AbsolviçãoIncendeiam-me ainda os beijos que não me desteE cegam-me os acenos que não me fizesteDa janela irreal onde o teu vultoEra uma alucinação dos meus sentidos.Mas, decorrida a vida, e ocultoNestes versos doridos,A saber que não sabes que te ameiE cantei,E nem mesmo imaginas quem eu souE como é solitária e dói a minha humanidade,Em vez de te acusarE me culpar,Maldigo o arbítrio da fatalidadeQue cruelmente nos desencontrou. Miguel Torga,11 de Dezembro de 1992
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AbsolviçãoIncendeiam-me ainda os beijos que não me desteE cegam-me os acenos que não me fizesteDa janela irreal onde o teu vultoEra uma alucinação dos meus sentidos.Mas, decorrida a vida, e ocultoNestes versos doridos,A saber que não sabes que te ameiE cantei,E nem mesmo imaginas quem eu souE como é solitária e dói a minha humanidade,Em vez de te acusarE me culpar,Maldigo o arbítrio da fatalidadeQue cruelmente nos desencontrou. Miguel Torga,11 de Dezembro de 1992