Blog de Espiritismo: A Guerra é Estúpida!

21-01-2011
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A RTP 2 transmitiu durante esta semana uma excelente série de documentários acerca de Fidel Castro, o líder cubano há décadas no poder. Um dos documentários em particular, por nos tocar mais directamente a nós, portugueses, impressionou-me especialmente.Tratava-se da intervenção de Fidel na Guerra Civil de Angola. E desfilavam, ante os nossos olhos, as confissões dos intervenientes, das várias facções. Para quem não sabe, a independência de Angola deu-se em 11 de Novembro de 1975. Uma cimeira de líderes realizada em Portugal, meses antes, acordou essa data, e previa a realização de eleições livres. Contudo, os três movimentos independentistas abriram hostilidades entre si logo após essa cimeira. havia suspeitas de que se um deles chegasse ao poder, não o largaria, e logo trataram de tentar assegurá-lo pela força das armas.O que me desconcerta sempre, na ressaca das guerras, é o contraste entre a atmosfera das cimeiras, das conversações entre líderes, cheia de birras pessoais, de vaidades, de interesses mesquinhos, de manipulações diversas, e a realidade no terreno, onde seres humanos lutam e sofrem, presumivelmente por um ideal.As famílias enlutadas, as vítimas mortais, os estropiados, os que sofreram a fome, o horror, a perseguição, mereciam, a meu ver, uma atitude de mais respeito por parte dos senhores da guerra, que ainda hoje relatam as peripécias da guerra do ponto de vista de quem a viveu no conforto dos gabinetes, do ar condicionado, da mesa farta e até, requinte supremo, das caixas de charutos cubanos.Por detrás das facções em confronto no terreno, os dirigentes da Rússia, dos Estados Unidos, de Cuba, da África do Sul, municiaram durante décadas os que escolheram como aliados. cada um dos países tão desconfiado dos outros como o estavam os três movimentos de libertação.Se uns ofereciam bombardeiros ao MPLA, logo outros ofereciam mísseis stinger à UNITA. Ainda mais distantes do sofrimento no terreno, os líderes mundiais acharam sempre mais cómodo financiar a carnificina em vez de encetarem conversações sérias. Como assistimos recentemente no Iraque e no Afeganistão, na Rússia e na Geórgia, e agora entre Israel e a Palestina.Quando eu fui mobilizado, já lá vão uns anos, falava-se na possibilidade de Portugal ser chamado a intervir numa força conjunta num conflito algures lá para o Médio Oriente. Obediente, como os outros rapazes, preparei-me mentalmente para deixar talvez a minha vida num campo de batalha algures no deserto, sem saber porquê. Entretanto, a Humanidade parece despertar um pouco mais todos os dias, e questiona-se. Não quererão os líderes dar-se ao trabalho de tratar os conflitos como se estivessem os seus filhos no terreno, a sofrer os bombardeamentos e os danos colaterais?À medida que se vai conhecendo mais e mais o valor da paz, que se vai cultivando o esclarecimento e a paz interior, mais nos custa aceitar a estupidez da guerra. A guerra está cada vez mais out! Já não se usa! Tal como já não se usa a escravatura, o rapto de esposas, os duelos ou os açoitamentos públicos. A barbárie vai dando lugar à civilização e a guerra vai-se revelando, cada vez mais, uma estupidez! Na imagem: acrílico sobre tela, de David McKeran.


A RTP 2 transmitiu durante esta semana uma excelente série de documentários acerca de Fidel Castro, o líder cubano há décadas no poder. Um dos documentários em particular, por nos tocar mais directamente a nós, portugueses, impressionou-me especialmente.Tratava-se da intervenção de Fidel na Guerra Civil de Angola. E desfilavam, ante os nossos olhos, as confissões dos intervenientes, das várias facções. Para quem não sabe, a independência de Angola deu-se em 11 de Novembro de 1975. Uma cimeira de líderes realizada em Portugal, meses antes, acordou essa data, e previa a realização de eleições livres. Contudo, os três movimentos independentistas abriram hostilidades entre si logo após essa cimeira. havia suspeitas de que se um deles chegasse ao poder, não o largaria, e logo trataram de tentar assegurá-lo pela força das armas.O que me desconcerta sempre, na ressaca das guerras, é o contraste entre a atmosfera das cimeiras, das conversações entre líderes, cheia de birras pessoais, de vaidades, de interesses mesquinhos, de manipulações diversas, e a realidade no terreno, onde seres humanos lutam e sofrem, presumivelmente por um ideal.As famílias enlutadas, as vítimas mortais, os estropiados, os que sofreram a fome, o horror, a perseguição, mereciam, a meu ver, uma atitude de mais respeito por parte dos senhores da guerra, que ainda hoje relatam as peripécias da guerra do ponto de vista de quem a viveu no conforto dos gabinetes, do ar condicionado, da mesa farta e até, requinte supremo, das caixas de charutos cubanos.Por detrás das facções em confronto no terreno, os dirigentes da Rússia, dos Estados Unidos, de Cuba, da África do Sul, municiaram durante décadas os que escolheram como aliados. cada um dos países tão desconfiado dos outros como o estavam os três movimentos de libertação.Se uns ofereciam bombardeiros ao MPLA, logo outros ofereciam mísseis stinger à UNITA. Ainda mais distantes do sofrimento no terreno, os líderes mundiais acharam sempre mais cómodo financiar a carnificina em vez de encetarem conversações sérias. Como assistimos recentemente no Iraque e no Afeganistão, na Rússia e na Geórgia, e agora entre Israel e a Palestina.Quando eu fui mobilizado, já lá vão uns anos, falava-se na possibilidade de Portugal ser chamado a intervir numa força conjunta num conflito algures lá para o Médio Oriente. Obediente, como os outros rapazes, preparei-me mentalmente para deixar talvez a minha vida num campo de batalha algures no deserto, sem saber porquê. Entretanto, a Humanidade parece despertar um pouco mais todos os dias, e questiona-se. Não quererão os líderes dar-se ao trabalho de tratar os conflitos como se estivessem os seus filhos no terreno, a sofrer os bombardeamentos e os danos colaterais?À medida que se vai conhecendo mais e mais o valor da paz, que se vai cultivando o esclarecimento e a paz interior, mais nos custa aceitar a estupidez da guerra. A guerra está cada vez mais out! Já não se usa! Tal como já não se usa a escravatura, o rapto de esposas, os duelos ou os açoitamentos públicos. A barbárie vai dando lugar à civilização e a guerra vai-se revelando, cada vez mais, uma estupidez! Na imagem: acrílico sobre tela, de David McKeran.

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