O Grande Zoo: O suicídio segue dentro de momentos...

21-01-2011
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Um cidadão atento, que se informasse sobre a conjuntura política autárquica de Coimbra, perceberia rapidamente que o PSD só poderá conservar a liderança da autarquia, se o PS prolongar a sesta política, por que parece estar estranhamente seduzido.Da facto, incompreensivelmente, o PS parece determinado a prolongar, quase até ao excesso da ousadia, a sua modorra política, como se quisesse experimentar a vertigem de, numa corrida para si decisiva, dar um substancial avanço ao adversário, para tentar alcançá-lo sobre a meta, num esforço desesperado.É claro que, quando me refiro a modorra política, não imputo aos responsáveis concelhios uma inércia total. Pelo contrário, têm ocorrido iniciativas regulares, pelo menos duas das quais muito interessantes, relacionadas com a temática autárquica. Noutras circunstâncias, talvez essas actividades exprimissem adequadamente o que se pode esperar da actividade política de um partido, no plano concelhio. Na actual conjuntura, porém, acabam por ficar com a imagem de meros artifícios que, independentemente, do seu conteúdo, parecem simples cortinas destinadas a disfarçar a inércia política dominante.É como se procedêssemos à laboriosa invenção de um deserto, que depois tivéssemos que atravessar. O que, naturalmente, causa perplexidades tanto maiores, quanto, cada dia que passa, se torna mais evidente que o seu resultado quase certo é o prejuízo para o candidato do PS, seja ele qual for.Descontada a inusitada promoção de uma inesperado pré-candidatura independente, que nem de longe suportaria a comparação com, pelo menos, uma dezena de militantes do PS que aspirassem ao mesmo, garantindo assim, seguramente, a derrota e cavando mais fundo a fragmentação política interna que tem atormentado o PS, a sério a sério, há duas hipóteses de candidatura em equação: a do Henrique Fernandes e a do Luís Marinho.Todavia, esta dualidade de hipóteses é mais aparente do que real. De facto, a hipótese do Luís Marinho só surgiu e só foi conquistando espaço e apoios, porque o Henrique Fernandes lhe transmitiu um impulso inicial, estimulando deste modo o próprio a pensar numa hipótese que há muito tinha por completamente afastada. E não apenas lhe transmitiu esse impulso inicial como, uma e mais vezes, a continuou a alimentar. Além disso, mesmo as dificuldades que podiam ser esperadas, quanto a essa solução, no plano distrital, acabaram por não surgir.Era uma hipótese difícil de imaginar há uns meses atrás? Certamente. É uma hipótese com grandes potencialidades politicas positivas? Sem dúvida.De facto, o PS apresentaria assim um candidato com um amplo currículo político nacional e europeu, o que objectivamente ilustrava a importância atribuída pelo Partido ao combate autárquico em Coimbra, constituindo, por isso, de per si, um relevante trunfo político. Não havendo vitórias nem derrotas antecipadas, o PS teria assim um candidato que tornava verosímil uma vitória. Na verdade, assim parecia possível desencadear uma campanha forte que conseguisses envolver, entusiasmar e corresponsabilizar, não só a larga maioria do partido, mas também personalidades e sectores que lhe são exteriores. Mas uma candidatura destas, gerada nos termos em que o foi, teria também, previsivelmente, efeitos muito positivos na pacificação interna do partido, levando muito provavelmente a novas formas de relacionamento, entre as várias sensibilidades internas, de modo a que as diferenças naturais e desejáveis, actualmente existentes, encontrassem terrenos de cooperação mais férteis e formas de competir entre si mais saudáveis.Os ruídos de fundo, as rosnadelas da praxe, os receios por imaginárias perdas de almejados lugares em listas, devem ser encarados com bonomia e serenidade, mas não podem ser alcandorados ao imerecido plano de argumentos políticos. Pelo que não devem sequer ser tidos em conta.Por isso, custa a compreender a razão pela qual Henrique Fernandes hesita ainda em tornar pública a sua opção por Luís Marinho. Cada dia que passa, é um dia a menos, no combate que tem que ser travado. Começa a tornar-se tarde.É claro que nem me passa pela cabeça que, contra toda a racionalidade política, Henrique Fernandes ceda às pressões difusas, que têm procurado exercer sobre ele, pelo menos através da comunicação social, e se deixe empurrar para uma candidatura que, verdadeiramente, parece não desejar.É que uma candidatura de Henrique Fernandes, nas circunstâncias actuais, pouco tem a ver com uma candidatura de Henrique Fernandes, anunciada como se chegou a prever no último Congresso do PS. Se tivesse arrancado então, teria podido fasear as iniciativas e melhorar as condições políticas da sua própria afirmação. Mas, como tal não aconteceu (e não aconteceu, por livre decisão do próprio Henrique Fernandes, como Presidente da Concelhia que vai decidir em última instância), a sua candidatura, se avançasse agora, avançaria com muitíssimo menos probabilidades de vitória, do que aquelas que teria tido na outra hipótese.De facto, se essa infeliz ideia se viesse a concretizar, tudo se passaria como se o próprio Henrique Fernandes tivesse ocupado os últimos meses a fragilizar a sua própria candidatura, para só depois disso a apresentar, o que nos deslocaria da política para o teatro do absurdo.Por isso, não valorizo muito os ruídos mediáticos que parecem querer empurrar neste sentido. E quero crer que, sendo fácil ao PS de Coimbra chegar a uma boa solução, ele não optará pela proeza de alcançar, à custa de um enorme esforço, uma má solução.Mas, se assim for, ou se protelarmos muito mais a solução, podemos cair numa situação em que seja apropriado dizer-se, quanto ao que se está a passar no PS de Coimbra, no plano autárquico: “O suicídio segue dentro de momentos…”


