Filho do 25 de Abril: (408) A Esquerda Resignada e a Direita Refém

20-01-2011
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Confesso que tenho dificuldade em perceber porque é que toda a imprensa começa a dar por adquirido que Cavaco Silva é invencível, imbatível e intocável. E tenho ainda mais dificuldade em perceber porque é que a esquerda começa a se habituar a esta ideia e porque é que a direita não tem coragem de se libertar do desprezo que Cavaco lhes dita.Afinal quem é este homem providencial que, qual Dom Sebastião, vai surgir das brumas da memória e “papar” qualquer homem que ouse concorrer contra ele?É um político astuto. Não porque seja intuitivo como Mário Soares foi em tempos mas porque é frio e mecânico. Sabe e soube gerir duma forma metódica a sua imagem e o país. Em tempos resolveu fazer uma rodagem ao carro e conquistou o PSD. Acabou com o Bloco Central e tentou evitar que fosse Soares a assinar a adesão à actual União Europeia. Falhou mas pouco depois conquistou o país muito por culpa da divisão que o PRD criou na esquerda. Teve aí o seu melhor período governativo e surpreendeu o país com o seu Governo minoritário. Novamente com a ajuda do PRD conquistou a sua primeira maioria absoluta acabando de vez com o estigma da italianização do país. Governou num período dourado para qualquer governante. Com os fundos europeus que o seu antecessor tinha negociado e com o dinheiro das privatizações encheu o país de betão. O país parecia que tinha voltado ao espírito mercantilista, só existia a perspectiva puramente financeira da economia. Apesar das reformas tardarem e da fraca execução e fiscalização dos fundos de coesão (principalmente no que toca ao tecido empresarial) conseguiu trazer ordem às finanças de Portugal.Em 1991 era reeleito e conquistava a sua segunda Maioria Absoluta. Mas este terceiro mandato foi uma das maiores oportunidades perdidas da história recente de Portugal. Até 1985 Portugal debatia-se com uma gravíssima crise financeira mas agora não havia justificação para, num ambiente de maioria absoluta e com mais margem financeira, não se ter feito quase nenhuma reforma na Saúde, na Justiça ou na Educação. A Administração Pública ganhou vícios e promoções automáticas que ainda hoje pagamos. Até 1995 Portugal começou a perceber que Cavaco geria tudo com arrogância e calculismo e começou a demarcar-se deste estilo de fazer política. A era Reagan e Tatcher tinha acabado e a política mudou mais depressa que o homem. Cavaco, no último mandato, estava acompanhado de ministros que desprestigiaram os lugares que ocuparam marcando o fim duma geração de políticos que conseguiu trazer o melhor que a sociedade civil tinha para a política.Em 1995 sai com a sua imagem abalada e ainda tem tempo, num golpe de vil traição, abater Fernando Nogueira em vésperas de eleições. Em 1996 perde as presidenciais entalado com o bolo rei que nunca conseguiu mastigar e digerir. Nem a divulgação de que tinha sido campeão de torneios de matraquilhos e de que adorava desportos radicais o afastaram da imagem de político sem perfil para Presidente da República.Agora eu pergunto: o que é que Cavaco Silva fez de 1995 até 2005 para merecer este título de imbatível? Eu, imodestamente, respondo: nada! Então porque é que Guterres foge, Vitorino esconde-se e o PS lança Alegre na Comunicação Social como o candidato ideal para ser queimado? Sinceramente não percebo mas avanço uma teoria. É porque Guterres, Durão e Santana passaram pelo poder. O país, depois de tanta leviandade na condução do seu destino quer de novo ordem e rigor. Só que terá sido Guterres pior que Cavaco? Os seus últimos mandatos foram igualmente desastrosos! E Durão terá sido muito diferente de Cavaco? Nem por isso já que os dois tiveram uma visão desadequada da economia porque qualquer gestor sabe que uma empresa gerida pelo seu tesoureiro nem cresce nem resolve os problemas. Já comparando com Santana tenho que concordar que Cavaco é bastante diferente e para melhor. Mas será que este é o melhor critério para termos um bom Presidente? Terá Cavaco perfil para Presidente? Eu acho que não! Andamos a perder tempo a criar mitos quando já conhecemos o homem e este não tem nada a ver com os mitos que se criaram.Então porque é que há tanto medo deste homem? Porque é que a esquerda se recusa a combater este modo ultrapassado de fazer política? E porque é que a direita vive refém da vontade dum só homem? Eu sei que há melhores candidatos neste país e o meu apelo é para que avancem sem medo, vindos da esquerda ou da direita.Eu, quando olho para Cavaco, vejo um homem sério e honesto. Vejo um homem que não brinca com o dinheiro dos outros como Santana brincava. Mas também vejo um homem ultrapassado, calculista e apagado. Mas todos parecem ter medo deste homem. Todos o veneram e receiam. Mas porquê? Alguém é capaz de me explicar?Este post teve o patrocínio de:Em 2005. É o regresso dos androides ao cinema. Agora só 25% homem e 75% máquina.Invencíveis, imbatíveis e intocáveis! Ainda mais frios e mecânicos! Não perca numa sala de cinema perto de si!

