Maior 2005: Ainda Silvino Sequeira…

03-08-2010
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A carta aberta publicada abaixo enviada por Fedorento, a quem agradeço a participação, levanta diversos assuntos interessantes. De alguns já aqui falámos sobejamente, outros deverão ser alvo de posteriores debates e há um, bastante óbvio, que recentemente tornou-se uma questão prioritária. Qual o futuro político de Silvino Sequeira?A razão porque se tornou importante fica a dever-se ao facto de João Sequeira, afastado do Parlamento se ter assumido como uma figura de proa no elenco camarário do pai. Mas voltemos um pouco atrás.Há alguns anos atrás, em pleno “reinado” de António Guterres, os socialistas, motivados pelos resultados eleitorais que lhe deram uma quase maioria estavam apostados em levar a cabo uma série de medidas que iriam mexer com o país. Uma delas, a regionalização foi, numa primeira fase, um dado adquirido. Por isso, preparava-se o assalto ao poder regional. Silvino Sequeira, a quem não interessava (nem provavelmente deixavam) voltar a ser deputado, sem competência nem visibilidade para ministro, via no cargo de governador regional a progressão lógica da sua carreira política. Foi por isso para Governador Civil do Distrito de Santarém. Deixava a Câmara entregue a Carlos Frazão e adoptou uma “postura de estado”. Entrevistei-o na altura para o meio de comunicação social da Associação Cultura Jovem e no âmbito de um workshop de jornalismo que monitorizei. A entrevista nunca chegou ao papel, sendo dela apenas publicado um excerto. Naturalmente perdi a gravação. Lembro-me porém, que Silvino Sequeira com uma postura muito séria e determinada falava do “final de um ciclo”. Achava que o seu tempo na autarquia rio-maiorense tinha chegado ao fim e que era altura de ele pensar noutra coisa e da autarquia seguir o seu caminho sem ele. Tanto disse ele, apesar da entrevista ter sido feita um dia antes do anúncio oficial da sua nomeação para o cargo de Governador Civil e ele não poder confirmar nem desmentir a notícia.Com a sua saída, a Câmara Municipal viveu tempos de maior… leveza. A ideia geral com que fiquei, apesar de não ter acompanhado o curto mandato de Carlos Frazão, foi a de que sobretudo os funcionários se sentiam menos pesados e mais livres. Carlos Frazão era uma pessoa mais razoável, aparentemente mais competente, embora menos pró-activa. Na área cultural então, viveram-se tempos de esperança e até o arqueólogo da Câmara Municipal estava a receber alguns meios para o desenvolvimento do seu trabalho.Mas como bem sabem, a pobre regionalização, esquecida na Constituição desde 76, havia de ser devidamente problematizada para que os eleitores no referendo de 1998 não tivessem outra solução que não chumbar um mau projecto. (A este propósito tenho a dizer que foi em conversas com Silvino Sequeira, um regionalista convicto, que percebi a importância da regionalização e as razões que a levaram mais tarde ao chumbo em referendo. Mas isso é outra história.)Ora chumbada a regionalização, Silvino Sequeira, viu-se num cargo decorativo, sem poder e sem futuro. E de repente o ciclo voltava a abrir-se e ele retornava à Câmara. O elenco camarário tornou-se então pequeno para os dois presidentes de Câmara de Rio Maior nos últimos vinte anos. Só podia ganhar Silvino Sequeira e por isso Carlos Frazão teve que sair.Mesmo que Silvino Sequeira diga aos sete ventos o seu futuro político, eu, muito francamente não vou poder acreditar. Porque ele já me enganou uma vez. Percebi então que a palavra de Silvino Sequeira é válida na medida em que se mantenham as condições relativas aos seus interesses pessoais. Por isso guardo reservas perante a palavra dele.


A carta aberta publicada abaixo enviada por Fedorento, a quem agradeço a participação, levanta diversos assuntos interessantes. De alguns já aqui falámos sobejamente, outros deverão ser alvo de posteriores debates e há um, bastante óbvio, que recentemente tornou-se uma questão prioritária. Qual o futuro político de Silvino Sequeira?A razão porque se tornou importante fica a dever-se ao facto de João Sequeira, afastado do Parlamento se ter assumido como uma figura de proa no elenco camarário do pai. Mas voltemos um pouco atrás.Há alguns anos atrás, em pleno “reinado” de António Guterres, os socialistas, motivados pelos resultados eleitorais que lhe deram uma quase maioria estavam apostados em levar a cabo uma série de medidas que iriam mexer com o país. Uma delas, a regionalização foi, numa primeira fase, um dado adquirido. Por isso, preparava-se o assalto ao poder regional. Silvino Sequeira, a quem não interessava (nem provavelmente deixavam) voltar a ser deputado, sem competência nem visibilidade para ministro, via no cargo de governador regional a progressão lógica da sua carreira política. Foi por isso para Governador Civil do Distrito de Santarém. Deixava a Câmara entregue a Carlos Frazão e adoptou uma “postura de estado”. Entrevistei-o na altura para o meio de comunicação social da Associação Cultura Jovem e no âmbito de um workshop de jornalismo que monitorizei. A entrevista nunca chegou ao papel, sendo dela apenas publicado um excerto. Naturalmente perdi a gravação. Lembro-me porém, que Silvino Sequeira com uma postura muito séria e determinada falava do “final de um ciclo”. Achava que o seu tempo na autarquia rio-maiorense tinha chegado ao fim e que era altura de ele pensar noutra coisa e da autarquia seguir o seu caminho sem ele. Tanto disse ele, apesar da entrevista ter sido feita um dia antes do anúncio oficial da sua nomeação para o cargo de Governador Civil e ele não poder confirmar nem desmentir a notícia.Com a sua saída, a Câmara Municipal viveu tempos de maior… leveza. A ideia geral com que fiquei, apesar de não ter acompanhado o curto mandato de Carlos Frazão, foi a de que sobretudo os funcionários se sentiam menos pesados e mais livres. Carlos Frazão era uma pessoa mais razoável, aparentemente mais competente, embora menos pró-activa. Na área cultural então, viveram-se tempos de esperança e até o arqueólogo da Câmara Municipal estava a receber alguns meios para o desenvolvimento do seu trabalho.Mas como bem sabem, a pobre regionalização, esquecida na Constituição desde 76, havia de ser devidamente problematizada para que os eleitores no referendo de 1998 não tivessem outra solução que não chumbar um mau projecto. (A este propósito tenho a dizer que foi em conversas com Silvino Sequeira, um regionalista convicto, que percebi a importância da regionalização e as razões que a levaram mais tarde ao chumbo em referendo. Mas isso é outra história.)Ora chumbada a regionalização, Silvino Sequeira, viu-se num cargo decorativo, sem poder e sem futuro. E de repente o ciclo voltava a abrir-se e ele retornava à Câmara. O elenco camarário tornou-se então pequeno para os dois presidentes de Câmara de Rio Maior nos últimos vinte anos. Só podia ganhar Silvino Sequeira e por isso Carlos Frazão teve que sair.Mesmo que Silvino Sequeira diga aos sete ventos o seu futuro político, eu, muito francamente não vou poder acreditar. Porque ele já me enganou uma vez. Percebi então que a palavra de Silvino Sequeira é válida na medida em que se mantenham as condições relativas aos seus interesses pessoais. Por isso guardo reservas perante a palavra dele.

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