Um cidadão atento, que se informasse sobre a conjuntura política autárquica de Coimbra, perceberia rapidamente que o PSD só poderá conservar a liderança da autarquia, se o PS prolongar a sesta política, por que parece estar estranhamente seduzido.Da facto, incompreensivelmente, o PS parece determinado a prolongar, quase até ao excesso da ousadia, a sua modorra política, como se quisesse experimentar a vertigem de, numa corrida para si decisiva, dar um substancial avanço ao adversário, para tentar alcançá-lo sobre a meta, num esforço desesperado.É claro que, quando me refiro a modorra política, não imputo aos responsáveis concelhios uma inércia total. Pelo contrário, têm ocorrido iniciativas regulares, pelo menos duas das quais muito interessantes, relacionadas com a temática autárquica. Noutras circunstâncias, talvez essas actividades exprimissem adequadamente o que se pode esperar da actividade política de um partido, no plano concelhio. Na actual conjuntura, porém, acabam por ficar com a imagem de meros artifícios que, independentemente, do seu conteúdo, parecem simples cortinas destinadas a disfarçar a inércia política dominante.É como se procedêssemos à laboriosa invenção de um deserto, que depois tivéssemos que atravessar. O que, naturalmente, causa perplexidades tanto maiores, quanto, cada dia que passa, se torna mais evidente que o seu resultado quase certo é o prejuízo para o candidato do PS, seja ele qual for.Descontada a inusitada promoção de uma inesperado pré-candidatura independente, que nem de longe suportaria a comparação com, pelo menos, uma dezena de militantes do PS que aspirassem ao mesmo, garantindo assim, seguramente, a derrota e cavando mais fundo a fragmentação política interna que tem atormentado o PS, a sério a sério, há duas hipóteses de candidatura em equação: a do Henrique Fernandes e a do Luís Marinho.Todavia, esta dualidade de hipóteses é mais aparente do que real. De facto, a hipótese do Luís Marinho só surgiu e só foi conquistando espaço e apoios, porque o Henrique Fernandes lhe transmitiu um impulso inicial, estimulando deste modo o próprio a pensar numa hipótese que há muito tinha por completamente afastada. E não apenas lhe transmitiu esse impulso inicial como, uma e mais vezes, a continuou a alimentar. Além disso, mesmo as dificuldades que podiam ser esperadas, quanto a essa solução, no plano distrital, acabaram por não surgir.Era uma hipótese difícil de imaginar há uns meses atrás? Certamente. É uma hipótese com grandes potencialidades politicas positivas? Sem dúvida.De facto, o PS apresentaria assim um candidato com um amplo currículo político nacional e europeu, o que objectivamente ilustrava a importância atribuída pelo Partido ao combate autárquico em Coimbra, constituindo, por isso, de per si, um relevante trunfo político. Não havendo vitórias nem derrotas antecipadas, o PS teria assim um candidato que tornava verosímil uma vitória. Na verdade, assim parecia possível desencadear uma campanha forte que conseguisses envolver, entusiasmar e corresponsabilizar, não só a larga maioria do partido, mas também personalidades e sectores que lhe são exteriores. Mas uma candidatura destas, gerada nos termos em que o foi, teria também, previsivelmente, efeitos muito positivos na pacificação interna do partido, levando muito provavelmente a novas formas de relacionamento, entre as várias sensibilidades internas, de modo a que as diferenças naturais e desejáveis, actualmente existentes, encontrassem terrenos de cooperação mais férteis e formas de competir entre si mais saudáveis.Os ruídos de fundo, as rosnadelas da praxe, os receios por imaginárias perdas de almejados lugares em listas, devem ser encarados com bonomia e serenidade, mas não podem ser alcandorados ao imerecido plano de argumentos políticos. Pelo que não devem sequer ser tidos em conta.Por isso, custa a compreender a razão pela qual Henrique Fernandes hesita ainda em tornar pública a sua opção por Luís Marinho. Cada dia que passa, é um dia a menos, no combate que tem que ser travado. Começa a tornar-se tarde.É claro que nem me passa pela cabeça que, contra toda a racionalidade política, Henrique Fernandes ceda às pressões difusas, que têm procurado exercer sobre ele, pelo menos através da comunicação social, e se deixe empurrar para uma candidatura que, verdadeiramente, parece não desejar.É que uma candidatura de Henrique Fernandes, nas circunstâncias actuais, pouco tem a ver com uma candidatura de Henrique Fernandes, anunciada como se chegou a prever no último Congresso do PS. Se tivesse arrancado então, teria podido fasear as iniciativas e melhorar as condições políticas da sua própria afirmação. Mas, como tal não aconteceu (e não aconteceu, por livre decisão do próprio Henrique Fernandes, como Presidente da Concelhia que vai decidir em última instância), a sua candidatura, se avançasse agora, avançaria com muitíssimo menos probabilidades de vitória, do que aquelas que teria tido na outra hipótese.De facto, se essa infeliz ideia se viesse a concretizar, tudo se passaria como se o próprio Henrique Fernandes tivesse ocupado os últimos meses a fragilizar a sua própria candidatura, para só depois disso a apresentar, o que nos deslocaria da política para o teatro do absurdo.Por isso, não valorizo muito os ruídos mediáticos que parecem querer empurrar neste sentido. E quero crer que, sendo fácil ao PS de Coimbra chegar a uma boa solução, ele não optará pela proeza de alcançar, à custa de um enorme esforço, uma má solução.Mas, se assim for, ou se protelarmos muito mais a solução, podemos cair numa situação em que seja apropriado dizer-se, quanto ao que se está a passar no PS de Coimbra, no plano autárquico: “O suicídio segue dentro de momentos…”

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