Serpente Emplumada: HOMMAGE À LA VACHE

21-05-2011
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Comovido até às lágrimas, pela imperativa necessidade e ilusão de transfigurar o género racional, onde ele parece histriônico no seu egoísmo, este requiem agora encetado o suavizará ao menos como hipócrita, gatinhando das crisálidas com maneirismos pífios. Desculpabilizando-nos com a semelhança da preocupação, no hábito de relativizar as outras coisas em ocultos nos lugares abandonados, onde nem os parasitas se importariam com relativos. Talvez um pedido de desculpas arrevesado nos dê a paz de espírito e nos redima aparentemente com a entrega de indulgências, mais baratas que brincadeiras de chinês.Sendo assim, para ti, nessa pose única e honesta, isto que nunca irás ler vindo das mais das vezes em mentira, mas também como constatação. Para quem, atravessando o lintel concreto, ficou baloiçando, não como palhaço morto mas como simbólico abrangente e vencedor absoluto de todas as implicações. O que é mais vivo, estranhamente, está na impressão, relevada das trevas, onde ainda marra o jovem novilho, e a mulher-a-dias, envergonhada e lívida, perante a ocorrência sagrada dos significados. Quando uma voz desconhecida lhe vocifera, ela se encolhe, sabendo que a importância ritual contêm o enigma dos universos:“Entraste no prédio para dormir nas escadas?!” E a transcendência, eivada de luzes absurdas, vindas somente do corpo finito se traduzem messiânicamente, partilhando a sua corporeidade como assentimento tácito e abrupto para as dimensões ininteligíveis. Crucificado como casaco sujo, emancipado na plétora de um adeus que ainda respira. A mulher-a-dias, tentando roubar os sapatos do morto, saiu-se mal. A vaidade desta escrava, mais filósofa que os filósofos, mulher ou homem, foi empurrada pelo focinho fora-de-cena. O seu todo, teimado pela presença, ficou cheio de cerimónias e espantos graves senão compreendidos ao menos sentidos. Devido a esse facto de que, quando cobriram o boi de bonecos, ele se tornou mais luminoso e bíblico, deixando-nos os estratos da nossa própria morte e vida nessas caricaturas despidas delas, praticando uma forma de inefável que se nos é alheia também nos é constitutiva. Boi, querido apontamento dos seres vivos, fizeste do estertor monumento e altivez face à patética amostra que em nós temos para te comparar, no pedido de desculpas e no pão.Naquele quarto obscuro, silencioso onde se contorcem pupas de mosca, quem estava com a porta meio aberta passou de turista para co-adjuvante, num sitio de luz insuportada e canónica, quase pornográfica, onde sentado num cadeirão e de perna traçada, o boi vai atestando as provas da natureza.Ó carne que se despe de hálito e veste o significado por dentro da pele. A tua língua ironiza através dos oceanos do plástico frio e da sombra do entendimento. Sagrada, a homogeneidade produz-se, empalhada, taxidérmica para logo se estender pela história e essência. Restando pela conta que nos cabe, pelo que nos assiste, a mulher obnubilada e o Vasco Santa a dialogar com o poste.


Comovido até às lágrimas, pela imperativa necessidade e ilusão de transfigurar o género racional, onde ele parece histriônico no seu egoísmo, este requiem agora encetado o suavizará ao menos como hipócrita, gatinhando das crisálidas com maneirismos pífios. Desculpabilizando-nos com a semelhança da preocupação, no hábito de relativizar as outras coisas em ocultos nos lugares abandonados, onde nem os parasitas se importariam com relativos. Talvez um pedido de desculpas arrevesado nos dê a paz de espírito e nos redima aparentemente com a entrega de indulgências, mais baratas que brincadeiras de chinês.Sendo assim, para ti, nessa pose única e honesta, isto que nunca irás ler vindo das mais das vezes em mentira, mas também como constatação. Para quem, atravessando o lintel concreto, ficou baloiçando, não como palhaço morto mas como simbólico abrangente e vencedor absoluto de todas as implicações. O que é mais vivo, estranhamente, está na impressão, relevada das trevas, onde ainda marra o jovem novilho, e a mulher-a-dias, envergonhada e lívida, perante a ocorrência sagrada dos significados. Quando uma voz desconhecida lhe vocifera, ela se encolhe, sabendo que a importância ritual contêm o enigma dos universos:“Entraste no prédio para dormir nas escadas?!” E a transcendência, eivada de luzes absurdas, vindas somente do corpo finito se traduzem messiânicamente, partilhando a sua corporeidade como assentimento tácito e abrupto para as dimensões ininteligíveis. Crucificado como casaco sujo, emancipado na plétora de um adeus que ainda respira. A mulher-a-dias, tentando roubar os sapatos do morto, saiu-se mal. A vaidade desta escrava, mais filósofa que os filósofos, mulher ou homem, foi empurrada pelo focinho fora-de-cena. O seu todo, teimado pela presença, ficou cheio de cerimónias e espantos graves senão compreendidos ao menos sentidos. Devido a esse facto de que, quando cobriram o boi de bonecos, ele se tornou mais luminoso e bíblico, deixando-nos os estratos da nossa própria morte e vida nessas caricaturas despidas delas, praticando uma forma de inefável que se nos é alheia também nos é constitutiva. Boi, querido apontamento dos seres vivos, fizeste do estertor monumento e altivez face à patética amostra que em nós temos para te comparar, no pedido de desculpas e no pão.Naquele quarto obscuro, silencioso onde se contorcem pupas de mosca, quem estava com a porta meio aberta passou de turista para co-adjuvante, num sitio de luz insuportada e canónica, quase pornográfica, onde sentado num cadeirão e de perna traçada, o boi vai atestando as provas da natureza.Ó carne que se despe de hálito e veste o significado por dentro da pele. A tua língua ironiza através dos oceanos do plástico frio e da sombra do entendimento. Sagrada, a homogeneidade produz-se, empalhada, taxidérmica para logo se estender pela história e essência. Restando pela conta que nos cabe, pelo que nos assiste, a mulher obnubilada e o Vasco Santa a dialogar com o poste.

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