Largo das Calhandreiras: O Dia Seguinte

15-10-2009
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O Comité Permanente do FLC reunido de emergência para analisar a grave situação política que se vive no Concelho da Marinha em Grande, decidiu por unanimidade, aclamação e vivas ao rei, aprovar o seguinte Comunicado Oficial que a seguir se transcreve e que será este fim de semana distribuído junto ao mercado da Feira dos Porcos e em frente ao café “O Bagaço”, na Ordem.NB: Este comunicado será entregue pessoalmente a todos os pequenos comerciantes do mercado com excepção das pexinas, uma vez que não se sabem comportar.COMUNICADO OFICIAL DO FLC1 – O FLC manifesta a sua grande preocupação pela grave situação política que se vive no Concelho, em resultado da manifesta inépcia, incompetência e inércia de quem dirige o governo da cidade.2 – Mas a esta desastrosa “política dos três i’s” junta-se também uma titubeante capacidade de reacção por parte de alguns sectores da sociedade marinhense e de algumas figuras que por outras ocasiões e por motivos bem mais ligeiros não se eximem de opinar com fervor, enquanto a propaganda da situação repete vezes sem conta as atoardas do costume.3 – Apesar da gravidade do momento, o FLC mantém a sua “agenda política” inalterada, a sua conduta responsável e intransigente na defesa dos valores fundamentais da democracia e da liberdade, bem como a sua postura vertical de blogue de referência. Prosseguirá por isso sem tibiezas e sem vacilar, o seu papel de intervenção cívica, de fórum de opinião, de informação e de “contra-informação”, sempre atento e vigilante às tentativas de instrumentalização e descredibilização deste espaço, que se quer livre, por parte daqueles que apresentam insaciável apetência pelo poder, pelo controlo da crítica, pelo controlo da comunicação, pelo controlo da opinião.4 – O FLC, na mais pura tradição lusitana da sátira política, da critica de costumes e da análise social viperinas, renova uma vez mais o seu compromisso de rejeitar liminarmente o achincalhamento e o desrespeito por todos os visados, consciente de que a caricatura mordaz, a ironia e o humor corrosivo trilham um caminho perigoso e difícil, procurando manter no fio da navalha o equilíbrio deste compromisso, o qual é exigido como única condição a todos os seus participantes. Sabemos que essa barreira é ténue e que por vezes a liberdade de expressão pode não ser entendida por uns (participantes) e por outros (visados). É por isso que a democracia é um regime sempre incompleto e que enquanto cidadãos responsáveis temos a obrigação de aprender com os erros e de procurar nas virtudes da ética republicana o fermento do crescimento colectivo.5 – O FLC assume frontalmente a posição vertida no presente comunicado a qual corresponde à sua serena e maturada visão dos acontecimentos e ao seu contributo sério para o debate, garantida e afirmada que está a sua divisa – “Politicamente Insurrecto”!.Dos factos:.6 – O episódio da renúncia de “Barros Duarte” vem provar que o PCP não é um partido diferente e que a lógica de poder se sobrepõe a valores que nunca deveriam ser postos em causa, nomeadamente, a verdade e a honestidade políticas.7 – Mas nesta história alguém mentiu. Ou foi o PCP que assume ter havido um acordo pré-eleitoral para a saída de Barros Duarte, embora sem data marcada, ou então o (ao tempo) candidato Barros Duarte quando garantiu que o seu mandato era para ser levado até ao fim.8 – Mas se Barros Duarte renunciou de livre vontade, então tem a obrigação de dizer aos seus eleitores as razões porque o fez, sob pena dessa ausência de explicações poder ser interpretada como mais uma falta de respeito por todos os que em si votaram.9 – O facto de Barros Duarte não ter estado, na última Assembleia Municipal, na conferência de imprensa de terça-feira, de ainda não ter dado qualquer testemunho público relativamente à sua suposta renúncia, de ter faltado à reunião do executivo de quinta-feira e de não ter formalizado o seu pedido de renuncia, são quanto a nós matéria mais que suficiente para mostrar à saciedade que a decisão foi tomada à sua revelia, tese que aliás é confirmada pelo seu amigo e companheiro de vereação Artur Oliveira, o qual fala inclusivamente em “mágoa”. Se dúvidas houvessem…10 – Outro elemento que reforça esta ideia foi a forma como o PCP anunciou a renúncia, por um “desconhecido” funcionário do partido e não pelos seus camaradas da estrutura local que, embora presentes (alguns!) para os elogios e para as “exéquias”, foram assim “protegidos” da exposição que uma decisão destas sempre acarreta; (desconhecemos se o Sr. Presidente da Assembleia Municipal estava na conferência de imprensa, mas não o vimos citado nem lhe vimos feita qualquer referência nas notícias publicadas).11 – Obviamente que o PCP é livre e tem toda a legitimidade para fazer o que muito bem entender, mas não deve mascarar sob a capa da renúncia aquilo que toda a gente percebe que é um saneamento político.12 – A confirmar-se o entendimento pré-eleitoral com Barros Duarte, assumido pelo PCP, só se percebe que este partido o tenha colocado como cabeça de lista para tirar eventuais dividendos da sua notoriedade local, o que manifestamente configura uma situação de descarado engano e de manipulação do eleitorado.13 – Por regra, quando o líder de uma qualquer equipa coesa e determinada a prosseguir um objectivo renuncia ao seu mandato (o que politicamente corresponde a uma demissão), os seus pares, por uma questão de solidariedade institucional e de transparência de processos, costumam colocar os respectivos lugares à disposição, o que manifestamente não se verificou.14 – Assim sendo é legítimo interpretar que os restantes vereadores do PCP, incluindo o suplente que após demorados mas empenhados exercícios de aquecimento foi chamado pelo treinador que já deu ordem de substituição, não só concordam com a saída de Barros Duarte como assumem que já estariam preparados para lhe suceder, o que leva a que se torne legitima uma outra conclusão.15 – O PCP terá sempre preferido o número dois ao número um, havendo contudo a clara noção de que se Alberto Cascalho fosse número um a vitória deste partido no concelho seria mais difícil.16 - Mas nesta altura e face aos cenários traçados poder-se-á questionar se esta alteração de pessoas corresponderá, de facto, a uma alteração de políticas, de rumo, de estratégia. Não parece ser o caso. Basta atender aos elogios públicos e notórios feitos pelo PCP à governação e à obra de Barros Duarte enquanto presidente para se perceber que tudo não passa de um golpe palaciano, de fria e calculista cosmética, uma vez que o percurso feito nunca é posto em causa. Com isto o PCP prova que esta é, no essencial, uma questão de pessoas e não de políticas, como tão bem sabe denunciar quando pronunciado a comentar remodelações no governo da nação.17 – E como a questão central é esta e não outra, como os argumentos para a sua justificação são insustentáveis, o PCP aposta uma vez mais em identificar um inimigo exterior como o alvo a abater, fazendo recair sobre ele a responsabilidade por todas as desgraças, gritando até à exaustão os graves problemas herdados e assumindo como única culpa o facto de ter sucedido ao PS. Enquanto isso, no interior do partido decorre um abafado processo de autofagia e uma crescente cisão e mal-estar entre os partidários da renúncia e os partidários da manutenção, apesar da aparente tranquilidade à Paulo Bento.18 – Mas se a falta de confiança do PCP em Barros Duarte conduziu à sua renúncia, compulsiva, já no PSD, a tácita (?) retirada de confiança política ao seu representante deu mais ou menos em “águas de bacalhau”, senão vejamos:19 – Com a complacência da sua (PSD) bancada parlamentar (e o voto de qualidade de Guerra Marques!), as “depauperadas” economias da autarquia são sujeitas a um esforço suplementar e Artur Oliveira vê aprovado um reforço do orçamento em 183.000€ para a compra das barracas onde funciona o mercado provisório; mas vê mais:20 - Vê a sua notável capacidade de reacção e dedicação à causa pública elogiada e premiada pelo futuro presidente (ex-futuro presidente...), garantida que parece estar à partida a viabilidade de um “novo” executivo maioritário.21 – E vê a falta de reacção por parte da estrutura local ex-demissionária de se demarcar com vigor do “libertino” vereador, ao afirmar alto e bom som numa rádio de Leiria, que no seu partido apenas 3, 4 pessoas no máximo, não estão de acordo com a sua conduta e decisões enquanto vereador, e quando afirma que