Scriptorium: Notas Perdidas X

06-01-2010
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Notas Perdidas X

Tenho-me reservado a muitos silêncios para deste modo não alimentar o vício persecutório de alguns, mas nem assim.

O meu grande silêncio foi sem dúvida em relação ao que, neste mesmo Jornal, muito foi escrito, após as Notas Perdidas de 13 de Outubro último. Em 20 de Outubro e nas semanas seguintes este Jornal tornou-se a barra de um tribunal onde fui julgado, sentenciado e condenado. As provas eram apenas circunstanciais, algumas linhas apenas. Fui rotulado de medíocre pelo insigne Presidente desta Edilidade Municipal. O mesmo Senhor que por aí apregoava que iria implementar uma relação de proximidade e de respeito pelos cidadãos marinhenses, depressa esqueceu a sua promessa e vai de num texto publicado neste mesmo Jornal afirmar, sobre o texto por mim publicado, que «a mediocridade do texto define o seu autor», o que para os mais ingénuos quer dizer que quem ousa criticar o seu partido ou o seu governo camarário é nada mais nada menos que medíocre. Num outro Jornal da região, justificou toda a panóplia de ataques dos seus camaradas à minha pessoa por eu ter dito coisas anti-democráticas. Quais? Ele não disse, e eu também as desconheço.

Se alguém reler o meu artigo de 13/10/05 verá que começo esse mesmo texto por saudar o acto eleitoral como manifestação da Liberdade Democrática de todo um Povo. Ninguém leu essa parte? Continuando, só uma leitura infantil pôde confundir ‘alhos com bugalhos’. Confundiu-se a ingenuidade do povo e o maquievelismo político a que me referi quando falei sobre os actos eleitorais de Municípios como Felgueiras, Amarante, Gondomar ou Oeiras, pelas razões mais que óbvias, com os resultados eleitorais da Marinha Grande.

Depois, não se entendeu que eu tivesse afirmado que este resultado, nesta cidade, não traduzia o verdadeiro pensar e sentir verdadeiro do Povo da Marinha Grande. Bem, aceito que a expressão não tenha sido feliz, mas compreender-se-á melhor se olharmos para estas eleições no contexto político nacional. E foi isso que quis dizer: que muitos marinhenses votaram contra o Governo e não contra o PS na Marinha Grande; que votaram contra o Engº Sócrates e não contra o Dr. João Paulo Pedrosa. A responsabilidade, essa atribuía ao PCP e ao seu líder, Senhor Jerónimo de Sousa. Nada me moveu ou move contra a Pessoa, que nem conheço e que merece todo o meu respeito humano, apenas critiquei a sua forma de fazer política e de fazer campanha eleitoral, de confundir e de quer que os portugueses, e com algum sucesso está visto, confundissem eleições legislativas com eleições autárquicas. Isso para mim, goste-se ou não se goste, concorde-se ou não, é uma desonestidade política para com os cidadãos.

Fiz uma leitura pessoal dos resultados nacionais e locais. Mas tão legítima como qualquer outra, e nada anti-democrática. Nunca disse que não respeitava a escolha feita ou contestava a eleição. Não fui no dia seguinte a correr retirar o meu nome dos cadernos eleitorais da Freguesia da Marinha Grande, nem deixei de ser Marinhense. Apenas questionei as razões. Não é esse um Direito de qualquer Cidadão num estado Livre e Democrático?

