sorumbático: Dez meses que não mudaram Lisboa

19-12-2009
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Por Manuel João RamosDADAS AS CIRCUNSTÂNCIAS, tentei fazer o melhor que pude. Durante dez meses, apresentei diligentemente propostas e requerimentos, li dossiês, alvitrei aqui e ali, votei de modo a ter o menor peso possível na consciência. Recusei o carro com motorista acoplado, mantive-me afastado de recepções, festas e cerimónias, não vesti o típico fato e gravata negros, e não reuni uma vez sequer com banqueiros, empreiteiros ou sindicalistas. Durante dez meses, senti o serpentear dos infecciosos mecanismos de desresponsabilização colectiva que fazem a rotina diária da mais disfuncional, mastodôntica e inimputável autarquia do país. Excepto num ou noutro caso, restringi o meu contributo propositivo aos problemas de mobilidade e segurança viária da cidade. Perorei o menos possível, numa vã tentativa de evitar que as reuniões do executivo camarário se prolongassem para além das dez horas. E nunca deixei de anotar e desenhar em caderno próprio a viagem que fiz à volta do mundo da administração local lisboeta em 304 dias.Em todo este tempo, correndo das aulas para as reuniões camarárias, e destas para casa, volta-não-volta às duas horas da madrugada, uma pergunta perseguiu-me continuamente: “O que estou eu a fazer aqui?”.(...)Texto integral [aqui]Etiquetas: CML, MJR

Por Manuel João RamosDADAS AS CIRCUNSTÂNCIAS, tentei fazer o melhor que pude. Durante dez meses, apresentei diligentemente propostas e requerimentos, li dossiês, alvitrei aqui e ali, votei de modo a ter o menor peso possível na consciência. Recusei o carro com motorista acoplado, mantive-me afastado de recepções, festas e cerimónias, não vesti o típico fato e gravata negros, e não reuni uma vez sequer com banqueiros, empreiteiros ou sindicalistas. Durante dez meses, senti o serpentear dos infecciosos mecanismos de desresponsabilização colectiva que fazem a rotina diária da mais disfuncional, mastodôntica e inimputável autarquia do país. Excepto num ou noutro caso, restringi o meu contributo propositivo aos problemas de mobilidade e segurança viária da cidade. Perorei o menos possível, numa vã tentativa de evitar que as reuniões do executivo camarário se prolongassem para além das dez horas. E nunca deixei de anotar e desenhar em caderno próprio a viagem que fiz à volta do mundo da administração local lisboeta em 304 dias.Em todo este tempo, correndo das aulas para as reuniões camarárias, e destas para casa, volta-não-volta às duas horas da madrugada, uma pergunta perseguiu-me continuamente: “O que estou eu a fazer aqui?”.(...)Texto integral [aqui]Etiquetas: CML, MJR

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