Eduardo Vítor Rodrigues: DECLARAÇÃO POLÍTICA

18-12-2009
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No passado dia 11 de Outubro de 2009, realizaram-se eleições autárquicas. O PS perdeu em Vila Nova de Gaia. Perdeu votos, Juntas e um eleito na Assembleia Municipal. Ganhou uma nova Junta e manteve os 3 Vereadores. Das 4 freguesias com mais de 20.000 eleitores, manteve-se a realidade: o PS ganhou Oliveira do Douro com maioria absoluta (apesar da mudança de candidato, e fruto de uma estratégia e de uma articulação entre o anterior e o actual Presidente); o PSD manteve Mafamude, Santa Marinha e Canidelo.
Destas eleições percebe-se que os gaienses confiaram no Dr. Menezes. Não mudaram para o PSD, pois nas duas últimas eleições (europeias e legislativas) o PS ganhou claramente. Mantiveram a confiança que tinham dado ao Dr. Menezes em 1997, quando o PS deixou um legado que muitos ainda hoje recordam, menos alguns dos seus responsáveis. É curioso que alguns dos que entregaram a Câmara ao Dr. Menezes, num contexto de conflitualidade interna, de decisões erradas e de amadorismo, venham agora explicar como se ganha. Percebe-se isso, se lembrarmos que alguns desses, na noite das eleições de 1997, apesar da posição cimeira na lista, vieram logo a público salvar o coiro, dizendo que não tinham perdido, que a derrota era do candidato, que até estavam contra a estratégia.
A votação no Dr. Menezes não afectou só o PS. A CDU perdeu a sua histórica e empenhada Vereadora, a Dra. Ilda Figueiredo, e o BE não conteve a queda abrupta face às votações obtidas nos três últimos meses.
O Dr. Joaquim Couto foi excelente em empenho, em dedicação e em capacidade de unir a estrutura e de qualificar o discurso. O Partido Socialista esteve activo e empenhado, com uma solidariedade e uma planificação inéditas. Muitas razões explicarão, ainda assim, os resultados. Finco a análise em alguns aspectos centrais.
Esta avaliação feita pelo eleitorado é, desde logo, a avaliação do PS e da sua acção quando esteve no poder. As pessoas ainda não esqueceram muito do amadorismo e do simplorismo da gestão de alguns dos que (des)acompanharam o Presidente Heitor Carvalheiras (o menos culpado da barafunda de então).
É também a avaliação destes últimos 4 anos de oposição, da forma como a Vereação se afirmou junto dos cidadãos, veiculando a alternativa Socialista, e da forma como o grupo de eleitos na Assembleia Municipal foi capaz de assumir o combate político e de criar alternativa. Este grupo acabou pela metade, com constantes ausências e pequenos encostos ao poder, só disfarçadas pela liderança entretanto assumida por João Paulo Correia.
Foi também a avaliação do trabalho do PS na campanha, onde a excessiva concentração do discurso político nas dificuldades das Juntas de Freguesia, resultantes da asfixia financeira a que foram sujeitas pela Câmara de Gaia, prejudicou a passagem de outras mensagens essenciais. As pessoas detestam vinganças e perseguições, mas já naturalizaram a sua existência, o que dificulta o discurso sobre a ética e os valores. Uma democracia ainda frágil nota-se quando o betão suplanta as questões éticas e o rigor.
A campanha mostrou algumas novidades: um PS organizado, inovador nas propostas e arrojado no combate, vivendo um processo sério de rejuvenescimento, mesmo em freguesias outrora adormecidas, uma unidade construída na base da partilha e da confiança solidária, a emergência de novos e qualificados protagonistas.
Apesar dos resultados, estas eleições não foram em vão. Os ganhos internos garantem um partido mais forte, coeso e competente, rumo aos novos tempos. Criamos as raízes de futuras vitórias, estamos mais preparados do que nunca para os próximos combates.
O PS parte para este mandato em condições políticas promissoras: mantém os três Vereadores, agora coesos e somente comprometidos com os cidadãos; ganhou um Grupo de Deputados municipais coeso e bem liderado; há agora uma sintonia construtiva entre o Partido, a Vereação, a Assembleia Municipal e as Freguesias; dá um sinal de rigor, ao ver-se os dois cabeças de lista (à Câmara e à Assembleia) tomarem posse e, assim, respeitarem os mandatos atribuídos pelas populações. A vida pode nem sempre permitir cumprir todos os mandatos, mas é fundamental garantir-se o cumprimento até ao limite dos mandatos a que nos candidatamos, independentemente dos resultados. É a credibilidade dos partidos e da democracia local que está em causa.
O PS estará, assim, “humilhado”? É minha convicção que não. Em política e em democracia, nunca se é humilhado numa eleição em que o povo decide livremente. Humilhados estão aqueles que outrora combateram por um projecto e agora se encostaram ao poder, vindo a público prejudicar o PS. O reforço da maturidade do PS também se mostra pela rarefacção do discurso banal e dos tons vingativos de quem segue os caminhos do mercantilismo político. Para citar Miguel Torga, “Aparelhei o barco da ilusão, E reforcei a fé do marinheiro. Era longe o meu sonho, E traiçoeiro o mar”.
