Da Literatura: O STATU QUO

20-05-2011
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Aqui fica o texto publicado hoje às 12:56PM no SIMplex:Infelizmente, as pessoas não querem saber de política. As pessoas querem clubite. Num país em que a ditadura (1926-74) anestesiou a opinião pública com futebol, a massa crítica tornou-se praticamete virtual. A emigração, sobretudo a dos anos 1950-60, não foi exclusiva do operariado pouco qualificado e, em regra, de esquerda. Hoje, infelizmente, o patamar subiu. É cada vez maior o número de quadros especializados (e mesmo de cientistas!) que emigra. Muitos formaram-se nos países que adoptam como seus. Outros não têm outro remédio se quiserem progredir nas áreas respectivas. Tirando o sector da finança, onde há sempre lugar para a meia-dúzia que entretanto fez tirocínios em Londres ou Nova Iorque, quando não mesmo em Madrid, o país não tem condições para dar emprego compatível às resmas de licenciados que todos os anos o ensino superior põe no mercado (mesmo considerando que três quintos pudessem ser aproveitados como amanuenses das autarquias do interior). A que leva o intróito?A uma coisa muito simples. Muita gente, sobretudo da direita, mas não só, abjura o actual quadro partidário. O meu amigo Rui Zink, e o antropólogo Manuel João Ramos, ex-vereador da Câmara de Lisboa, até criaram o Partido Nulo. E os blogues de direita estão sempre a louvar-se nas conclusões de Medina Carreira, Silva Lopes, Campos e Cunha, etc., embora a maior parte das vezes não percebam o alcance das soluções (sobretudo as de Medina Carreira) propostas. Seria natural, num país com massa crítica autónoma, que tanto vitupera a «situação», isto é, o rotativismo entre PS e PSD, que essa maioria silenciosa se unisse em torno dos arautos do Apocalipse. Por que será que ninguém leva tais propostas a votos?Porque a direita pretende mudar o que julga ser o acessório (o PS de Sócrates) para poder manter o statu quo.[Imagem de Bruno Budrovic.]Etiquetas: Legislativas 2009, SIMplex

Aqui fica o texto publicado hoje às 12:56PM no SIMplex:Infelizmente, as pessoas não querem saber de política. As pessoas querem clubite. Num país em que a ditadura (1926-74) anestesiou a opinião pública com futebol, a massa crítica tornou-se praticamete virtual. A emigração, sobretudo a dos anos 1950-60, não foi exclusiva do operariado pouco qualificado e, em regra, de esquerda. Hoje, infelizmente, o patamar subiu. É cada vez maior o número de quadros especializados (e mesmo de cientistas!) que emigra. Muitos formaram-se nos países que adoptam como seus. Outros não têm outro remédio se quiserem progredir nas áreas respectivas. Tirando o sector da finança, onde há sempre lugar para a meia-dúzia que entretanto fez tirocínios em Londres ou Nova Iorque, quando não mesmo em Madrid, o país não tem condições para dar emprego compatível às resmas de licenciados que todos os anos o ensino superior põe no mercado (mesmo considerando que três quintos pudessem ser aproveitados como amanuenses das autarquias do interior). A que leva o intróito?A uma coisa muito simples. Muita gente, sobretudo da direita, mas não só, abjura o actual quadro partidário. O meu amigo Rui Zink, e o antropólogo Manuel João Ramos, ex-vereador da Câmara de Lisboa, até criaram o Partido Nulo. E os blogues de direita estão sempre a louvar-se nas conclusões de Medina Carreira, Silva Lopes, Campos e Cunha, etc., embora a maior parte das vezes não percebam o alcance das soluções (sobretudo as de Medina Carreira) propostas. Seria natural, num país com massa crítica autónoma, que tanto vitupera a «situação», isto é, o rotativismo entre PS e PSD, que essa maioria silenciosa se unisse em torno dos arautos do Apocalipse. Por que será que ninguém leva tais propostas a votos?Porque a direita pretende mudar o que julga ser o acessório (o PS de Sócrates) para poder manter o statu quo.[Imagem de Bruno Budrovic.]Etiquetas: Legislativas 2009, SIMplex

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