se vai candidatar a um novo mandato, mostrando que o partido pelo qual foi eleito é apenas e tão só o veículo da sua ascensão a um lugar que em condições normais nunca alcançaria e que o povo nas urnas lhe negou.22 – Mas a falta de pundonor político de Artur Oliveira não se fica por aqui. Encarnando por decisão própria uma rebuscada e patética figura de “salvador da pátria” inspirada num sebastianismo bacoco, afirma que a sua condição de autarca não se deve misturar com as questões (menores) de natureza partidária, acentuando também assim o que já ninguém pode pôr em causa, o seu projecto de poder pessoal e as debilidades e o pouco tacto político do PSD local, a quem por duas vezes pôs o seu lugar à disposição e cuja falta de firmeza política é preocupante e confrangedora, conhecida que é a recusa de Manuel Teles em aceitar a demissão dos seus pares, consubstanciada em argumentos vazios de sentido (não vê razões para essa demissão...).23 - Já no PS o calculismo e a indefinição parecem ser a palavra de ordem oficial, enquanto João Paulo Pedrosa arrisca o caminho das eleições antecipadas, talvez por se encontrar a salvo da difícil tarefa da escolha de um candidato, que não se vislumbra à primeira, e de um mandato de dois anos cuja conjuntura deixa antever grandes dificuldades, sobretudo se tal se verificasse numa situação de maioria relativa.24 – Mas também aqui o PS hipotecou um crédito de confiança política importante aos olhos dos munícipes, caso em devido tempo tivesse dado “um murro na mesa” e assumido de forma inequívoca uma ruptura insanável com o executivo liderado por Barros Duarte, não pactuando com uma governação desastrosa e lesiva dos interesses do concelho e até como forma de protesto pelo modo insultuoso como os seus dirigentes e eleitos foram apelidados, de “traidores” e de “serventuários”. Citando Octávio Malvado: "vocês sabem do que é que eu estou a falar!"25 – E qual é a posição oficial das estruturas nacionais do PS (e dos seus representantes eleitos do Distrito), que em relação ao caso similar de Setúbal não desperdiçaram dois segundos de púlpito para gritarem a sua indignação política? Será que Barros Duarte vale menos que Carlos Sousa? Nada que espante se recordar-mos que os partidos políticos assumem, circunstancialmente, mais posições dos que as que constam no kama-sutra, reconhecendo-se que algumas delas são bem mais ousadas e bem mais criativas dos que as identificadas no dicionário dos prazeres.26 – Nesta altura deve colocar-se a questão que parece atormentar alguns: nas eleições votamos em partidos ou em pessoas?27 - Se é certo que os lugares autárquicos são unipessoais e as candidaturas são partidárias (ou independentes), a verdade é que votamos simultaneamente em partidos e em pessoas - em partidos que enformam a organização política que agrega ideologia, projecto e estratégia, e em pessoas que lvam à pática esses projectos políticos pela sua capacidade de liderança e de competência. Por isso é que muitas vezes partidos sem qualquer expressão local ganham eleições, quando liderados por pessoas de reconhecidos méritos, excluído que está do nosso raciocínio, o desprezível e ignóbil caciquismo.28 – Por tudo isto e atendendo a que toda esta situação resulta da manifesta falta de confiança dos dois partidos no poder em relação aos seus representantes (Barros Duarte e Artur Oliveira) democraticamente eleitos, o único caminho que se mostra capaz de repor a legitimidade política a que os novos protagonistas devem aspirar, é a convocação de eleições antecipadas, porque em democracia as eleições não são um custo nem um desperdício, são o caminho da decisão livre e consciente do povo que viu defraudadas as suas anteriores escolhas.29 – Se num momento como este a Marinha Grande não souber responder ao desafio que se lhe coloca e não souber encontrar uma alternativa credível e consistente ao actual desnorte político que se vive, é uma cidade sem viabilidade e sem futuro, condenada à mediocridade dos seus cidadãos que assistirão, cúmplices e impassíveis, à destruição de uma história colectiva que a todos nos orgulha.30 – Esta não é a nossa convicção, nós acreditamos no futuro da Marinha em Grande!Marinha em Grande, 5 de Outubro de 2007O Comité Permanente do FLCTorrenteMrs. BeanQuinhoZézé CamarinhaRelaxoterapeuta


