O Grande Zoo: O velho PSD já não existe !

21-01-2011
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O congresso do PSD terminou. Os analistas dirão dos discursos, melhor ou pior. Em regra, assim , assim. Serão faladas as tiradas arrasadoras, as premonições luminosas, os afagos ( ou não) ao Presidente da República. Os ataques mais virulentos ao Governo recordar-se-ão durante três dias. Os oráculos políticos explicarão os sinais. O gesto decisivo do Dr. Menezes no momento em que... O militante saído do nada que... O barão que gravemente avisou que... O jovem incendiado que afirmou ...Com o seu implacável microscópio observarão as listas . Descobrirão aqui uma mossa, ali um pequeno rasgão, ali um ponto luminosos. E dirão o Dr. Menezes podia ter feito melhor.Quanto ao discurso final , serão generosos. Um bom discurso. A atestá-lo falarão na chama, no verbo em ascensão, na palavra certeira. De facto, o Dr. Menezes atirou para cima do governo, inflamadamente, toneladas de lugares comuns. Desceu e subiu pela emoção dos congressistas. E, no entanto, se alguém conseguir chegar ao último nervo do que afinal disse, surpreenderá a sombra suspeita de um nó por desfazer. Solenemente, o Dr. Menezes, com a voz embargada de piedosa preocupação, prometeu aos pobres, aos explorados, aos excluídos, o precioso pão de melhores dias. Simultaneamente, acariciou triunfantemente o horizonte dos ricos e privilegiados, garantindo-lhes melhores condições para continuarem a explorar e a excluir, todos aqueles que o Dr. Menezes prometeu ajudar. Tudo isto, combinando sabiamente o tom vociferante das grandes ocasiões com a voz mansa das manhãs tranquilas.E no entanto, de tudo isso,o que afinal emergiu como assombração salvadora foi o Dr. Pedro Santana Lopes, gerindo o seu pesado silêncio com uma pose mais aguçada do que a usada habitualmente no receado extremo do seu verbo. Um oráculo do universo laranja confessou-se profundamente preocupado com o inesperado eclipse dos senhores barões do PSD, deixando a subtil alusão que eles eram talvez a essência do verdadeiro PSD. De facto, esperados como sucessores naturais do desmoronamento anunciado do Dr. Marques Mendes, apenas consentiram em afirmar a sua ausência. E como o Dr. Santana Lopes ainda lá estava, limitou-se a esboçar dois ou três gestos mediáticos , a adiantar duas meias palavras, para logo lhe pedirem que se sentasse no seu lugar. E o velho PPD pareceu sorrir. Mas alguém cepticamente já afirmou que este não é o velho PPD, é uma simples emoção conservadora vestida dos ouropéis do neoliberalismo mais corrente, dividido entre o risco de vir a ser protagonizado pelo Dr. Menezes ou pelo Dr. Pedro Santana Lopes.É que afinal este Congresso não foi um grande acontecimento. É um sintoma de que o velho PSD já não existe. Falta agora saber se o novo PPD será verdadeiramente um PPD.


O congresso do PSD terminou. Os analistas dirão dos discursos, melhor ou pior. Em regra, assim , assim. Serão faladas as tiradas arrasadoras, as premonições luminosas, os afagos ( ou não) ao Presidente da República. Os ataques mais virulentos ao Governo recordar-se-ão durante três dias. Os oráculos políticos explicarão os sinais. O gesto decisivo do Dr. Menezes no momento em que... O militante saído do nada que... O barão que gravemente avisou que... O jovem incendiado que afirmou ...Com o seu implacável microscópio observarão as listas . Descobrirão aqui uma mossa, ali um pequeno rasgão, ali um ponto luminosos. E dirão o Dr. Menezes podia ter feito melhor.Quanto ao discurso final , serão generosos. Um bom discurso. A atestá-lo falarão na chama, no verbo em ascensão, na palavra certeira. De facto, o Dr. Menezes atirou para cima do governo, inflamadamente, toneladas de lugares comuns. Desceu e subiu pela emoção dos congressistas. E, no entanto, se alguém conseguir chegar ao último nervo do que afinal disse, surpreenderá a sombra suspeita de um nó por desfazer. Solenemente, o Dr. Menezes, com a voz embargada de piedosa preocupação, prometeu aos pobres, aos explorados, aos excluídos, o precioso pão de melhores dias. Simultaneamente, acariciou triunfantemente o horizonte dos ricos e privilegiados, garantindo-lhes melhores condições para continuarem a explorar e a excluir, todos aqueles que o Dr. Menezes prometeu ajudar. Tudo isto, combinando sabiamente o tom vociferante das grandes ocasiões com a voz mansa das manhãs tranquilas.E no entanto, de tudo isso,o que afinal emergiu como assombração salvadora foi o Dr. Pedro Santana Lopes, gerindo o seu pesado silêncio com uma pose mais aguçada do que a usada habitualmente no receado extremo do seu verbo. Um oráculo do universo laranja confessou-se profundamente preocupado com o inesperado eclipse dos senhores barões do PSD, deixando a subtil alusão que eles eram talvez a essência do verdadeiro PSD. De facto, esperados como sucessores naturais do desmoronamento anunciado do Dr. Marques Mendes, apenas consentiram em afirmar a sua ausência. E como o Dr. Santana Lopes ainda lá estava, limitou-se a esboçar dois ou três gestos mediáticos , a adiantar duas meias palavras, para logo lhe pedirem que se sentasse no seu lugar. E o velho PPD pareceu sorrir. Mas alguém cepticamente já afirmou que este não é o velho PPD, é uma simples emoção conservadora vestida dos ouropéis do neoliberalismo mais corrente, dividido entre o risco de vir a ser protagonizado pelo Dr. Menezes ou pelo Dr. Pedro Santana Lopes.É que afinal este Congresso não foi um grande acontecimento. É um sintoma de que o velho PSD já não existe. Falta agora saber se o novo PPD será verdadeiramente um PPD.

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