Confesso que tenho dificuldade em perceber porque é que toda a imprensa começa a dar por adquirido que Cavaco Silva é invencível, imbatível e intocável. E tenho ainda mais dificuldade em perceber porque é que a esquerda começa a se habituar a esta ideia e porque é que a direita não tem coragem de se libertar do desprezo que Cavaco lhes dita.Afinal quem é este homem providencial que, qual Dom Sebastião, vai surgir das brumas da memória e “papar” qualquer homem que ouse concorrer contra ele?É um político astuto. Não porque seja intuitivo como Mário Soares foi em tempos mas porque é frio e mecânico. Sabe e soube gerir duma forma metódica a sua imagem e o país. Em tempos resolveu fazer uma rodagem ao carro e conquistou o PSD. Acabou com o Bloco Central e tentou evitar que fosse Soares a assinar a adesão à actual União Europeia. Falhou mas pouco depois conquistou o país muito por culpa da divisão que o PRD criou na esquerda. Teve aí o seu melhor período governativo e surpreendeu o país com o seu Governo minoritário. Novamente com a ajuda do PRD conquistou a sua primeira maioria absoluta acabando de vez com o estigma da italianização do país. Governou num período dourado para qualquer governante. Com os fundos europeus que o seu antecessor tinha negociado e com o dinheiro das privatizações encheu o país de betão. O país parecia que tinha voltado ao espírito mercantilista, só existia a perspectiva puramente financeira da economia. Apesar das reformas tardarem e da fraca execução e fiscalização dos fundos de coesão (principalmente no que toca ao tecido empresarial) conseguiu trazer ordem às finanças de Portugal.Em 1991 era reeleito e conquistava a sua segunda Maioria Absoluta. Mas este terceiro mandato foi uma das maiores oportunidades perdidas da história recente de Portugal. Até 1985 Portugal debatia-se com uma gravíssima crise financeira mas agora não havia justificação para, num ambiente de maioria absoluta e com mais margem financeira, não se ter feito quase nenhuma reforma na Saúde, na Justiça ou na Educação. A Administração Pública ganhou vícios e promoções automáticas que ainda hoje pagamos. Até 1995 Portugal começou a perceber que Cavaco geria tudo com arrogância e calculismo e começou a demarcar-se deste estilo de fazer política. A era Reagan e Tatcher tinha acabado e a política mudou mais depressa que o homem. Cavaco, no último mandato, estava acompanhado de ministros que desprestigiaram os lugares que ocuparam marcando o fim duma geração de políticos que conseguiu trazer o melhor que a sociedade civil tinha para a política.Em 1995 sai com a sua imagem abalada e ainda tem tempo, num golpe de vil traição, abater Fernando Nogueira em vésperas de eleições. Em 1996 perde as presidenciais entalado com o bolo rei que nunca conseguiu mastigar e digerir. Nem a divulgação de que tinha sido campeão de torneios de matraquilhos e de que adorava desportos radicais o afastaram da imagem de político sem perfil para Presidente da República.Agora eu pergunto: o que é que Cavaco Silva fez de 1995 até 2005 para merecer este título de imbatível? Eu, imodestamente, respondo: nada! Então porque é que Guterres foge, Vitorino esconde-se e o PS lança Alegre na Comunicação Social como o candidato ideal para ser queimado? Sinceramente não percebo mas avanço uma teoria. É porque Guterres, Durão e Santana passaram pelo poder. O país, depois de tanta leviandade na condução do seu destino quer de novo ordem e rigor. Só que terá sido Guterres pior que Cavaco? Os seus últimos mandatos foram igualmente desastrosos! E Durão terá sido muito diferente de Cavaco? Nem por isso já que os dois tiveram uma visão desadequada da economia porque qualquer gestor sabe que uma empresa gerida pelo seu tesoureiro nem cresce nem resolve os problemas. Já comparando com Santana tenho que concordar que Cavaco é bastante diferente e para melhor. Mas será que este é o melhor critério para termos um bom Presidente? Terá Cavaco perfil para Presidente? Eu acho que não! Andamos a perder tempo a criar mitos quando já conhecemos o homem e este não tem nada a ver com os mitos que se criaram.Então porque é que há tanto medo deste homem? Porque é que a esquerda se recusa a combater este modo ultrapassado de fazer política? E porque é que a direita vive refém da vontade dum só homem? Eu sei que há melhores candidatos neste país e o meu apelo é para que avancem sem medo, vindos da esquerda ou da direita.Eu, quando olho para Cavaco, vejo um homem sério e honesto. Vejo um homem que não brinca com o dinheiro dos outros como Santana brincava. Mas também vejo um homem ultrapassado, calculista e apagado. Mas todos parecem ter medo deste homem. Todos o veneram e receiam. Mas porquê? Alguém é capaz de me explicar?Este post teve o patrocínio de:Em 2005. É o regresso dos androides ao cinema. Agora só 25% homem e 75% máquina.Invencíveis, imbatíveis e intocáveis! Ainda mais frios e mecânicos! Não perca numa sala de cinema perto de si!

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