Escaninho: Eros e a psique

19-12-2009
marcar artigo


Conta a lenda que dormiaUma Princesa encantadaA quem só despertariaUm Infante, que viriaDe além do muro da estrada. Ele tinha que, tentado,Vencer o mal e o bem,Antes que, já libertado,Deixasse o caminho erradoPor o que à Princesa vem. A Princesa Adormecida,Se espera, dormindo espera,Sonha em morte a sua vida,E orna-lhe a fronte esquecida,Verde, uma grinalda de hera. Longe o Infante, esforçado,Sem saber que intuito tem,Rompe o caminho fadado,Ele dela é ignorado,Ela para ele é ninguém. Mas cada um cumpre o DestinoEla dormindo encantada,Ele buscando-a sem tinoPelo processo divinoQue faz existir a estrada. E, se bem que seja obscuroTudo pela estrada fora,E falso, ele vem seguro,E vencendo estrada e muro,Chega onde em sono ela mora, E, inda tonto do que houvera,À cabeça, em maresia,Ergue a mão, e encontra hera,E vê que ele mesmo eraA Princesa que dormia. Fernando Pessoa


Conta a lenda que dormiaUma Princesa encantadaA quem só despertariaUm Infante, que viriaDe além do muro da estrada. Ele tinha que, tentado,Vencer o mal e o bem,Antes que, já libertado,Deixasse o caminho erradoPor o que à Princesa vem. A Princesa Adormecida,Se espera, dormindo espera,Sonha em morte a sua vida,E orna-lhe a fronte esquecida,Verde, uma grinalda de hera. Longe o Infante, esforçado,Sem saber que intuito tem,Rompe o caminho fadado,Ele dela é ignorado,Ela para ele é ninguém. Mas cada um cumpre o DestinoEla dormindo encantada,Ele buscando-a sem tinoPelo processo divinoQue faz existir a estrada. E, se bem que seja obscuroTudo pela estrada fora,E falso, ele vem seguro,E vencendo estrada e muro,Chega onde em sono ela mora, E, inda tonto do que houvera,À cabeça, em maresia,Ergue a mão, e encontra hera,E vê que ele mesmo eraA Princesa que dormia. Fernando Pessoa

marcar artigo