Saúde SA: Lendas e Narrativas (Tomo III)

06-08-2010
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O “negócio” da saúdeEm vez de 660 mil vacinas para a Gripe A H1N1, Portugal vai receber 990 mil doses para a gripe sazonal. É esta base do acordo negociado entre o Ministério de Ana Jorge e a farmacêutica que forneceu ao país as doses da vacina Pandemrix. Através deste entendimento, a tutela quis minimizar um investimento de 45 milhões de euros. O negócio, explicou a ministra da Saúde, "apagou 15 milhões". Quanto à quantidade de vacinas pandémicas compradas à GlaxoSmithKline, a governante admitiu que o primeiro pacote de doses - seis milhões - se revelou excessivo. O Estado português negociou, por essa razão, a anulação de uma remessa de dois milhões, o que resultou na poupança de 15 milhões de euros. Dos demais quatro milhões, metade é necessária para a vacinação contra o vírus H1N1, tendo sido já administradas 770 mil doses; cerca de um milhão foi convertido na vacina sazonal e outro milhão, no valor de 7,5 milhões de euros, permanece por negociar. "O equivalente a um milhão de doses, leia-se 7,5 milhões, vai ser pago numa fatia grande, este ano, quando vierem as vacinas para a gripe sazonal, mais o excesso das 320 mil doses para o H1N1. No ano seguinte pagará as 330 mil doses de sazonal e no outro ano 330 mil doses", detalhou Ana Jorge.… / …Esta elaborada “operação” faz bem a ilustração do risco zero dos privados sempre que negoceiam com o Estado. Nesta (já longa) história vacinal persistem muitas questões sem resposta:- a dificuldade em se ter conhecimento público dos termos exactos do contrato estabelecido entre o Estado e a GSK;- a razão porque não foram accionadas nenhumas cláusulas de salvaguarda quando, em plena fase de “incerteza pandémica” o laboratório incumpriu os prazos de entrega com que se tinha (contratualmente) comprometido;- a razão porque se optou apenas por um laboratório fornecedor;- a suposta inexistência de cláusulas contratuais que salvaguardassem que o risco não ficava, totalmente, do lado do MS;Finalmente:- a explicação técnica e económica para estas medidas ora anunciadas: “gratuitidade”, alteração de critérios e impacto sobre a concorrência face ao manifesto risco de dominação do mercado, nos próximos três anos, pela GSK.Herculano Etiquetas: Ana Jorge, lendas e narrativas, s.n.s

O “negócio” da saúdeEm vez de 660 mil vacinas para a Gripe A H1N1, Portugal vai receber 990 mil doses para a gripe sazonal. É esta base do acordo negociado entre o Ministério de Ana Jorge e a farmacêutica que forneceu ao país as doses da vacina Pandemrix. Através deste entendimento, a tutela quis minimizar um investimento de 45 milhões de euros. O negócio, explicou a ministra da Saúde, "apagou 15 milhões". Quanto à quantidade de vacinas pandémicas compradas à GlaxoSmithKline, a governante admitiu que o primeiro pacote de doses - seis milhões - se revelou excessivo. O Estado português negociou, por essa razão, a anulação de uma remessa de dois milhões, o que resultou na poupança de 15 milhões de euros. Dos demais quatro milhões, metade é necessária para a vacinação contra o vírus H1N1, tendo sido já administradas 770 mil doses; cerca de um milhão foi convertido na vacina sazonal e outro milhão, no valor de 7,5 milhões de euros, permanece por negociar. "O equivalente a um milhão de doses, leia-se 7,5 milhões, vai ser pago numa fatia grande, este ano, quando vierem as vacinas para a gripe sazonal, mais o excesso das 320 mil doses para o H1N1. No ano seguinte pagará as 330 mil doses de sazonal e no outro ano 330 mil doses", detalhou Ana Jorge.… / …Esta elaborada “operação” faz bem a ilustração do risco zero dos privados sempre que negoceiam com o Estado. Nesta (já longa) história vacinal persistem muitas questões sem resposta:- a dificuldade em se ter conhecimento público dos termos exactos do contrato estabelecido entre o Estado e a GSK;- a razão porque não foram accionadas nenhumas cláusulas de salvaguarda quando, em plena fase de “incerteza pandémica” o laboratório incumpriu os prazos de entrega com que se tinha (contratualmente) comprometido;- a razão porque se optou apenas por um laboratório fornecedor;- a suposta inexistência de cláusulas contratuais que salvaguardassem que o risco não ficava, totalmente, do lado do MS;Finalmente:- a explicação técnica e económica para estas medidas ora anunciadas: “gratuitidade”, alteração de critérios e impacto sobre a concorrência face ao manifesto risco de dominação do mercado, nos próximos três anos, pela GSK.Herculano Etiquetas: Ana Jorge, lendas e narrativas, s.n.s

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