Câmara Corporativa: A santa aliança (PSD-BE) baqueou

31-05-2010
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“Na comissão parlamentar de inquérito ao negócio PT-TVI, Pedro Silva Pereira arrasara João Semedo do BE.” Susana Barros no Correio PretoOntem era o dia mais esperado na Comissão Parlamentar de Inquérito. João Semedo convenceu-se (bem como convenceu uma boa parte dos jornalistas) que tinha encontrado a peça final do puzzle que construíra nos seus apontamentos e na sua cabeça: ia ter oportunidade de interrogar o “ministro do governo anterior” que tudo indicava ter do negócio informação privilegiada à hora de almoço do dia 25 de Junho, quinta-feira, quando o executivo afirmava nada conhecer.Ora, o “tudo” não era, afinal, grande coisa. O take da Rádio Renascença que resumia uma peça radiofónica do início dessa tarde — que era um resumo, naturalmente, do briefing do Conselho de Ministros no qual Silva Pereira abordara a questão —, foi uma casca de banana (resta saber quem a pôs lá) em que Semedo escorregou espectacularmente.O que se viu foi, no mínimo, embaraçoso para um deputado que todos têm (tinham?) por ser um exemplo de capacidade de trabalho (mesmo que não de boa fé): sofrer uma humilhação em directo, com Silva Pereira a mostrar por que 1 + 1 são 2 e provando — atenção: não acusando, mas provando — que tudo o que fora dito nessa conferência era público e tinha fontes institucionais perfeitamente identificadas.Afinal de contas, tudo teria sido evitável se Semedo — ou alguém por ele — tivesse feito o trabalho de casa: as declarações de Silva Pereira, que seriam fáceis de confrontar com as fontes da informação pública por ele usadas, estavam on-line, no portal do Governo. Semedo foi traído por um misto de soberba, de confiança excessiva nos seus instintos (tantas vezes invocados) e da certeza de que os esquemas desenhados no seu caderno correspondem a um qualquer grande esquema maquinado por um governo para tomar conta de uma estação de televisão.Com um relator destes — ainda por cima com o orgulho ferido —, todos estamos a ver o relatório que vai sair desta Comissão Parlamentar de Inquérito.PS — Pacheco Pereira, tirando um pequeno “ralhete” patético que deu a Silva Pereira — próprio de quem ficara desarmado perante a força das palavras do depoente —, não colocou qualquer questão à pessoa que era vista como a peça até aqui decisiva neste puzzle; e o PCP fez algo inaudito, que foi dispensar a segunda ronda de perguntas. Tudo indicadores claros da derrota expressiva dos justiceiros, vergados, por uma vez que seja, ao poder da razão.

“Na comissão parlamentar de inquérito ao negócio PT-TVI, Pedro Silva Pereira arrasara João Semedo do BE.” Susana Barros no Correio PretoOntem era o dia mais esperado na Comissão Parlamentar de Inquérito. João Semedo convenceu-se (bem como convenceu uma boa parte dos jornalistas) que tinha encontrado a peça final do puzzle que construíra nos seus apontamentos e na sua cabeça: ia ter oportunidade de interrogar o “ministro do governo anterior” que tudo indicava ter do negócio informação privilegiada à hora de almoço do dia 25 de Junho, quinta-feira, quando o executivo afirmava nada conhecer.Ora, o “tudo” não era, afinal, grande coisa. O take da Rádio Renascença que resumia uma peça radiofónica do início dessa tarde — que era um resumo, naturalmente, do briefing do Conselho de Ministros no qual Silva Pereira abordara a questão —, foi uma casca de banana (resta saber quem a pôs lá) em que Semedo escorregou espectacularmente.O que se viu foi, no mínimo, embaraçoso para um deputado que todos têm (tinham?) por ser um exemplo de capacidade de trabalho (mesmo que não de boa fé): sofrer uma humilhação em directo, com Silva Pereira a mostrar por que 1 + 1 são 2 e provando — atenção: não acusando, mas provando — que tudo o que fora dito nessa conferência era público e tinha fontes institucionais perfeitamente identificadas.Afinal de contas, tudo teria sido evitável se Semedo — ou alguém por ele — tivesse feito o trabalho de casa: as declarações de Silva Pereira, que seriam fáceis de confrontar com as fontes da informação pública por ele usadas, estavam on-line, no portal do Governo. Semedo foi traído por um misto de soberba, de confiança excessiva nos seus instintos (tantas vezes invocados) e da certeza de que os esquemas desenhados no seu caderno correspondem a um qualquer grande esquema maquinado por um governo para tomar conta de uma estação de televisão.Com um relator destes — ainda por cima com o orgulho ferido —, todos estamos a ver o relatório que vai sair desta Comissão Parlamentar de Inquérito.PS — Pacheco Pereira, tirando um pequeno “ralhete” patético que deu a Silva Pereira — próprio de quem ficara desarmado perante a força das palavras do depoente —, não colocou qualquer questão à pessoa que era vista como a peça até aqui decisiva neste puzzle; e o PCP fez algo inaudito, que foi dispensar a segunda ronda de perguntas. Tudo indicadores claros da derrota expressiva dos justiceiros, vergados, por uma vez que seja, ao poder da razão.

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