BioTerra: Crónica da Semana : A ‘troika’ (ainda) é alegria, por Vítor Costa (Subdirector do Económico)

22-05-2011
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Comentário meu: Até ao belo dia em que cidadãos sejam eleitos directamente para o Parlamento, a Politica em Portugal continuará a ser uma maneira de emprego sem responsabilidades. Infelizmente.

Crónica de Vitor Costa, 20 de Maio de 2011

Um quadro macroeconómico “particularmente severo”. Uma contracção “sem precedentes do rendimento real das famílias”. É esta a realidade que espera os portugueses. Uma economia em recessão profunda e um aperto nunca antes visto no bolso das famílias.
Foi este o choque de realidade que Carlos Costa, o governador do Banco de Portugal, apresentou ontem no relatório anual da instituição que dirige. É esta a realidade que contrasta com as apreciações que foram sendo feitas nos dias que se seguiram ao acordo alcançado entre o Governo e a ‘troika'. O memorando de entendimento obtido com o Fundo Monetário Internacional, a Comissão Europeia e o Banco Central Europeu terá, certamente, virtudes e defeitos. Mas falha redondamente em dois aspectos: não mostra a dimensão das dificuldades que todos teremos de enfrentar; e adia-as, no essencial, para 2012 e 2013.
Bastam alguns exemplos. A subida do IVA, quer seja na electricidade, no gás ou na passagem de alguns produtos da taxa reduzida e intermédia para a taxa máxima, só chega em 2012. O mesmo acontece com a subida do IRS que decorre do fim de muitas deduções fiscais. Mas mais gritante ainda é a ‘pancada' que a esmagadora maioria dos portugueses - todos os que têm casa própria - vão sentir quando as suas casas foram reavaliadas e virem o Imposto Municipal sobre Imóveis disparar em 2013.
Foi à boleia deste esconder e deste adiar do aperto de cinto que foram apresentados os programas eleitorais. E, se é verdade que o PS decidiu fazer tábua rasa da ‘troika', também não é mentira que nenhum outro partido, dos que negociaram o acordo de ajuda externa, assume na plenitude as medidas difíceis com que se comprometeram. É por isso que nas próximas eleições os portugueses terão de votar sem saber o essencial: como é que PS, PSD e CDS irão aplicar as medidas de austeridade caso vençam. Mas, por mais que tentem esconder a realidade, é este o futuro que espera a Portugal.
Passaram duas semanas desde que os elementos da ‘troika' abandonaram Lisboa. Faltam sensivelmente duas semanas para as legislativas. No que diz respeito a esclarecer os portugueses sobre o que o futuro lhes reserva, a quinzena que passou foi um desastre. Seria desejável que os próximos 15 dias fossem diferentes. Infelizmente, não serão. Para os candidatos a primeiro-ministro, para os candidatos a deputados e para milhares de portugueses, a ‘troika' continuará a ser alegria. Até que chegue aos bolsos de cada contribuinte.

E em conclusão da minha postagem
Um episódio socialista que lembra o cavaquistãoSócrates irrita-se com empresário em conferência > Política > TVI24


Comentário meu: Até ao belo dia em que cidadãos sejam eleitos directamente para o Parlamento, a Politica em Portugal continuará a ser uma maneira de emprego sem responsabilidades. Infelizmente.

Crónica de Vitor Costa, 20 de Maio de 2011

Um quadro macroeconómico “particularmente severo”. Uma contracção “sem precedentes do rendimento real das famílias”. É esta a realidade que espera os portugueses. Uma economia em recessão profunda e um aperto nunca antes visto no bolso das famílias.
Foi este o choque de realidade que Carlos Costa, o governador do Banco de Portugal, apresentou ontem no relatório anual da instituição que dirige. É esta a realidade que contrasta com as apreciações que foram sendo feitas nos dias que se seguiram ao acordo alcançado entre o Governo e a ‘troika'. O memorando de entendimento obtido com o Fundo Monetário Internacional, a Comissão Europeia e o Banco Central Europeu terá, certamente, virtudes e defeitos. Mas falha redondamente em dois aspectos: não mostra a dimensão das dificuldades que todos teremos de enfrentar; e adia-as, no essencial, para 2012 e 2013.
Bastam alguns exemplos. A subida do IVA, quer seja na electricidade, no gás ou na passagem de alguns produtos da taxa reduzida e intermédia para a taxa máxima, só chega em 2012. O mesmo acontece com a subida do IRS que decorre do fim de muitas deduções fiscais. Mas mais gritante ainda é a ‘pancada' que a esmagadora maioria dos portugueses - todos os que têm casa própria - vão sentir quando as suas casas foram reavaliadas e virem o Imposto Municipal sobre Imóveis disparar em 2013.
Foi à boleia deste esconder e deste adiar do aperto de cinto que foram apresentados os programas eleitorais. E, se é verdade que o PS decidiu fazer tábua rasa da ‘troika', também não é mentira que nenhum outro partido, dos que negociaram o acordo de ajuda externa, assume na plenitude as medidas difíceis com que se comprometeram. É por isso que nas próximas eleições os portugueses terão de votar sem saber o essencial: como é que PS, PSD e CDS irão aplicar as medidas de austeridade caso vençam. Mas, por mais que tentem esconder a realidade, é este o futuro que espera a Portugal.
Passaram duas semanas desde que os elementos da ‘troika' abandonaram Lisboa. Faltam sensivelmente duas semanas para as legislativas. No que diz respeito a esclarecer os portugueses sobre o que o futuro lhes reserva, a quinzena que passou foi um desastre. Seria desejável que os próximos 15 dias fossem diferentes. Infelizmente, não serão. Para os candidatos a primeiro-ministro, para os candidatos a deputados e para milhares de portugueses, a ‘troika' continuará a ser alegria. Até que chegue aos bolsos de cada contribuinte.

E em conclusão da minha postagem
Um episódio socialista que lembra o cavaquistãoSócrates irrita-se com empresário em conferência > Política > TVI24

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