, mas glorioso, que todos teremos que percorrer. Era um apelo ao patriotismo republicano, um acto de contrição pelo enorme erro cometido, que nesse dia se há-de redimir comgrandeza.Nas teorias da independência, não fica mal recordar essa inspiração passageira.Interregno