Todas as Cartas que me foram dirigidas mereceram a minha atenção. A minha leitura. Algumas a minha respeitosa indiferença, e outras a minha revolta interior. Não pelo contraditório às minhas palavras, que é um Direito de todos, mas pela forma, pela expressão, pela violência verbal, pela calúnia pessoal, pela injúria, e pelas mentiras a meu respeito. Mais revoltado me deixaram as extrapolações feitas por pseudo-ilustres pensadores desta praça pública. De um texto pessoal retiraram ilações sobre uma Instituição, que quanto mais não seja pelos 2000 anos que tem de História e pelo seu papel no panorama Mundial merece maior respeito por todos. Os erros do seu passado não justificam que seja hoje sistematicamente condenada, e re-condenada pelos mesmos erros. Recorde-se que no ano 2000 o bom e saudoso Papa João Paulo II pediu perdão por todos esses erros (Cruzadas, Inquisição, Anti-Semitismo, Violências e Abusos dos seus Ministros, etc), o que não me recordo de alguma vez na História ter sido feito por algum regime ou alguma Instituição violentadora dos mesmos Direitos do Homem. Já alguém pediu perdão pela perseguição, pela violência e pela morte infligida pelas ditaduras do Leste da Europa, na Ásia ou na América Latina? Apenas a Alemanha teve essa coragem este ano, 60 anos após o Holocausto, ao pedir perdão aos Judeus. Além do mais a Igreja não se avalia pelos pecados individuais dos seus filhos. Nem mesmo que esse filho seja o Papa. Mas não vale a pena tentar explicar mais, é perder precioso tempo, com quem tem uma mente (pré)formatada e incapaz de se abrir a novos horizontes.

Compreendo a inquietação de muitos pelo meu escrito. Mas se se inquietaram tanto é porque toquei em alguma verdade. Não sendo pretensioso, não tenho disso a menor dúvida. A prova é tudo o que se tem escrito por aqui. A ponto de já se verem cabalas editoriais entre aquilo que escrevo e aquilo que escrevem outras pessoas, nomeadamente o Dr. João Paulo Pedrosa. Devo dizer que a última vez que troquei alguma palavra directa com o Senhor Vereador foi no dia 9 de Outubro de 2005. Desde então não mais nos cruzámos. Mas há que encontrar ‘bodes expiatórios’ ou ‘palhaços’ que distraiam a multidão do que realmente se vai passando neste ‘circo’. Aproveito para esclarecer que não sou militante de qualquer partido, nem estou ao serviço de nenhum e muito menos coloco nas minhas orações estas questões. Só quem não me conhece pode fazer tais afirmações ou insinuações. Não confundo Deus ou a Igreja com a Política nem a Palavra de Deus ou Homilias com Comícios. Os meus paroquianos atestam esta Verdade. O único apelo que faço sempre, em tempo de eleições, é ao Voto, ao exercício cívico e moral de ir votar em consciência.

Apenas de uma coisa me arrependo, e que efectivamente me foi sugerida posteriormente por um adversário neste mesmo Jornal: devia ter aproveitado o meu espaço neste Jornal para fazer Campanha. Se o tivesse feito, mais que certo era estar hoje a responder às mesmas acusações de anti-democrata, porque infelizmente para muitos, a mim, Cidadão deste Município, aqui nascido, registado e criado, está-me vedado o Direito de livremente me expressar. E ai de quem ouse falar para me defender. Os dois únicos que o fizeram já tiveram a resposta. São meus «acólitos». Sinto-me honrado por me saber ladeado por tão ilustres Pessoas, o mesmo não podendo já eles dizer já que se vêem ao lado de um pobre rapaz.

Um facto que poucos sabem, e que aqui deixo ao conhecimento público. Não sei quem, mas alguém decerto muito democraticamente indignado, foi fazer «queixinhas» à Hierarquia da Igreja, ou seja, ao Bispo Diocesano, sobre a minha pessoa e o meu escrito. Um voto de protesto. Como se eu não fosse pessoalmente responsável pelos meus actos. Decerto esperavam ver-me ser excomungado da Igreja, ou pelo menos suspenso no meu ministério. Queriam ver-me humilhado, publicamente enxovalhado. Escusado será dizer que foi tempo perdido. A Igreja sempre é mais Livre e Democrática, não sendo uma Democracia, que alguns movimentos partidários, ditos democráticos.

