Serpente Emplumada

20-05-2011
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VIPalmeiras!e contra a crepitante casa tantas lanças de chama!...As vozes eram um ruído luminoso e sotavento...O barcode meu pai, diligente, conduzia grandes figuras brancas: talvez,em suma, Anjos despenteados; ou talvez homens sadios, vestidosde belo pano, capacetes de sabugueiro ( e assim meu pai, que foinobre e decente)....Pois de manhã, pelos campos pálidos da Água nua, aolongo do Oeste,vi andarem Príncipes e seus Genros, homens dealta estirpe, bem vestidos e calados, que o mar antes do meio-dia éum Domingo em que o sono tomou o corpo de um Deus,dobrando as pernas.E tochas ao meio-dia, se ergueram para minhas fugas,E creio que Arcos, Salas de ébano e zinco iluminaram-setodas as noites ao sonho dos vulcões,na hora em que juntavam nossas mãos diante o ídolo emtraje de gala.Palmeiras! e a doçurade velhice nas raízes...! Os ventos alísios, os pombos trocazese a gata pardaesburacavam a amarga folhagem verde onde, na crueza de umanoite com perfume de Dilúvioas luas rosas e verdes inclinavam-se qual mangas....Já os tios falavam baixo a minha mãe. Haviam amarradoseu cavalo à porta. E a casa durava, sob as árvores de plumas.Saint-John Persein Obra PoéticaEditora Opera Mundi, Rio de Janeiro, 1973Trad. Darcy Damasceno


VIPalmeiras!e contra a crepitante casa tantas lanças de chama!...As vozes eram um ruído luminoso e sotavento...O barcode meu pai, diligente, conduzia grandes figuras brancas: talvez,em suma, Anjos despenteados; ou talvez homens sadios, vestidosde belo pano, capacetes de sabugueiro ( e assim meu pai, que foinobre e decente)....Pois de manhã, pelos campos pálidos da Água nua, aolongo do Oeste,vi andarem Príncipes e seus Genros, homens dealta estirpe, bem vestidos e calados, que o mar antes do meio-dia éum Domingo em que o sono tomou o corpo de um Deus,dobrando as pernas.E tochas ao meio-dia, se ergueram para minhas fugas,E creio que Arcos, Salas de ébano e zinco iluminaram-setodas as noites ao sonho dos vulcões,na hora em que juntavam nossas mãos diante o ídolo emtraje de gala.Palmeiras! e a doçurade velhice nas raízes...! Os ventos alísios, os pombos trocazese a gata pardaesburacavam a amarga folhagem verde onde, na crueza de umanoite com perfume de Dilúvioas luas rosas e verdes inclinavam-se qual mangas....Já os tios falavam baixo a minha mãe. Haviam amarradoseu cavalo à porta. E a casa durava, sob as árvores de plumas.Saint-John Persein Obra PoéticaEditora Opera Mundi, Rio de Janeiro, 1973Trad. Darcy Damasceno

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