O Comité Permanente do FLC reunido de emergência para analisar a grave situação política que se vive no Concelho da Marinha em Grande, decidiu por unanimidade, aclamação e vivas ao rei, aprovar o seguinte Comunicado Oficial que a seguir se transcreve e que será este fim de semana distribuído junto ao mercado da Feira dos Porcos e em frente ao café “O Bagaço”, na Ordem.NB: Este comunicado será entregue pessoalmente a todos os pequenos comerciantes do mercado com excepção das pexinas, uma vez que não se sabem comportar.COMUNICADO OFICIAL DO FLC1 – O FLC manifesta a sua grande preocupação pela grave situação política que se vive no Concelho, em resultado da manifesta inépcia, incompetência e inércia de quem dirige o governo da cidade.2 – Mas a esta desastrosa “política dos três i’s” junta-se também uma titubeante capacidade de reacção por parte de alguns sectores da sociedade marinhense e de algumas figuras que por outras ocasiões e por motivos bem mais ligeiros não se eximem de opinar com fervor, enquanto a propaganda da situação repete vezes sem conta as atoardas do costume.3 – Apesar da gravidade do momento, o FLC mantém a sua “agenda política” inalterada, a sua conduta responsável e intransigente na defesa dos valores fundamentais da democracia e da liberdade, bem como a sua postura vertical de blogue de referência. Prosseguirá por isso sem tibiezas e sem vacilar, o seu papel de intervenção cívica, de fórum de opinião, de informação e de “contra-informação”, sempre atento e vigilante às tentativas de instrumentalização e descredibilização deste espaço, que se quer livre, por parte daqueles que apresentam insaciável apetência pelo poder, pelo controlo da crítica, pelo controlo da comunicação, pelo controlo da opinião.4 – O FLC, na mais pura tradição lusitana da sátira política, da critica de costumes e da análise social viperinas, renova uma vez mais o seu compromisso de rejeitar liminarmente o achincalhamento e o desrespeito por todos os visados, consciente de que a caricatura mordaz, a ironia e o humor corrosivo trilham um caminho perigoso e difícil, procurando manter no fio da navalha o equilíbrio deste compromisso, o qual é exigido como única condição a todos os seus participantes. Sabemos que essa barreira é ténue e que por vezes a liberdade de expressão pode não ser entendida por uns (participantes) e por outros (visados). É por isso que a democracia é um regime sempre incompleto e que enquanto cidadãos responsáveis temos a obrigação de aprender com os erros e de procurar nas virtudes da ética republicana o fermento do crescimento colectivo.5 – O FLC assume frontalmente a posição vertida no presente comunicado a qual corresponde à sua serena e maturada visão dos acontecimentos e ao seu contributo sério para o debate, garantida e afirmada que está a sua divisa – “Politicamente Insurrecto”!.Dos factos:.6 – O episódio da renúncia de “Barros Duarte” vem provar que o PCP não é um partido diferente e que a lógica de poder se sobrepõe a valores que nunca deveriam ser postos em causa, nomeadamente, a verdade e a honestidade políticas.7 – Mas nesta história alguém mentiu. Ou foi o PCP que assume ter havido um acordo pré-eleitoral para a saída de Barros Duarte, embora sem data marcada, ou então o (ao tempo) candidato Barros Duarte quando garantiu que o seu mandato era para ser levado até ao fim.8 – Mas se Barros Duarte renunciou de livre vontade, então tem a obrigação de dizer aos seus eleitores as razões porque o fez, sob pena dessa ausência de explicações poder ser interpretada como mais uma falta de respeito por todos os que em si votaram.9 – O facto de Barros Duarte não ter estado, na última Assembleia Municipal, na conferência de imprensa de terça-feira, de ainda não ter dado qualquer testemunho público relativamente à sua suposta renúncia, de ter faltado à reunião do executivo de quinta-feira e de não ter formalizado o seu pedido de renuncia, são quanto a nós matéria mais que suficiente para mostrar à saciedade que a decisão foi tomada à sua revelia, tese que aliás é confirmada pelo seu amigo e companheiro de vereação Artur Oliveira, o qual fala inclusivamente em “mágoa”. Se dúvidas houvessem…10 – Outro elemento que reforça esta ideia foi a forma como o PCP anunciou a