ambio: Boas intenções, inferno e drama

03-08-2010
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Ouvi o comandante Gil Martins, que conheço e por quem tenho respeito, dizer que o problema destes dias de fogos eram as mais de 400 ignições diárias.É uma ideia simples, convincente, mas errada.As ignições registadas pela protecção civil não são as ignições quimicamente consideradas (isto é, o input de energia necessário para desencadear a reacção química exotérmica que caracteriza um incêndio) mas sim as ignições que progrediram o suficiente para serem registadas no sistema.Isto é, as ignições não passam de 100 para quatrocentas em poucos dias. O mais natural é que todos os dias sejam mais ou menos as mesmas, mas em alguns dias rapidamente ganham uma dimensão que as torna adminsitrativamente registáveis.Portanto o problema não é o número de ignições mas o facto delas progredirem facilmente até se tornarem visiveis (por isso o seu número varia consideravelmente apesar dos comportamentos culturais serem os mesmos todos os dias e por isso se agrupam geograficamente como acontece com os fogos, que desta vez se concentraram entre Aveiro e Caminha, na faixa litoral).Pretender que o número de ignições tem alguma relação com a área ardida, como é frequente, é um erro que não tem qualquer base objectiva empírica.Por isso apagar muitos fogos nascentes é uma vitória de Pirro.As boas intenções inegaveis de Gil Martins desmbocarão forçosamente num inferno quando as condições forem efectivamente favoráveis ao desenvolvimento dos fogos.Repito o que tenho dito vezes sem conta: o problema não é discutir como começam os fogos, mas porque razão não param em alguns dias.Li também uma notícia notável no Público de hoje, em que finalmente se começa a dizer o que disse aqui no blog: os efeitos do derrame da BP afinal parecem ser muito menores que o previsto.É assim, temos tendência para o dramatismo. Daí não viria mal ao mundo se não se desse o caso de gastarmos demasiados recursos no teatro que depois nos fazem falta na vida real.Os comentários do Henk e do Luís Lavoura nos posts sobre fogos levam-me a querer escrever sobre a questão de combustiveis e a gestão do fogo. Mas fica para outro dia, espero eu.Mas ainda tenho espaço para dizer que embora o tempo se vá manter quente, os fogos vão passar a ser controlados sem dramas, porque o vento mudou.henrique pereira dos santos


Ouvi o comandante Gil Martins, que conheço e por quem tenho respeito, dizer que o problema destes dias de fogos eram as mais de 400 ignições diárias.É uma ideia simples, convincente, mas errada.As ignições registadas pela protecção civil não são as ignições quimicamente consideradas (isto é, o input de energia necessário para desencadear a reacção química exotérmica que caracteriza um incêndio) mas sim as ignições que progrediram o suficiente para serem registadas no sistema.Isto é, as ignições não passam de 100 para quatrocentas em poucos dias. O mais natural é que todos os dias sejam mais ou menos as mesmas, mas em alguns dias rapidamente ganham uma dimensão que as torna adminsitrativamente registáveis.Portanto o problema não é o número de ignições mas o facto delas progredirem facilmente até se tornarem visiveis (por isso o seu número varia consideravelmente apesar dos comportamentos culturais serem os mesmos todos os dias e por isso se agrupam geograficamente como acontece com os fogos, que desta vez se concentraram entre Aveiro e Caminha, na faixa litoral).Pretender que o número de ignições tem alguma relação com a área ardida, como é frequente, é um erro que não tem qualquer base objectiva empírica.Por isso apagar muitos fogos nascentes é uma vitória de Pirro.As boas intenções inegaveis de Gil Martins desmbocarão forçosamente num inferno quando as condições forem efectivamente favoráveis ao desenvolvimento dos fogos.Repito o que tenho dito vezes sem conta: o problema não é discutir como começam os fogos, mas porque razão não param em alguns dias.Li também uma notícia notável no Público de hoje, em que finalmente se começa a dizer o que disse aqui no blog: os efeitos do derrame da BP afinal parecem ser muito menores que o previsto.É assim, temos tendência para o dramatismo. Daí não viria mal ao mundo se não se desse o caso de gastarmos demasiados recursos no teatro que depois nos fazem falta na vida real.Os comentários do Henk e do Luís Lavoura nos posts sobre fogos levam-me a querer escrever sobre a questão de combustiveis e a gestão do fogo. Mas fica para outro dia, espero eu.Mas ainda tenho espaço para dizer que embora o tempo se vá manter quente, os fogos vão passar a ser controlados sem dramas, porque o vento mudou.henrique pereira dos santos

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