Impressões de um Boticário de Província

23-05-2011
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pagando-lhes O DOBRO

TODOS

Não é de hoje que sabemos que a sustentabilidade operacional do nosso sistema de saúde está em causa por causa da falta de médicos. Durante anos as entradas nas faculdades de medicina foram dificultadas ao máximo - em 1986 o numerus clausus nacional foi de 190! - por forma a fazer valer a velhinha lei da oferta e da procura: quanta mais escassez de médicos houver maior será o valor das suas remunerações. Simples.Chegados ao ponto em que já não é possível esconder o problema nem dos mais distraídos é altura, à boa maneira portuguesa, de discutir soluções de emergência. E, à boa maneira portuguesa, sobretudo quando grandes interesses estão em cima da mesa, em vez de se eliminarem as causas principais do problema, aumentando as vagas de admissão no curso de Medicina - só uma cidade de uma província pobre e periférica espanhola, Santiago de Compostela, abriu este ano 350 lugares! - e eliminando o regabofe das licenças sem vencimento, surgem ideias que aparentemente tem como único objectivo perpetuar, e talvez mesmo agravar, os efeitos do problema.É o caso do projecto que o Bloco de Esquerda vai entregar para travar a fuga de médicos para o sector privado. O BE, preocupado com os pobres e desfavorecidos médicos, coitados, através do Deputado João Semedo, diz que «o trabalho médico é muito mal pago nos serviços públicos» e propõe - segundo o Expresso, que dá 20 vezes mais espaço a isto que ao relatório de Primavera do OPSS - «alterar o regime remuneratório e o sistema de vínculos e carreiras», que «há necessidade de segurar os especialistas que aos 50 anos não utilizam a prerrogativa de abandonar os serviços de urgênciado que recebem», sendo necessário que o Estado «assuma o compromisso de garantir a vaga aos médicos que concluem o ano comum».O Deputado João Semedo do BE é um destes médicos «muito mal pagos nos serviços públicos». Obviamente.

pagando-lhes O DOBRO

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Não é de hoje que sabemos que a sustentabilidade operacional do nosso sistema de saúde está em causa por causa da falta de médicos. Durante anos as entradas nas faculdades de medicina foram dificultadas ao máximo - em 1986 o numerus clausus nacional foi de 190! - por forma a fazer valer a velhinha lei da oferta e da procura: quanta mais escassez de médicos houver maior será o valor das suas remunerações. Simples.Chegados ao ponto em que já não é possível esconder o problema nem dos mais distraídos é altura, à boa maneira portuguesa, de discutir soluções de emergência. E, à boa maneira portuguesa, sobretudo quando grandes interesses estão em cima da mesa, em vez de se eliminarem as causas principais do problema, aumentando as vagas de admissão no curso de Medicina - só uma cidade de uma província pobre e periférica espanhola, Santiago de Compostela, abriu este ano 350 lugares! - e eliminando o regabofe das licenças sem vencimento, surgem ideias que aparentemente tem como único objectivo perpetuar, e talvez mesmo agravar, os efeitos do problema.É o caso do projecto que o Bloco de Esquerda vai entregar para travar a fuga de médicos para o sector privado. O BE, preocupado com os pobres e desfavorecidos médicos, coitados, através do Deputado João Semedo, diz que «o trabalho médico é muito mal pago nos serviços públicos» e propõe - segundo o Expresso, que dá 20 vezes mais espaço a isto que ao relatório de Primavera do OPSS - «alterar o regime remuneratório e o sistema de vínculos e carreiras», que «há necessidade de segurar os especialistas que aos 50 anos não utilizam a prerrogativa de abandonar os serviços de urgênciado que recebem», sendo necessário que o Estado «assuma o compromisso de garantir a vaga aos médicos que concluem o ano comum».O Deputado João Semedo do BE é um destes médicos «muito mal pagos nos serviços públicos». Obviamente.

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