Copo de 3

20-05-2011
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Situação real passada faz relativamente pouco tempo, a garrafa já morava faz alguns meses em situação duvidosa, tinha perdido líquido e esperava-se o pior, agendou-se a sua abertura para companhia entendedora da situação. O dia chegou, rolha inteira sem quebras e a mostrar o local por onde ocorrera o derrame... cheirado o vinho deu em surpresa, se não esperava encontrar grande coisa lá dentro face ao acontecido dei de caras com um tinto bem aprumado e muito cordial a acenar-me, qual senhor simpático da típica mercearia de aldeia, daquelas que vendem um pouco de tudo.

Apesar de gostar do que estava a encontrar com o tempo que por ali andei às voltas, o vinho foi-se desdobrando numa paleta de novos aromas, ameixas maduras e algumas em passa com morangos em boa frescura, travo de tabaco seco, vegetal, sempre mais e melhores sempre bem delicados mas com substância, terciários de bela qualidade... sinais do tempo com um ar de classicismo que faz algum tempo não encontrava. Deu um prazer danado cheirar e beber este vinho, muito bem embrulhado numa frescura muito fiel a todo o conjunto, quer em nariz quer em boca, o pensamento começa a divagar para se o líquido estará num patamar de elevada qualidade... começo a questionar-me se o rótulo fosse outro o vinho levaria aplausos da longa plateia que o levava às beiças ? Instalou-se pois a dúvida... se aquele vinho que ali estava no copo viesse de uma garrafa com um rótulo por exemplo Francês, independentemente do perfil de vinho em causa, seria mais fácil creditar o seu valor ? Seria bem mais fácil atribuir uma nota mais elevada apenas e só porque o nome do rótulo era outro ? Porque razão o vinho servido às cegas merece elogios e quando destapada a garrafa todos dizem ooooo e como num passe de mágica desconstrói-se no imaginário o rótulo fantástico que se pensava estar ali tapado, surge no rosto uma expressão de banalidade como quem diz... pois afinal era aquele, como é que nunca pensei nisso. Afinal de contas o "peso" do rótulo influencia ou não influencia ?

Marimbei-me em tudo isso e  foquei-me apenas no prazer que aquele vinho de terras de Reguengos de Monsaraz me estava a proporcionar, lembrando as boas provas que já me tinham dado algumas das suas primeiras colheitas... o que estava no copo era vinho que não envergonha ninguém, um vinho com  toque de classe e de clássico da região, exemplar que soube evoluir e aguentar-se durante 17 anos, que se galanteia durante a sua prova, um belíssimo vinho aqui, ali ou onde vocês quiserem.Etiquetas: 1994, Alentejo, Carmim, Opinião

Situação real passada faz relativamente pouco tempo, a garrafa já morava faz alguns meses em situação duvidosa, tinha perdido líquido e esperava-se o pior, agendou-se a sua abertura para companhia entendedora da situação. O dia chegou, rolha inteira sem quebras e a mostrar o local por onde ocorrera o derrame... cheirado o vinho deu em surpresa, se não esperava encontrar grande coisa lá dentro face ao acontecido dei de caras com um tinto bem aprumado e muito cordial a acenar-me, qual senhor simpático da típica mercearia de aldeia, daquelas que vendem um pouco de tudo.

Apesar de gostar do que estava a encontrar com o tempo que por ali andei às voltas, o vinho foi-se desdobrando numa paleta de novos aromas, ameixas maduras e algumas em passa com morangos em boa frescura, travo de tabaco seco, vegetal, sempre mais e melhores sempre bem delicados mas com substância, terciários de bela qualidade... sinais do tempo com um ar de classicismo que faz algum tempo não encontrava. Deu um prazer danado cheirar e beber este vinho, muito bem embrulhado numa frescura muito fiel a todo o conjunto, quer em nariz quer em boca, o pensamento começa a divagar para se o líquido estará num patamar de elevada qualidade... começo a questionar-me se o rótulo fosse outro o vinho levaria aplausos da longa plateia que o levava às beiças ? Instalou-se pois a dúvida... se aquele vinho que ali estava no copo viesse de uma garrafa com um rótulo por exemplo Francês, independentemente do perfil de vinho em causa, seria mais fácil creditar o seu valor ? Seria bem mais fácil atribuir uma nota mais elevada apenas e só porque o nome do rótulo era outro ? Porque razão o vinho servido às cegas merece elogios e quando destapada a garrafa todos dizem ooooo e como num passe de mágica desconstrói-se no imaginário o rótulo fantástico que se pensava estar ali tapado, surge no rosto uma expressão de banalidade como quem diz... pois afinal era aquele, como é que nunca pensei nisso. Afinal de contas o "peso" do rótulo influencia ou não influencia ?

Marimbei-me em tudo isso e  foquei-me apenas no prazer que aquele vinho de terras de Reguengos de Monsaraz me estava a proporcionar, lembrando as boas provas que já me tinham dado algumas das suas primeiras colheitas... o que estava no copo era vinho que não envergonha ninguém, um vinho com  toque de classe e de clássico da região, exemplar que soube evoluir e aguentar-se durante 17 anos, que se galanteia durante a sua prova, um belíssimo vinho aqui, ali ou onde vocês quiserem.Etiquetas: 1994, Alentejo, Carmim, Opinião

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