UMA REFERÊNCIA NA INFORMAÇÃO ALPIARCENSE: Esclarecimento/Resposta ao nosso comentador: ""Simplesmente EU" da nossa colaboradora Anabela Melão

24-01-2011
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INTIMIDADES E REVELAÇÕESSempre acreditei que se escreve para os outros e, para mim, cada leitor é um amigo em embrião, que cresce, se desenvolve, e se torna parte de mim. Espero que não se choque com o meu discurso, mas sou mulher, logo intuitiva, sou taurina, logo voluntariosa, e sou maçon, logo inquietante. Percebo a sua preocupação quando se vive num mundo em que a única assinatura que parece validar o que somos é a do cartão de crédito, como se, ao entreabrir a carteira, se medisse um homem. Não é esse mundo de “ter” que procuro, anseio pelo mundo do “ser”. Não que aspire à indigência, gosto do estético, de arte, de cultura, e isso carece de algum conforto económico que não enjeito. Mas conquisto a materialidade de que preciso à minha própria custa, sem pisar ninguém, sem desvios comportamentais, sem fuga às regras. Um maçon é um homem de bons costumes, e lembre-se que, de entre os maçons, tal como de entre os cristãos, muitos os haverá que “nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus” (salve a analogia, claro). O grupo não responde pelo indivíduo. Mas cada um responde por si! A ética e a consciência são algo intrinsecamente pessoal. Ficaria surpreendido se soubesse quantos se dizem maçons, não têm, não a podem assumir ou até perderam tal qualidade. Conhece casos de repreensões na Opus Dei também os há na Maçonaria. Ambos tratam-se “em casa”. Por mim, sou o mais contra possível em subir à conta dos outros e saiba que nunca o fiz. Assumi-me maçon depois dos quarenta anos, depois de ter feito o meu próprio percurso pessoal e profissional. Ficará até admirado por saber que fiz parte da equipa de gabinetes ministeriais conotados com a Opus Dei (por certo, não desconhece que esta e a Maçonaria se têm como “escolas” antagónicas).Fui aconselhada, num dos cargos públicos que ocupei, a “adaptar-me”, a “deixar de me comportar como uma virgem num bordel.” (ipsis verbis). Tinha acabado de sair de uma relação de vinte anos, tinha trinta e sete anos, duas ou três malas e duas filhas. Interpretaram-no como uma fragilidade. Noutro cargo, diziam-me que era na “horizontal” que se crescia e que a minha verticalidade me tombaria. Respondi que as árvores morrem de pé.Sou alguém que tenho o direito e o dever de “ser”, embora enfrente a tangibilidade do “ter”. Criadas as filhas, preciso de menos “ter” e de “ser” mais. Carrego o nome do meu avô, do meu pai e da minha mãe (Melão, podia ser mais alpiarcense?). E levo-o em braços com orgulho. Por isso, pedi ao António Centeio que me deixasse colaborar com o jornal. Por quero “ser” e ir de encontro a quem sou. Às minhas raízes. Sou co-fundadora da Academia de Estudos Laicos e Republicanos e, em breve, estarei aí a falar-vos sobre o sonho republicano, feito por maçons. Por … nem um cêntimo. É que se há património que quero deixar às minhas filhas não é o “ter”. É o “ser”. O ter e o haver hão-de provir-lhe da educação, do esforço, da aplicação e do empenho.Deixo-lhes o toque de Midas, visto sui generis. Tratar os sentimentos como se fossem de oiro. Construir uma Caverna de Ali-Babá: onde todos os homens partilhem tudo como irmãos. Que o oiro sirva de escravo a cada homem. Que lhe seja útil para gerar confortabilidade, qualidade de vida, acesso à essencialidade do ser (a até a algum ócio criativo), cumplicidades solidárias, alimentar causas, financiar feitos maiores e “golpes de asa”.Quero que um dia digam: “Pedras no caminho guardo todas um dia vou construir um castelo!”Por: Anabela Melão, Co-fundadora da Academia de Estudos Laicos e Republicanos Saiba mais em: Acredito no homem livre,sonhador,utópico e que cresce pelo seu esforço, trabalho...