renúncia, por um “desconhecido” funcionário do partido e não pelos seus camaradas da estrutura local que, embora presentes (alguns!) para os elogios e para as “exéquias”, foram assim “protegidos” da exposição que uma decisão destas sempre acarreta; (desconhecemos se o Sr. Presidente da Assembleia Municipal estava na conferência de imprensa, mas não o vimos citado nem lhe vimos feita qualquer referência nas notícias publicadas).11 – Obviamente que o PCP é livre e tem toda a legitimidade para fazer o que muito bem entender, mas não deve mascarar sob a capa da renúncia aquilo que toda a gente percebe que é um saneamento político.12 – A confirmar-se o entendimento pré-eleitoral com Barros Duarte, assumido pelo PCP, só se percebe que este partido o tenha colocado como cabeça de lista para tirar eventuais dividendos da sua notoriedade local, o que manifestamente configura uma situação de descarado engano e de manipulação do eleitorado.13 – Por regra, quando o líder de uma qualquer equipa coesa e determinada a prosseguir um objectivo renuncia ao seu mandato (o que politicamente corresponde a uma demissão), os seus pares, por uma questão de solidariedade institucional e de transparência de processos, costumam colocar os respectivos lugares à disposição, o que manifestamente não se verificou.14 – Assim sendo é legítimo interpretar que os restantes vereadores do PCP, incluindo o suplente que após demorados mas empenhados exercícios de aquecimento foi chamado pelo treinador que já deu ordem de substituição, não só concordam com a saída de Barros Duarte como assumem que já estariam preparados para lhe suceder, o que leva a que se torne legitima uma outra conclusão.15 – O PCP terá sempre preferido o número dois ao número um, havendo contudo a clara noção de que se Alberto Cascalho fosse número um a vitória deste partido no concelho seria mais difícil.16 - Mas nesta altura e face aos cenários traçados poder-se-á questionar se esta alteração de pessoas corresponderá, de facto, a uma alteração de políticas, de rumo, de estratégia. Não parece ser o caso. Basta atender aos elogios públicos e notórios feitos pelo PCP à governação e à obra de Barros Duarte enquanto presidente para se perceber que tudo não passa de um golpe palaciano, de fria e calculista cosmética, uma vez que o percurso feito nunca é posto em causa. Com isto o PCP prova que esta é, no essencial, uma questão de pessoas e não de políticas, como tão bem sabe denunciar quando pronunciado a comentar remodelações no governo da nação.17 – E como a questão central é esta e não outra, como os argumentos para a sua justificação são insustentáveis, o PCP aposta uma vez mais em identificar um inimigo exterior como o alvo a abater, fazendo recair sobre ele a responsabilidade por todas as desgraças, gritando até à exaustão os graves problemas herdados e assumindo como única culpa o facto de ter sucedido ao PS. Enquanto isso, no interior do partido decorre um abafado processo de autofagia e uma crescente cisão e mal-estar entre os partidários da renúncia e os partidários da manutenção, apesar da aparente tranquilidade à Paulo Bento.18 – Mas se a falta de confiança do PCP em Barros Duarte conduziu à sua renúncia, compulsiva, já no PSD, a tácita (?) retirada de confiança política ao seu representante deu mais ou menos em “águas de bacalhau”, senão vejamos:19 – Com a complacência da sua (PSD) bancada parlamentar (e o voto de qualidade de Guerra Marques!), as “depauperadas” economias da autarquia são sujeitas a um esforço suplementar e Artur Oliveira vê aprovado um reforço do orçamento em 183.000€ para a compra das barracas onde funciona o mercado provisório; mas vê mais:20 - Vê a sua notável capacidade de reacção e dedicação à causa pública elogiada e premiada pelo futuro presidente (ex-futuro presidente...), garantida que parece estar à partida a viabilidade de um “novo” executivo maioritário.21 – E vê a falta de reacção por parte da estrutura local ex-demissionária de se demarcar com vigor do “libertino” vereador, ao afirmar alto e bom som numa rádio de Leiria, que no seu partido apenas 3, 4 pessoas no máximo, não estão de acordo com a sua conduta e decisões enquanto vereador, e quando afirma que se vai candidatar a um novo mandato, mostrando que o partido pelo qual foi eleito