Resposta a Nuno Cardoso da Silva Mesmo considerando que aqui estou a fugir ao tema central deste “blog”, gostaria apenas de esclarecer melhor a minha última intervenção, aprofundado determinados pontos de modo a clarificar o que considero essencial.
De facto, no século XIX, o socialista Charles Fourier, para evitar a concorrência que eliminava os fracos, aconselhava a formação dos falanstérios (uma espécie de pequenas sociedades cooperativas onde homens e mulheres, de diferentes estratos e fortunas, seriam retribuídos de forma justa e harmoniosa segundo o seu contributo em capital, trabalho ou talento) e Louis Blanc sugeria a substituição da produção capitalista pela de ateliers sociais, geridos pelos trabalhadores. Também o hoje muito citado Proudhon preconizava uma autêntica
revolução na economia através da criação de associações mútuas, onde todos trabalhariam pondo em comum os frutos do trabalho, organizando a economia sem
luta de classes ou intervenção do Estado.
No entanto, já nesta época, a inviabilidade de tais propostas cedo demonstrou que qualquer alternativa ao modelo capitalista teria que passar, indubitavelmente, pela intervenção, mais ou menos acentuada, do Estado. Não é por acaso que a História nos conduz do socialismo utópico ao socialismo científico de Marx, e não o contrário.
Considerando que a sua análise se afasta da teoria marxista, parece-me (e admito que possa estar errado), contudo, que se aproxima claramente dos primeiros exemplos (modelos assentes em “estruturas comunitárias”). Exemplos esses que, se desadequados à economia do século XIX, nada podem responder perante a complexidade e o carácter global da geoeconomia em que hoje actuamos.
Assim sendo, “ser-se anti-capitalista não implica ser-se monárquico” uma vez que sê-lo, em termos práticos e realistas, pode não implicar ser-se pelo bem comum.
Rui Araújo
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Resposta a Nuno Cardoso da Silva Mesmo considerando que aqui estou a fugir ao tema central deste “blog”, gostaria apenas de esclarecer melhor a minha última intervenção, aprofundado determinados pontos de modo a clarificar o que considero essencial.
De facto, no século XIX, o socialista Charles Fourier, para evitar a concorrência que eliminava os fracos, aconselhava a formação dos falanstérios (uma espécie de pequenas sociedades cooperativas onde homens e mulheres, de diferentes estratos e fortunas, seriam retribuídos de forma justa e harmoniosa segundo o seu contributo em capital, trabalho ou talento) e Louis Blanc sugeria a substituição da produção capitalista pela de ateliers sociais, geridos pelos trabalhadores. Também o hoje muito citado Proudhon preconizava uma autêntica
revolução na economia através da criação de associações mútuas, onde todos trabalhariam pondo em comum os frutos do trabalho, organizando a economia sem
luta de classes ou intervenção do Estado.
No entanto, já nesta época, a inviabilidade de tais propostas cedo demonstrou que qualquer alternativa ao modelo capitalista teria que passar, indubitavelmente, pela intervenção, mais ou menos acentuada, do Estado. Não é por acaso que a História nos conduz do socialismo utópico ao socialismo científico de Marx, e não o contrário.
Considerando que a sua análise se afasta da teoria marxista, parece-me (e admito que possa estar errado), contudo, que se aproxima claramente dos primeiros exemplos (modelos assentes em “estruturas comunitárias”). Exemplos esses que, se desadequados à economia do século XIX, nada podem responder perante a complexidade e o carácter global da geoeconomia em que hoje actuamos.
Assim sendo, “ser-se anti-capitalista não implica ser-se monárquico” uma vez que sê-lo, em termos práticos e realistas, pode não implicar ser-se pelo bem comum.
Rui Araújo