Posted by nelson_araujo at novembro 21, 2005 03:12 PM

Notas Perdidas X

Tenho-me reservado a muitos silêncios para deste modo não alimentar o vício persecutório de alguns, mas nem assim.

O meu grande silêncio foi sem dúvida em relação ao que, neste mesmo Jornal, muito foi escrito, após as Notas Perdidas de 13 de Outubro último. Em 20 de Outubro e nas semanas seguintes este Jornal tornou-se a barra de um tribunal onde fui julgado, sentenciado e condenado. As provas eram apenas circunstanciais, algumas linhas apenas. Fui rotulado de medíocre pelo insigne Presidente desta Edilidade Municipal. O mesmo Senhor que por aí apregoava que iria implementar uma relação de proximidade e de respeito pelos cidadãos marinhenses, depressa esqueceu a sua promessa e vai de num texto publicado neste mesmo Jornal afirmar, sobre o texto por mim publicado, que «a mediocridade do texto define o seu autor», o que para os mais ingénuos quer dizer que quem ousa criticar o seu partido ou o seu governo camarário é nada mais nada menos que medíocre. Num outro Jornal da região, justificou toda a panóplia de ataques dos seus camaradas à minha pessoa por eu ter dito coisas anti-democráticas. Quais? Ele não disse, e eu também as desconheço.

Se alguém reler o meu artigo de 13/10/05 verá que começo esse mesmo texto por saudar o acto eleitoral como manifestação da Liberdade Democrática de todo um Povo. Ninguém leu essa parte? Continuando, só uma leitura infantil pôde confundir ‘alhos com bugalhos’. Confundiu-se a ingenuidade do povo e o maquievelismo político a que me referi quando falei sobre os actos eleitorais de Municípios como Felgueiras, Amarante, Gondomar ou Oeiras, pelas razões mais que óbvias, com os resultados eleitorais da Marinha Grande.

Depois, não se entendeu que eu tivesse afirmado que este resultado, nesta cidade, não traduzia o verdadeiro pensar e sentir verdadeiro do Povo da Marinha Grande. Bem, aceito que a expressão não tenha sido feliz, mas compreender-se-á melhor se olharmos para estas eleições no contexto político nacional. E foi isso que quis dizer: que muitos marinhenses votaram contra o Governo e não contra o PS na Marinha Grande; que votaram contra o Engº Sócrates e não contra o Dr. João Paulo Pedrosa. A responsabilidade, essa atribuía ao PCP e ao seu líder, Senhor Jerónimo de Sousa. Nada me moveu ou move contra a Pessoa, que nem conheço e que merece todo o meu respeito humano, apenas critiquei a sua forma de fazer política e de fazer campanha eleitoral, de confundir e de quer que os portugueses, e com algum sucesso está visto, confundissem eleições legislativas com eleições autárquicas. Isso para mim, goste-se ou não se goste, concorde-se ou não, é uma desonestidade política para com os cidadãos.

Fiz uma leitura pessoal dos resultados nacionais e locais. Mas tão legítima como qualquer outra, e nada anti-democrática. Nunca disse que não respeitava a escolha feita ou contestava a eleição. Não fui no dia seguinte a correr retirar o meu nome dos cadernos eleitorais da Freguesia da Marinha Grande, nem deixei de ser Marinhense. Apenas questionei as razões. Não é esse um Direito de qualquer Cidadão num estado Livre e Democrático?

