Serpente Emplumada: O liquaz, o volátil... e o vazio...

21-05-2011
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Num ensaio intitulado "O homem e as coisas", Sartre, analisando a poesia de Francis Ponge, a propósito da sua obra "Parti pris des choses" (in "Situações I", Publicações Europa América, Lisboa, 1968, pág. pág. 256) cita um texto notável no qual o poeta escreve sobre a água. Diz ele:"Líquido é por definição o que prefere obedecer ao peso para manter a forma, o que recusa qualquer forma para obedecer ao peso".Atrevo-me a pensar que, se fizer uma aplicação analógica deste texto ao elemento ar, ficaria encantado em transformar-me nele. Então eu diria (se o ar falasse, claro):"Volátil é por definição o que prefere desobedecer ao peso para manter a ausência de forma, o que recusa qualquer forma para obedecer à leveza".Mas, vendo melhor, talvez eu prefira mesmo é fazê-lo a um nível, simultaneamente, mais denso e mais incorpóreo. Um quase vazio...Quando o vivenciar, em vez de aqui vir escrever o que disso possa ser dito, calar-me-ei: melhor será, e melhor o dirá.


Num ensaio intitulado "O homem e as coisas", Sartre, analisando a poesia de Francis Ponge, a propósito da sua obra "Parti pris des choses" (in "Situações I", Publicações Europa América, Lisboa, 1968, pág. pág. 256) cita um texto notável no qual o poeta escreve sobre a água. Diz ele:"Líquido é por definição o que prefere obedecer ao peso para manter a forma, o que recusa qualquer forma para obedecer ao peso".Atrevo-me a pensar que, se fizer uma aplicação analógica deste texto ao elemento ar, ficaria encantado em transformar-me nele. Então eu diria (se o ar falasse, claro):"Volátil é por definição o que prefere desobedecer ao peso para manter a ausência de forma, o que recusa qualquer forma para obedecer à leveza".Mas, vendo melhor, talvez eu prefira mesmo é fazê-lo a um nível, simultaneamente, mais denso e mais incorpóreo. Um quase vazio...Quando o vivenciar, em vez de aqui vir escrever o que disso possa ser dito, calar-me-ei: melhor será, e melhor o dirá.

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