Da Literatura: AS PENSÕES, AGAIN

19-12-2009
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Sob o título AIG revê plano de prémios para funcionários, João Ramos de Almeida assina hoje no Público (cito a edição online) um texto relativo às previsões da OCDE, para 2050, das pensões de reforma. O subtítulo da peça é: Governo evitou falar na baixa das reformas. Afinal, o artigo é sobre o futuro dos funcionários americanos da AIG, ou sobre os trabalhadores portugueses em geral?A abrir, lemos: «A administração da seguradora norte-americana AIG, nomeada pelo Estado depois da ajuda pública de 180 mil milhões de dólares, aceitou reformular os prémios previstos para os seus [dela, AIG] funcionários e que ascendem, para 2008, a 220 milhões de dólares.»E logo a seguir: «Os documentos oficiais da reforma de 2006 mostram que o Governo evitou a conclusão de que as pensões iriam baixar. O executivo não comentou até à hora de fecho desta edição.»Qual a relação de uma coisa e outra? Em que parte é que o ministro Vieira da Silva responde pela AIG? Será que a edição online do jornal sobrepôs dois textos distintos?Lá mais para o fim, o articulista escreve: «Para quem está no mercado de trabalho, não vai ser fácil estimar a quebra da sua pensão. As estimativas da OCDE — as mais completas — são para 2050. As da Comissão Europeia para 2046 ou 2050. Em grande medida, dependerá do ano de reforma. Em 2030, por exemplo, uma pensão bruta ficará entre o valor actual e o corte previsto para 2050. E quais são essas estimativas? A infografia mostra que para quem se reformar em 2050 e o seu último salário for metade do salário médio (antes de impostos), então a primeira pensão recebida representará 70,4 por cento do salário. Quebra estimada: como antes da reforma de 2006, a pensão representava 92 por cento do salário bruto, [não é verdade, nem sequer para funcionários públicos aposentados a partir de 2003] será de 23 por cento. Mas atente-se que depois de impostos ficará com 81,6 por cento do salário líquido. Isso será correcto se até 2050 não for alterado o nível de tributação, o que é muito improvável e torna qualquer previsão falível.»Ora, se não é fácil estimar quebras de pensões a partir das mil e uma variáveis (início e montante dos descontos, período contributivo, idade do trabalhador, ano de aposentação, esperança de vida, factores de sustentabilidade, carga fiscal, etc.), ainda por cima num horizonte superior a 40 anos, para que serve o arrazoado?Etiquetas: Media, Política nacional, Segurança Social

Sob o título AIG revê plano de prémios para funcionários, João Ramos de Almeida assina hoje no Público (cito a edição online) um texto relativo às previsões da OCDE, para 2050, das pensões de reforma. O subtítulo da peça é: Governo evitou falar na baixa das reformas. Afinal, o artigo é sobre o futuro dos funcionários americanos da AIG, ou sobre os trabalhadores portugueses em geral?A abrir, lemos: «A administração da seguradora norte-americana AIG, nomeada pelo Estado depois da ajuda pública de 180 mil milhões de dólares, aceitou reformular os prémios previstos para os seus [dela, AIG] funcionários e que ascendem, para 2008, a 220 milhões de dólares.»E logo a seguir: «Os documentos oficiais da reforma de 2006 mostram que o Governo evitou a conclusão de que as pensões iriam baixar. O executivo não comentou até à hora de fecho desta edição.»Qual a relação de uma coisa e outra? Em que parte é que o ministro Vieira da Silva responde pela AIG? Será que a edição online do jornal sobrepôs dois textos distintos?Lá mais para o fim, o articulista escreve: «Para quem está no mercado de trabalho, não vai ser fácil estimar a quebra da sua pensão. As estimativas da OCDE — as mais completas — são para 2050. As da Comissão Europeia para 2046 ou 2050. Em grande medida, dependerá do ano de reforma. Em 2030, por exemplo, uma pensão bruta ficará entre o valor actual e o corte previsto para 2050. E quais são essas estimativas? A infografia mostra que para quem se reformar em 2050 e o seu último salário for metade do salário médio (antes de impostos), então a primeira pensão recebida representará 70,4 por cento do salário. Quebra estimada: como antes da reforma de 2006, a pensão representava 92 por cento do salário bruto, [não é verdade, nem sequer para funcionários públicos aposentados a partir de 2003] será de 23 por cento. Mas atente-se que depois de impostos ficará com 81,6 por cento do salário líquido. Isso será correcto se até 2050 não for alterado o nível de tributação, o que é muito improvável e torna qualquer previsão falível.»Ora, se não é fácil estimar quebras de pensões a partir das mil e uma variáveis (início e montante dos descontos, período contributivo, idade do trabalhador, ano de aposentação, esperança de vida, factores de sustentabilidade, carga fiscal, etc.), ainda por cima num horizonte superior a 40 anos, para que serve o arrazoado?Etiquetas: Media, Política nacional, Segurança Social

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