Filho do 25 de Abril: 848. Prós e Contras: Sob o Signo da Verdade, de Manuel Maria Carrilho

18-12-2009
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Um debate "cinzento" nas ideiasA "arena" da RTP teve ontem um dos seus maiores combates de boxe de todos os tempos. O problema é que, como em qualquer combate de boxe, dá-se muita "porrada" e, no fim, não fica nada de pedagógico para memória futura. Alguns, porventura, vão recordar a "mordidela" na orelha ou o murro nas partes baixas com que se presentearam os principais adversários - Manuel Maria Carrilho (MMC) e Ricardo Costa (RC) - mas, no fundo, ninguém, nem nós, ficou a ganhar porque o ruído da batalha abafou qualquer tipo de reflexão ou conteúdo que o debate possa, a espaços, ter tido.A "verdade" - utilizando parte do título do livro de MMC - de Carrilho parece-me frágil e José Pacheco Pereira (JPP), de forma pedagógica e com o seu estilo paternal, explicou ao ex-candidato à Câmara de Lisboa que ele não é um caso "especial" e que não está, como é óbvio, isento de responsabilidades tanto pela derrota como pelo tratamento que a Comunicação Social lhe dá. Não está em causa o trabalho de MMC - devo sublinhar que o considero o melhor Ministro da Cultura que Portugal teve no pós 25 de Abril (incluíndo os Secretários de Estado) - mas simplesmente a falta de empatia (JPP foi certeiro ao lançar esta farpa) que MMC teve com os lisboetas e tem com o país é a única explicação plausível para a sua derrota.O debate foi desinteressante e inconsequente e revela bem o estado da Comunicação Social, ou seja, em vez de tentar provocar a reflexão ou mediar a mensagem prefere embarcar num debate com um modelo preparado para a agressão e para a resolução, em público, de problemas pessoais. Indirectamente este debate foi o melhor exemplo do comportamento da Comunicação Social no debate e informação política pois houve muito espectáculo e nenhum conteúdo. E não faltam assuntos urgentes para debater dentro desta temática como a influência da CS na percepção do trabalho político, a mediatização da notícia e da própria política e a linha que deve separar a vida privada da vida pública dum político. Mas, como era de esperar, ficamos mais uma vez no acessório e o essencial fica para discutir no dia em que der audiências...Uma palavra final para Ricardo Costa. Destaco RC (e não MMC, que esteve ao mesmo nível) porque tenho um especial respeito pelas suas capacidades como jornalista e lembro-me até que uma das melhores entrevistas políticas que assisti nos últimos tempos foi conduzida por ele (a Durão Barroso) mas o que se passou ontem afectou, e muito, a credibilidade e o respeito que sentia pelo seu trabalho e pessoa. E o que se passou ontem - inconfidências, revelação de pormenores de bastidores, recados, ataques pessoais demolidores, mesquinhez nos argumentos - foi grave e foi, acima de tudo, uma desilusão. É pena...

Um debate "cinzento" nas ideiasA "arena" da RTP teve ontem um dos seus maiores combates de boxe de todos os tempos. O problema é que, como em qualquer combate de boxe, dá-se muita "porrada" e, no fim, não fica nada de pedagógico para memória futura. Alguns, porventura, vão recordar a "mordidela" na orelha ou o murro nas partes baixas com que se presentearam os principais adversários - Manuel Maria Carrilho (MMC) e Ricardo Costa (RC) - mas, no fundo, ninguém, nem nós, ficou a ganhar porque o ruído da batalha abafou qualquer tipo de reflexão ou conteúdo que o debate possa, a espaços, ter tido.A "verdade" - utilizando parte do título do livro de MMC - de Carrilho parece-me frágil e José Pacheco Pereira (JPP), de forma pedagógica e com o seu estilo paternal, explicou ao ex-candidato à Câmara de Lisboa que ele não é um caso "especial" e que não está, como é óbvio, isento de responsabilidades tanto pela derrota como pelo tratamento que a Comunicação Social lhe dá. Não está em causa o trabalho de MMC - devo sublinhar que o considero o melhor Ministro da Cultura que Portugal teve no pós 25 de Abril (incluíndo os Secretários de Estado) - mas simplesmente a falta de empatia (JPP foi certeiro ao lançar esta farpa) que MMC teve com os lisboetas e tem com o país é a única explicação plausível para a sua derrota.O debate foi desinteressante e inconsequente e revela bem o estado da Comunicação Social, ou seja, em vez de tentar provocar a reflexão ou mediar a mensagem prefere embarcar num debate com um modelo preparado para a agressão e para a resolução, em público, de problemas pessoais. Indirectamente este debate foi o melhor exemplo do comportamento da Comunicação Social no debate e informação política pois houve muito espectáculo e nenhum conteúdo. E não faltam assuntos urgentes para debater dentro desta temática como a influência da CS na percepção do trabalho político, a mediatização da notícia e da própria política e a linha que deve separar a vida privada da vida pública dum político. Mas, como era de esperar, ficamos mais uma vez no acessório e o essencial fica para discutir no dia em que der audiências...Uma palavra final para Ricardo Costa. Destaco RC (e não MMC, que esteve ao mesmo nível) porque tenho um especial respeito pelas suas capacidades como jornalista e lembro-me até que uma das melhores entrevistas políticas que assisti nos últimos tempos foi conduzida por ele (a Durão Barroso) mas o que se passou ontem afectou, e muito, a credibilidade e o respeito que sentia pelo seu trabalho e pessoa. E o que se passou ontem - inconfidências, revelação de pormenores de bastidores, recados, ataques pessoais demolidores, mesquinhez nos argumentos - foi grave e foi, acima de tudo, uma desilusão. É pena...

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