O Carmo e a Trindade: Da Tasca ao Salão

23-12-2009
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Seja entre um copo de três, uma cerveja ou um champanhe, os portugueses maldizem os seus políticos, assacam-lhes os piores defeitos e resumem-nos a um ‘governam-se’, tudo num juízo generalizado de que os políticos não nos governam, apenas se dedicam a tratar das suas vidinhas e sobretudo nunca dizem a verdade.É claro que o pensamento é generalizado e injusto – como todas as generalizações – para aqueles que servem e se dedicam à política com verdadeiro sacrifício das suas vidas pessoais e profissionais. Mas a verdade é que o paradigma passou a ser o de que ter actividade política é igual a ter cadastro. Tornou-se uma presunção. Por isso é que era e é tão importante (re)credibilizar a classe política e dar sinais concretos dessa linha de actuação, não numa lógica de puritanismo político ou no âmbito de uma visão de ‘judicialização política’ mas sim de exigir referências de actuação e de dar garantias à população de quem são os seus representantes. E 2009 é amanhã: esses sinais têm de ser dados.As escolhas devem gerar confiança na população (não escrevi eleitorado de propósito). O elemento confiança passa por perfis de credibilidade e pela recusa de pactos implícitos ou explícitos com o facilitismo, a falta de rigor ou o deslumbramento com o poder que tantos tem perdido. Há que acabar de vez com a necessidade de dar ‘emprego político’ a quem apenas precisa da política para sobreviver, numa visão de clientelas ou suporte de vaidades de que o País já não pode, definitivamente, nem ouvir falar. A verdade é que não podemos entregar-nos às inevitabilidades, temos de fazer com que a participação política não decresça, porque dela depende a nossa vida quotidiana e a qualidade da nossa Democracia (sermos mal ou bem governados, com seriedade, competência e verdade é falar de um País com rumo, planificação e rigor, ainda que em tempos difíceis, o contrário é navegar ao sabor das marés e de venialidades).É preciso coragem – muita – é evidente, para acabar com as más práticas políticas, mas esse é o caminho, porque a manutenção do pântano já não é aguentável. Para que valha ou definitivamente não valha a pena e para que tantos não continuem a afastar-se.Como escreveu Alberoni num recente artigo de opinião: "Aqueles que agiram bem acabam por ser apoiados, por ter um qualquer reconhecimento e a dor não será a única paga que recebem."Na vida, como na política.Paula Teixeira da CruzIn Correio da Manhã


Seja entre um copo de três, uma cerveja ou um champanhe, os portugueses maldizem os seus políticos, assacam-lhes os piores defeitos e resumem-nos a um ‘governam-se’, tudo num juízo generalizado de que os políticos não nos governam, apenas se dedicam a tratar das suas vidinhas e sobretudo nunca dizem a verdade.É claro que o pensamento é generalizado e injusto – como todas as generalizações – para aqueles que servem e se dedicam à política com verdadeiro sacrifício das suas vidas pessoais e profissionais. Mas a verdade é que o paradigma passou a ser o de que ter actividade política é igual a ter cadastro. Tornou-se uma presunção. Por isso é que era e é tão importante (re)credibilizar a classe política e dar sinais concretos dessa linha de actuação, não numa lógica de puritanismo político ou no âmbito de uma visão de ‘judicialização política’ mas sim de exigir referências de actuação e de dar garantias à população de quem são os seus representantes. E 2009 é amanhã: esses sinais têm de ser dados.As escolhas devem gerar confiança na população (não escrevi eleitorado de propósito). O elemento confiança passa por perfis de credibilidade e pela recusa de pactos implícitos ou explícitos com o facilitismo, a falta de rigor ou o deslumbramento com o poder que tantos tem perdido. Há que acabar de vez com a necessidade de dar ‘emprego político’ a quem apenas precisa da política para sobreviver, numa visão de clientelas ou suporte de vaidades de que o País já não pode, definitivamente, nem ouvir falar. A verdade é que não podemos entregar-nos às inevitabilidades, temos de fazer com que a participação política não decresça, porque dela depende a nossa vida quotidiana e a qualidade da nossa Democracia (sermos mal ou bem governados, com seriedade, competência e verdade é falar de um País com rumo, planificação e rigor, ainda que em tempos difíceis, o contrário é navegar ao sabor das marés e de venialidades).É preciso coragem – muita – é evidente, para acabar com as más práticas políticas, mas esse é o caminho, porque a manutenção do pântano já não é aguentável. Para que valha ou definitivamente não valha a pena e para que tantos não continuem a afastar-se.Como escreveu Alberoni num recente artigo de opinião: "Aqueles que agiram bem acabam por ser apoiados, por ter um qualquer reconhecimento e a dor não será a única paga que recebem."Na vida, como na política.Paula Teixeira da CruzIn Correio da Manhã

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