é apenas e tão só o veículo da sua ascensão a um lugar que em condições normais nunca alcançaria e que o povo nas urnas lhe negou.22 – Mas a falta de pundonor político de Artur Oliveira não se fica por aqui. Encarnando por decisão própria uma rebuscada e patética figura de “salvador da pátria” inspirada num sebastianismo bacoco, afirma que a sua condição de autarca não se deve misturar com as questões (menores) de natureza partidária, acentuando também assim o que já ninguém pode pôr em causa, o seu projecto de poder pessoal e as debilidades e o pouco tacto político do PSD local, a quem por duas vezes pôs o seu lugar à disposição e cuja falta de firmeza política é preocupante e confrangedora, conhecida que é a recusa de Manuel Teles em aceitar a demissão dos seus pares, consubstanciada em argumentos vazios de sentido (não vê razões para essa demissão...).23 - Já no PS o calculismo e a indefinição parecem ser a palavra de ordem oficial, enquanto João Paulo Pedrosa arrisca o caminho das eleições antecipadas, talvez por se encontrar a salvo da difícil tarefa da escolha de um candidato, que não se vislumbra à primeira, e de um mandato de dois anos cuja conjuntura deixa antever grandes dificuldades, sobretudo se tal se verificasse numa situação de maioria relativa.24 – Mas também aqui o PS hipotecou um crédito de confiança política importante aos olhos dos munícipes, caso em devido tempo tivesse dado “um murro na mesa” e assumido de forma inequívoca uma ruptura insanável com o executivo liderado por Barros Duarte, não pactuando com uma governação desastrosa e lesiva dos interesses do concelho e até como forma de protesto pelo modo insultuoso como os seus dirigentes e eleitos foram apelidados, de “traidores” e de “serventuários”. Citando Octávio Malvado: "vocês sabem do que é que eu estou a falar!"25 – E qual é a posição oficial das estruturas nacionais do PS (e dos seus representantes eleitos do Distrito), que em relação ao caso similar de Setúbal não desperdiçaram dois segundos de púlpito para gritarem a sua indignação política? Será que Barros Duarte vale menos que Carlos Sousa? Nada que espante se recordar-mos que os partidos políticos assumem, circunstancialmente, mais posições dos que as que constam no kama-sutra, reconhecendo-se que algumas delas são bem mais ousadas e bem mais criativas dos que as identificadas no dicionário dos prazeres.26 – Nesta altura deve colocar-se a questão que parece atormentar alguns: nas eleições votamos em partidos ou em pessoas?27 - Se é certo que os lugares autárquicos são unipessoais e as candidaturas são partidárias (ou independentes), a verdade é que votamos simultaneamente em partidos e em pessoas - em partidos que enformam a organização política que agrega ideologia, projecto e estratégia, e em pessoas que lvam à pática esses projectos políticos pela sua capacidade de liderança e de competência. Por isso é que muitas vezes partidos sem qualquer expressão local ganham eleições, quando liderados por pessoas de reconhecidos méritos, excluído que está do nosso raciocínio, o desprezível e ignóbil caciquismo.28 – Por tudo isto e atendendo a que toda esta situação resulta da manifesta falta de confiança dos dois partidos no poder em relação aos seus representantes (Barros Duarte e Artur Oliveira) democraticamente eleitos, o único caminho que se mostra capaz de repor a legitimidade política a que os novos protagonistas devem aspirar, é a convocação de eleições antecipadas, porque em democracia as eleições não são um custo nem um desperdício, são o caminho da decisão livre e consciente do povo que viu defraudadas as suas anteriores escolhas.29 – Se num momento como este a Marinha Grande não souber responder ao desafio que se lhe coloca e não souber encontrar uma alternativa credível e consistente ao actual desnorte político que se vive, é uma cidade sem viabilidade e sem futuro, condenada à mediocridade dos seus cidadãos que assistirão, cúmplices e impassíveis, à destruição de uma história colectiva que a todos nos orgulha.30 – Esta não é a nossa convicção, nós acreditamos no futuro da Marinha em Grande!Marinha em Grande, 5 de Outubro de 2007O Comité Permanente do FLCTorrenteMrs. BeanQuinhoZézé CamarinhaRelaxoterapeuta

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