Pergunto: o PS-Gaia fez o seu trabalho? Fê-lo com qualidade e empenho? Demonstrou força, unidade e capacidade de recrutamento de novos protagonistas? Parece-me que sim. Haveria no partido quem fizesse melhor? Haveria uma estratégia melhor? Haveria maior credibilidade e um caminho alternativo? Houve contributos para uma alteração da estratégia? Parece-me que não.
Acho que quem pretende ganhar no concelho deve dar provas claras das suas potencialidades locais. Quem invoca a unidade deve ter a sua Secção unida, em vez de a ter espartilhada em grupos desconexos. Quem afirma a estratégia deve ser capaz de mostrar um caminho que não seja deambulante. Quem quer liderar deve dar mostras de não ser um mero chefe de grupo, só sobrevivendo nas guerras mesquinhas. Quem fala de aspectos programáticos deve ser capaz de sistematizar um discurso coerente, não um manancial de contraditórias banalidades. Quem afirma a vitória deve ter sido capaz de ter ganho.
Uma ou duas vozes pediram, no entanto, clarificação interna e legitimação. Não percebi muito bem. Eu clarifiquei-me há 4 anos, quando alguns tiveram outros caminhos. Clarifiquei-me há 2 anos, quando alguns se esconderam e outros me vangloriaram.
Quem me conhece, ainda assim sabe que eu não fujo a desafios. Eu também quero ajudar à clarificação, até porque acho que o Partido Socialista não tem tempo a perder.
Por isso, pedi eleições internas. Assumo a necessidade de dar a voz aos militantes, de lhes permitir discutir e escolher, clarificando e legitimando uma Direcção que comece desde já a trabalhar e a preparar o futuro. Só assim podemos ganhar em 2013. Desafiei todos os que perderam a fazerem o mesmo. Penso que nem todos têm essa vontade…
Assumo a recandidatura. Estou orgulhoso do caminho trilhado, há muita gente que quer trabalhar, que se identifica e que confia neste projecto. Não podemos partir sempre do zero, sobretudo quando temos a consciência do caminho que está a ser construído. Estamos hoje em muito melhores condições de poder ganhar daqui a 4 anos.
O PS-Gaia precisa de manter a estabilidade, a unidade e o rumo político. Aproximam-   -se questões fundamentais, que urge discutir: a regionalização, o papel do poder local e das Juntas de Freguesia, a gestão do QREN, o potencial do rio Douro, o novo Hospital, a extensão da linha de Metro e as novas acessibilidades, enfim, um vasto conjunto de aspectos estruturantes. Ao PS-Gaia exige-se um discurso qualificado, coerente e interventivo, capaz de mobilizar os actores sociais. Exige-se debate, mas unidade, exigem-se alternativas, mas lealdade, exige-se um projecto político e não diatribes pessoais.
Tenho um projecto para o PS e para Vila Nova de Gaia. Quero discuti-lo com todos e envolver todos. Quero que o PS seja reconhecido por um projecto político estruturado e credível. E não quero impedir que se apresentem aqueles que julgam ter alguma alternativa.
Mas a minha recandidatura pretende ser mesmo clarificadora e quer sair totalmente legitimada. Por isso, desafio os que querem clarificação a saírem das declarações avulsas e a virem disputar um projecto alternativo. Se não o fizerem, arruínam a credibilidade que possam ter.
Mais do que debates para preparar eleições internas, precisamos de debate constante e programático. Temos uma grande responsabilidade: respeitar os órgãos, assumir os resultados e livrar o PS de facções e de figuras amarguradas e constantemente ressabiadas por má coragem ou mau perder. O PS é um partido de homens e de mulheres livres e com coragem, ontem, hoje e sempre. Sem medos e com arrojo. Sem contabilizar votos e em nome de princípios e de ideais.
Alguns pensam que o PS precisa de clarificação. Eu penso que precisa de paz política. Mas alinho na estratégia de clarificação, convicto que todos alinharão na imprescindível paz.

Vila Nova de Gaia, 6 de Novembro de 2009.

Eduardo Vítor Rodrigues



No passado dia 11 de Outubro de 2009, realizaram-se eleições autárquicas. O PS perdeu em Vila Nova de Gaia. Perdeu votos, Juntas e um eleito na Assembleia Municipal. Ganhou uma nova Junta e manteve os 3 Vereadores. Das 4 freguesias com mais de 20.000 eleitores, manteve-se a realidade: o PS ganhou Oliveira do Douro com maioria absoluta (apesar da mudança de candidato, e fruto de uma estratégia e de uma articulação entre o anterior e o actual Presidente); o PSD manteve Mafamude, Santa Marinha e Canidelo.
