Serpente Emplumada: Da utilidade do abandono que se deve realizar interior e exteriormente

25-05-2011
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"Deverás saber que, nesta vida, nunca uma pessoa se abandonou assim tanto, que não tenha achado que se devia abandonar ainda mais. Existem poucas pessoas que respeitam isso correctamente e nisso são constantes. É uma troca de valor igual e uma justa transacção: tanto quanto tu saíres de todas as coisas, tanto quanto, nem mais nem menos, entrará Deus com tudo o que é Seu, contanto que tu te tenhas inteiramente despojado do que é teu. Começa pois por aí, e expende nisso tudo o que conseguires arranjar. Aí encontrarás verdadeira paz e em mais lado nenhum. As pessoas não necessitavam de reflectir tanto sobre o que deveriam fazer; elas deveriam, pelo contrário, reflectir sobre aquilo que elas são. Ora, se as pessoas e os seus modos fossem bons, então as suas obras poderiam refulgir limpidamente. Se tu fores justo, então as tuas obras também serão justas. Não se pode pensar a santidade com fundamento numa acção; deve-se, pelo contrário, fundamentar a santidade em um ser, pois as obras não nos santificam, senão que nós devemos santificar as obras. Por muito santas que as obras possam ser, elas não nos santificarão de modo algum, porquanto elas sejam obras, mas: tanto quanto nós formos santos e possuirmos ser, assim santificaremos todas as nossas obras, sejam elas comer, dormir, despertar ou seja o que for. Aqueles cujo ser não é grande, façam que obras fizerem, daí nada sairá. Reconhece, por conseguinte, que se deve empregar toda a determinação em ser bom, - e não tanto naquilo que se faz ou no modo de as coisas serem, senão em qual há-de ser o fundamento das obras" - Mestre Eckhart, Conversações Espirituais, 4, in Mestre Eckhart, O Abismo Eterno, antologia de tratados e sermões escolhidos por Paulo Borges e Jorge Telles de Menezes, prefácios de Paulo Borges e Jorge Telles de Menezes, tradução do alemão de Jorge Telles de Menezes, Lisboa, Mundos Paralelos, 2008 (no prelo).


"Deverás saber que, nesta vida, nunca uma pessoa se abandonou assim tanto, que não tenha achado que se devia abandonar ainda mais. Existem poucas pessoas que respeitam isso correctamente e nisso são constantes. É uma troca de valor igual e uma justa transacção: tanto quanto tu saíres de todas as coisas, tanto quanto, nem mais nem menos, entrará Deus com tudo o que é Seu, contanto que tu te tenhas inteiramente despojado do que é teu. Começa pois por aí, e expende nisso tudo o que conseguires arranjar. Aí encontrarás verdadeira paz e em mais lado nenhum. As pessoas não necessitavam de reflectir tanto sobre o que deveriam fazer; elas deveriam, pelo contrário, reflectir sobre aquilo que elas são. Ora, se as pessoas e os seus modos fossem bons, então as suas obras poderiam refulgir limpidamente. Se tu fores justo, então as tuas obras também serão justas. Não se pode pensar a santidade com fundamento numa acção; deve-se, pelo contrário, fundamentar a santidade em um ser, pois as obras não nos santificam, senão que nós devemos santificar as obras. Por muito santas que as obras possam ser, elas não nos santificarão de modo algum, porquanto elas sejam obras, mas: tanto quanto nós formos santos e possuirmos ser, assim santificaremos todas as nossas obras, sejam elas comer, dormir, despertar ou seja o que for. Aqueles cujo ser não é grande, façam que obras fizerem, daí nada sairá. Reconhece, por conseguinte, que se deve empregar toda a determinação em ser bom, - e não tanto naquilo que se faz ou no modo de as coisas serem, senão em qual há-de ser o fundamento das obras" - Mestre Eckhart, Conversações Espirituais, 4, in Mestre Eckhart, O Abismo Eterno, antologia de tratados e sermões escolhidos por Paulo Borges e Jorge Telles de Menezes, prefácios de Paulo Borges e Jorge Telles de Menezes, tradução do alemão de Jorge Telles de Menezes, Lisboa, Mundos Paralelos, 2008 (no prelo).

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