Bloco de Esquerda acusa Passos de "continuar coligação com Governo"

21-02-2011
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A morte anunciada da moção de censura - com a abstenção do PSD - levou ontem o Bloco de Esquerda (BE) a tentar "colar" os sociais-democratas à governação socialista. É para já o único dividendo que os bloquistas retiram da iniciativa.

"O que o PSD fez foi dar o braço ao PS para manter a maioria que aprova os PEC e o Orçamento do Estado. O PSD não fez mais do que sustentar uma maioria que permite todas estas políticas e mostrou que vai continuar esta coligação com o Governo", afirmou Pedro Soares, deputado do BE. Para o deputado, a moção já veio mostrar um dado importante: "A clarificação política." A abstenção do CDS também foi lida como uma salvação do Governo. "Paulo Portas tem-se vangloriado de ter sido o primeiro a dizer "saia" ao primeiro-ministro. Ficamos a saber que é o primeiro a dizer "fique"", disse o deputado bloquista João Semedo.

O anúncio da moção de censura do BE foi motivo de divergências internas sobretudo relacionadas com o facto de a questão não ter sido colocada pela liderança do partido na reunião da mesa nacional, dias antes da decisão tomada pela comissão política.

Gil Garcia, líder do movimento Ruptura/FER, muito crítico da liderança de Francisco Louçã, reconhece que do ponto de vista estatutário não há nada que obrigue a comissão política a pedir a anuência da mesa nacional - o órgão máximo do BE entre convenções - para defender no Parlamento uma moção de censura. "Tem poder para isso. Não há nenhuma violação, mas não é muito correcto", disse ao PÚBLICO o bloquista. Sobretudo porque vários elementos da mesa nacional defenderam, na reunião de dia 5, que o BE deveria avançar com uma moção de censura. "Quase nos enxovalharam", recorda Gil Garcia: a ideia não foi aceite, não havendo referência ao assunto na resolução política saída do encontro. "A liderança do partido andou a dizer que não durante três dias e depois faz o anúncio no Parlamento."

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Ontem, Semedo, que é também membro da comissão política do BE, garantiu que "todos os membros da mesa nacional foram consultados previamente à apresentação [da moção] e já depois da decisão tomada na comissão política". E acrescentou que "a esmagadora maioria" dos membros da mesa concordam com a iniciativa.

Estas movimentações, que agudi- zaram as divisões internas no BE, provocaram duas baixas na mesa nacional: Paulo Silva, da Esquerda Nova e conotado com a corrente maoísta, e Isabel Faria, da Ruptura/FER, ligada aos trotskistas, anunciaram a sua saída daquele órgão (esta última por causa do apoio do BE a Manuel Alegre). Gil Garcia diz que não se prevêem mais saídas a médio prazo, mas avisa que, se o BE "insistir numa aproximação ao PS", ele também equacionará sair.

É que Garcia, apesar de considerar que o BE deve apresentar uma moção de censura já, aponta dois "erros graves" neste processo a Louçã e à actual direcção. "O apoio, com o Governo, a Manuel Alegre levou o BE a violar os seus princípios fundadores de ser uma alternativa a PS e PSD; e mostrou-se indisponível para apresentar uma moção, contrariando boa parte da mesa nacional, mas depois anunciou-a uns dias depois sem coesão do partido."

A morte anunciada da moção de censura - com a abstenção do PSD - levou ontem o Bloco de Esquerda (BE) a tentar "colar" os sociais-democratas à governação socialista. É para já o único dividendo que os bloquistas retiram da iniciativa.

"O que o PSD fez foi dar o braço ao PS para manter a maioria que aprova os PEC e o Orçamento do Estado. O PSD não fez mais do que sustentar uma maioria que permite todas estas políticas e mostrou que vai continuar esta coligação com o Governo", afirmou Pedro Soares, deputado do BE. Para o deputado, a moção já veio mostrar um dado importante: "A clarificação política." A abstenção do CDS também foi lida como uma salvação do Governo. "Paulo Portas tem-se vangloriado de ter sido o primeiro a dizer "saia" ao primeiro-ministro. Ficamos a saber que é o primeiro a dizer "fique"", disse o deputado bloquista João Semedo.

O anúncio da moção de censura do BE foi motivo de divergências internas sobretudo relacionadas com o facto de a questão não ter sido colocada pela liderança do partido na reunião da mesa nacional, dias antes da decisão tomada pela comissão política.

Gil Garcia, líder do movimento Ruptura/FER, muito crítico da liderança de Francisco Louçã, reconhece que do ponto de vista estatutário não há nada que obrigue a comissão política a pedir a anuência da mesa nacional - o órgão máximo do BE entre convenções - para defender no Parlamento uma moção de censura. "Tem poder para isso. Não há nenhuma violação, mas não é muito correcto", disse ao PÚBLICO o bloquista. Sobretudo porque vários elementos da mesa nacional defenderam, na reunião de dia 5, que o BE deveria avançar com uma moção de censura. "Quase nos enxovalharam", recorda Gil Garcia: a ideia não foi aceite, não havendo referência ao assunto na resolução política saída do encontro. "A liderança do partido andou a dizer que não durante três dias e depois faz o anúncio no Parlamento."

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Ontem, Semedo, que é também membro da comissão política do BE, garantiu que "todos os membros da mesa nacional foram consultados previamente à apresentação [da moção] e já depois da decisão tomada na comissão política". E acrescentou que "a esmagadora maioria" dos membros da mesa concordam com a iniciativa.

Estas movimentações, que agudi- zaram as divisões internas no BE, provocaram duas baixas na mesa nacional: Paulo Silva, da Esquerda Nova e conotado com a corrente maoísta, e Isabel Faria, da Ruptura/FER, ligada aos trotskistas, anunciaram a sua saída daquele órgão (esta última por causa do apoio do BE a Manuel Alegre). Gil Garcia diz que não se prevêem mais saídas a médio prazo, mas avisa que, se o BE "insistir numa aproximação ao PS", ele também equacionará sair.

É que Garcia, apesar de considerar que o BE deve apresentar uma moção de censura já, aponta dois "erros graves" neste processo a Louçã e à actual direcção. "O apoio, com o Governo, a Manuel Alegre levou o BE a violar os seus princípios fundadores de ser uma alternativa a PS e PSD; e mostrou-se indisponível para apresentar uma moção, contrariando boa parte da mesa nacional, mas depois anunciou-a uns dias depois sem coesão do partido."

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