Todas as Cartas que me foram dirigidas mereceram a minha atenção. A minha leitura. Algumas a minha respeitosa indiferença, e outras a minha revolta interior. Não pelo contraditório às minhas palavras, que é um Direito de todos, mas pela forma, pela expressão, pela violência verbal, pela calúnia pessoal, pela injúria, e pelas mentiras a meu respeito. Mais revoltado me deixaram as extrapolações feitas por pseudo-ilustres pensadores desta praça pública. De um texto pessoal retiraram ilações sobre uma Instituição, que quanto mais não seja pelos 2000 anos que tem de História e pelo seu papel no panorama Mundial merece maior respeito por todos. Os erros do seu passado não justificam que seja hoje sistematicamente condenada, e re-condenada pelos mesmos erros. Recorde-se que no ano 2000 o bom e saudoso Papa João Paulo II pediu perdão por todos esses erros (Cruzadas, Inquisição, Anti-Semitismo, Violências e Abusos dos seus Ministros, etc), o que não me recordo de alguma vez na História ter sido feito por algum regime ou alguma Instituição violentadora dos mesmos Direitos do Homem. Já alguém pediu perdão pela perseguição, pela violência e pela morte infligida pelas ditaduras do Leste da Europa, na Ásia ou na América Latina? Apenas a Alemanha teve essa coragem este ano, 60 anos após o Holocausto, ao pedir perdão aos Judeus. Além do mais a Igreja não se avalia pelos pecados individuais dos seus filhos. Nem mesmo que esse filho seja o Papa. Mas não vale a pena tentar explicar mais, é perder precioso tempo, com quem tem uma mente (pré)formatada e incapaz de se abrir a novos horizontes.

Compreendo a inquietação de muitos pelo meu escrito. Mas se se inquietaram tanto é porque toquei em alguma verdade. Não sendo pretensioso, não tenho disso a menor dúvida. A prova é tudo o que se tem escrito por aqui. A ponto de já se verem cabalas editoriais entre aquilo que escrevo e aquilo que escrevem outras pessoas, nomeadamente o Dr. João Paulo Pedrosa. Devo dizer que a última vez que troquei alguma palavra directa com o Senhor Vereador foi no dia 9 de Outubro de 2005. Desde então não mais nos cruzámos. Mas há que encontrar ‘bodes expiatórios’ ou ‘palhaços’ que distraiam a multidão do que realmente se vai passando neste ‘circo’. Aproveito para esclarecer que não sou militante de qualquer partido, nem estou ao serviço de nenhum e muito menos coloco nas minhas orações estas questões. Só quem não me conhece pode fazer tais afirmações ou insinuações. Não confundo Deus ou a Igreja com a Política nem a Palavra de Deus ou Homilias com Comícios. Os meus paroquianos atestam esta Verdade. O único apelo que faço sempre, em tempo de eleições, é ao Voto, ao exercício cívico e moral de ir votar em consciência.

Apenas de uma coisa me arrependo, e que efectivamente me foi sugerida posteriormente por um adversário neste mesmo Jornal: devia ter aproveitado o meu espaço neste Jornal para fazer Campanha. Se o tivesse feito, mais que certo era estar hoje a responder às mesmas acusações de anti-democrata, porque infelizmente para muitos, a mim, Cidadão deste Município, aqui nascido, registado e criado, está-me vedado o Direito de livremente me expressar. E ai de quem ouse falar para me defender. Os dois únicos que o fizeram já tiveram a resposta. São meus «acólitos». Sinto-me honrado por me saber ladeado por tão ilustres Pessoas, o mesmo não podendo já eles dizer já que se vêem ao lado de um pobre rapaz.

Um facto que poucos sabem, e que aqui deixo ao conhecimento público. Não sei quem, mas alguém decerto muito democraticamente indignado, foi fazer «queixinhas» à Hierarquia da Igreja, ou seja, ao Bispo Diocesano, sobre a minha pessoa e o meu escrito. Um voto de protesto. Como se eu não fosse pessoalmente responsável pelos meus actos. Decerto esperavam ver-me ser excomungado da Igreja, ou pelo menos suspenso no meu ministério. Queriam ver-me humilhado, publicamente enxovalhado. Escusado será dizer que foi tempo perdido. A Igreja sempre é mais Livre e Democrática, não sendo uma Democracia, que alguns movimentos partidários, ditos democráticos.

Posted by nelson_araujo at novembro 21, 2005 03:12 PM

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