INTIMIDADES E REVELAÇÕESSempre acreditei que se escreve para os outros e, para mim, cada leitor é um amigo em embrião, que cresce, se desenvolve, e se torna parte de mim. Espero que não se choque com o meu discurso, mas sou mulher, logo intuitiva, sou taurina, logo voluntariosa, e sou maçon, logo inquietante. Percebo a sua preocupação quando se vive num mundo em que a única assinatura que parece validar o que somos é a do cartão de crédito, como se, ao entreabrir a carteira, se medisse um homem. Não é esse mundo de “ter” que procuro, anseio pelo mundo do “ser”. Não que aspire à indigência, gosto do estético, de arte, de cultura, e isso carece de algum conforto económico que não enjeito. Mas conquisto a materialidade de que preciso à minha própria custa, sem pisar ninguém, sem desvios comportamentais, sem fuga às regras. Um maçon é um homem de bons costumes, e lembre-se que, de entre os maçons, tal como de entre os cristãos, muitos os haverá que “nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus” (salve a analogia, claro). O grupo não responde pelo indivíduo. Mas cada um responde por si! A ética e a consciência são algo intrinsecamente pessoal. Ficaria surpreendido se soubesse quantos se dizem maçons, não têm, não a podem assumir ou até perderam tal qualidade. Conhece casos de repreensões na Opus Dei também os há na Maçonaria. Ambos tratam-se “em casa”. Por mim, sou o mais contra possível em subir à conta dos outros e saiba que nunca o fiz. Assumi-me maçon depois dos quarenta anos, depois de ter feito o meu próprio percurso pessoal e profissional. Ficará até admirado por saber que fiz parte da equipa de gabinetes ministeriais conotados com a Opus Dei (por certo, não desconhece que esta e a Maçonaria se têm como “escolas” antagónicas).Fui aconselhada, num dos cargos públicos que ocupei, a “adaptar-me”, a “deixar de me comportar como uma virgem num bordel.” (ipsis verbis). Tinha acabado de sair de uma relação de vinte anos, tinha trinta e sete anos, duas ou três malas e duas filhas. Interpretaram-no como uma fragilidade. Noutro cargo, diziam-me que era na “horizontal” que se crescia e que a minha verticalidade me tombaria. Respondi que as árvores morrem de pé.Sou alguém que tenho o direito e o dever de “ser”, embora enfrente a tangibilidade do “ter”. Criadas as filhas, preciso de menos “ter” e de “ser” mais. Carrego o nome do meu avô, do meu pai e da minha mãe (Melão, podia ser mais alpiarcense?). E levo-o em braços com orgulho. Por isso, pedi ao António Centeio que me deixasse colaborar com o jornal. Por quero “ser” e ir de encontro a quem sou. Às minhas raízes. Sou co-fundadora da Academia de Estudos Laicos e Republicanos e, em breve, estarei aí a falar-vos sobre o sonho republicano, feito por maçons. Por … nem um cêntimo. É que se há património que quero deixar às minhas filhas não é o “ter”. É o “ser”. O ter e o haver hão-de provir-lhe da educação, do esforço, da aplicação e do empenho.Deixo-lhes o toque de Midas, visto sui generis. Tratar os sentimentos como se fossem de oiro. Construir uma Caverna de Ali-Babá: onde todos os homens partilhem tudo como irmãos. Que o oiro sirva de escravo a cada homem. Que lhe seja útil para gerar confortabilidade, qualidade de vida, acesso à essencialidade do ser (a até a algum ócio criativo), cumplicidades solidárias, alimentar causas, financiar feitos maiores e “golpes de asa”.Quero que um dia digam: “Pedras no caminho guardo todas um dia vou construir um castelo!”Por: Anabela Melão, Co-fundadora da Academia de Estudos Laicos e Republicanos Saiba mais em: Acredito no homem livre,sonhador,utópico e que cresce pelo seu esforço, trabalho...

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