UMA REFERÊNCIA NA INFORMAÇÃO ALPIARCENSE: O centrão e os idiotas úteis

24-01-2011
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A propósito da redução do número de deputadosTalvez muitos dos que reivindicam, em tom vociferante, a redução do número de deputados desconheçam que em 1991 foi reduzido o número de deputados de 250 para 230. Os efeitos foram significativos: a proporcionalidade da composição da Assembleia foi automaticamente reduzida; acentuou-se o peso relativo do PS e do PSD; o PCP, que era na altura o terceiro partido (não existindo o BE e estando o CDS reduzido a uma expressão residual) viu reduzida a metade a sua expressão parlamentar. Claro que essa redução se deveu a uma quebra eleitoral significativa, mas o que quero acentuar é que, mesmo que essa quebra não se tivesse verificado, o PCP teria perdido “na secretaria” os seus deputados por Braga, Coimbra, Faro e Leiria. Bem se vê pois que essa ideia de reduzir o número de deputados é tudo menos inocente.Vendo o que por aí se diz e escreve, tendo a dividir os defensores da redução do número de deputados em três grupos:Primeiro, os defensores do Bloco Central e da alternância sem alternativa entre o PS e o PSD. Esses sabem muito bem quais os efeitos da redução do número de deputados e encaram a redução como uma forma ardilosa de obter um seguro de vida para o centrão. O PS e o PSD assegurariam a hegemonia da Assembleia da República e os demais partidos ficariam limitados a uma expressão residual, com fracas possibilidades de influenciar soluções governativas. Estão entre esses, várias personalidades do PS e do PSD que defendem publicamente a redução do número de deputados.Segundo os salazarentos. Estes são aqueles que nunca se conformaram com a democracia e que fazem eco da concepção de Salazar que, em célebre entrevista a António Ferro, afirmava que para parlamento lhe bastava o Conselho de Ministros. Para esses, qualquer deputado é um deputado a mais e atacam o parlamento em todas as circunstâncias. A razão desse ataque é que o parlamento, enquanto expressão da representatividade democrática do país, é o único órgão de soberania onde a oposição encontra espaço de intervenção institucional. Por isso, o ataque salazarento ao parlamento é acima de tudo um ataque à oposição e à democracia. Entre estes, estão algumas vozes próximas do poder económico e que encontram eco numa comunicação social cada vez mais rendida ao populismo.Terceiro, os idiotas úteis do centrão. Entre estes, estão aqueles que, influenciados pelo discurso enganador dos dois grupos anteriores, e não necessariamente mal intencionados, estão convencidos que reduzir o número de deputados seria uma medida de poupança e uma forma de punir os responsáveis pela má governação do país, roubando o lugar a uma mão-cheia deles. Não estão a ver que aqueles que pretendem punir seriam precisamente os grandes beneficiários da medida que propõem e que em vez de lesar quem exerce o poder a redução do número de deputados lesaria precisamente quem pretende fazer oposição e contribuir para uma alternativa. Não estão a ver que, para o PS e o PSD, não interessa ter muitos deputados: o que lhes interessa é ter o número suficiente para controlar o Parlamento. É por isso que muitos dos que andam para aí em petições a defender a redução do número de deputados estão afinal a contribuir para levar a água ao moinho daqueles que pensam estar a combater. Não passam por isso de idiotas úteis. Úteis ao PS e ao PSD e idiotas quanto à defesa dos reais interesses do povo e do país. Por: António Filipe, Deputado do PCP na Assembleia da República


A propósito da redução do número de deputadosTalvez muitos dos que reivindicam, em tom vociferante, a redução do número de deputados desconheçam que em 1991 foi reduzido o número de deputados de 250 para 230. Os efeitos foram significativos: a proporcionalidade da composição da Assembleia foi automaticamente reduzida; acentuou-se o peso relativo do PS e do PSD; o PCP, que era na altura o terceiro partido (não existindo o BE e estando o CDS reduzido a uma expressão residual) viu reduzida a metade a sua expressão parlamentar. Claro que essa redução se deveu a uma quebra eleitoral significativa, mas o que quero acentuar é que, mesmo que essa quebra não se tivesse verificado, o PCP teria perdido “na secretaria” os seus deputados por Braga, Coimbra, Faro e Leiria. Bem se vê pois que essa ideia de reduzir o número de deputados é tudo menos inocente.Vendo o que por aí se diz e escreve, tendo a dividir os defensores da redução do número de deputados em três grupos:Primeiro, os defensores do Bloco Central e da alternância sem alternativa entre o PS e o PSD. Esses sabem muito bem quais os efeitos da redução do número de deputados e encaram a redução como uma forma ardilosa de obter um seguro de vida para o centrão. O PS e o PSD assegurariam a hegemonia da Assembleia da República e os demais partidos ficariam limitados a uma expressão residual, com fracas possibilidades de influenciar soluções governativas. Estão entre esses, várias personalidades do PS e do PSD que defendem publicamente a redução do número de deputados.Segundo os salazarentos. Estes são aqueles que nunca se conformaram com a democracia e que fazem eco da concepção de Salazar que, em célebre entrevista a António Ferro, afirmava que para parlamento lhe bastava o Conselho de Ministros. Para esses, qualquer deputado é um deputado a mais e atacam o parlamento em todas as circunstâncias. A razão desse ataque é que o parlamento, enquanto expressão da representatividade democrática do país, é o único órgão de soberania onde a oposição encontra espaço de intervenção institucional. Por isso, o ataque salazarento ao parlamento é acima de tudo um ataque à oposição e à democracia. Entre estes, estão algumas vozes próximas do poder económico e que encontram eco numa comunicação social cada vez mais rendida ao populismo.Terceiro, os idiotas úteis do centrão. Entre estes, estão aqueles que, influenciados pelo discurso enganador dos dois grupos anteriores, e não necessariamente mal intencionados, estão convencidos que reduzir o número de deputados seria uma medida de poupança e uma forma de punir os responsáveis pela má governação do país, roubando o lugar a uma mão-cheia deles. Não estão a ver que aqueles que pretendem punir seriam precisamente os grandes beneficiários da medida que propõem e que em vez de lesar quem exerce o poder a redução do número de deputados lesaria precisamente quem pretende fazer oposição e contribuir para uma alternativa. Não estão a ver que, para o PS e o PSD, não interessa ter muitos deputados: o que lhes interessa é ter o número suficiente para controlar o Parlamento. É por isso que muitos dos que andam para aí em petições a defender a redução do número de deputados estão afinal a contribuir para levar a água ao moinho daqueles que pensam estar a combater. Não passam por isso de idiotas úteis. Úteis ao PS e ao PSD e idiotas quanto à defesa dos reais interesses do povo e do país. Por: António Filipe, Deputado do PCP na Assembleia da República

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