Destas eleições percebe-se que os gaienses confiaram no Dr. Menezes. Não mudaram para o PSD, pois nas duas últimas eleições (europeias e legislativas) o PS ganhou claramente. Mantiveram a confiança que tinham dado ao Dr. Menezes em 1997, quando o PS deixou um legado que muitos ainda hoje recordam, menos alguns dos seus responsáveis. É curioso que alguns dos que entregaram a Câmara ao Dr. Menezes, num contexto de conflitualidade interna, de decisões erradas e de amadorismo, venham agora explicar como se ganha. Percebe-se isso, se lembrarmos que alguns desses, na noite das eleições de 1997, apesar da posição cimeira na lista, vieram logo a público salvar o coiro, dizendo que não tinham perdido, que a derrota era do candidato, que até estavam contra a estratégia.
A votação no Dr. Menezes não afectou só o PS. A CDU perdeu a sua histórica e empenhada Vereadora, a Dra. Ilda Figueiredo, e o BE não conteve a queda abrupta face às votações obtidas nos três últimos meses.
O Dr. Joaquim Couto foi excelente em empenho, em dedicação e em capacidade de unir a estrutura e de qualificar o discurso. O Partido Socialista esteve activo e empenhado, com uma solidariedade e uma planificação inéditas. Muitas razões explicarão, ainda assim, os resultados. Finco a análise em alguns aspectos centrais.
Esta avaliação feita pelo eleitorado é, desde logo, a avaliação do PS e da sua acção quando esteve no poder. As pessoas ainda não esqueceram muito do amadorismo e do simplorismo da gestão de alguns dos que (des)acompanharam o Presidente Heitor Carvalheiras (o menos culpado da barafunda de então).
É também a avaliação destes últimos 4 anos de oposição, da forma como a Vereação se afirmou junto dos cidadãos, veiculando a alternativa Socialista, e da forma como o grupo de eleitos na Assembleia Municipal foi capaz de assumir o combate político e de criar alternativa. Este grupo acabou pela metade, com constantes ausências e pequenos encostos ao poder, só disfarçadas pela liderança entretanto assumida por João Paulo Correia.
Foi também a avaliação do trabalho do PS na campanha, onde a excessiva concentração do discurso político nas dificuldades das Juntas de Freguesia, resultantes da asfixia financeira a que foram sujeitas pela Câmara de Gaia, prejudicou a passagem de outras mensagens essenciais. As pessoas detestam vinganças e perseguições, mas já naturalizaram a sua existência, o que dificulta o discurso sobre a ética e os valores. Uma democracia ainda frágil nota-se quando o betão suplanta as questões éticas e o rigor.
A campanha mostrou algumas novidades: um PS organizado, inovador nas propostas e arrojado no combate, vivendo um processo sério de rejuvenescimento, mesmo em freguesias outrora adormecidas, uma unidade construída na base da partilha e da confiança solidária, a emergência de novos e qualificados protagonistas.
Apesar dos resultados, estas eleições não foram em vão. Os ganhos internos garantem um partido mais forte, coeso e competente, rumo aos novos tempos. Criamos as raízes de futuras vitórias, estamos mais preparados do que nunca para os próximos combates.
O PS parte para este mandato em condições políticas promissoras: mantém os três Vereadores, agora coesos e somente comprometidos com os cidadãos; ganhou um Grupo de Deputados municipais coeso e bem liderado; há agora uma sintonia construtiva entre o Partido, a Vereação, a Assembleia Municipal e as Freguesias; dá um sinal de rigor, ao ver-se os dois cabeças de lista (à Câmara e à Assembleia) tomarem posse e, assim, respeitarem os mandatos atribuídos pelas populações. A vida pode nem sempre permitir cumprir todos os mandatos, mas é fundamental garantir-se o cumprimento até ao limite dos mandatos a que nos candidatamos, independentemente dos resultados. É a credibilidade dos partidos e da democracia local que está em causa.
O PS estará, assim, “humilhado”? É minha convicção que não. Em política e em democracia, nunca se é humilhado numa eleição em que o povo decide livremente. Humilhados estão aqueles que outrora combateram por um projecto e agora se encostaram ao poder, vindo a público prejudicar o PS. O reforço da maturidade do PS também se mostra pela rarefacção do discurso banal e dos tons vingativos de quem segue os caminhos do mercantilismo político. Para citar Miguel Torga, “Aparelhei o barco da ilusão, E reforcei a fé do marinheiro. Era longe o meu sonho, E traiçoeiro o mar”.
Pergunto: o PS-Gaia fez o seu trabalho? Fê-lo com qualidade e empenho? Demonstrou força, unidade e capacidade de recrutamento de novos protagonistas? Parece-me que sim. Haveria no partido quem fizesse melhor? Haveria uma estratégia melhor? Haveria maior credibilidade e um caminho alternativo? Houve contributos para uma alteração da estratégia? Parece-me que não.
Acho que quem pretende ganhar no concelho deve dar provas claras das suas potencialidades locais. Quem invoca a unidade deve ter a sua Secção unida, em vez de a ter espartilhada em grupos desconexos. Quem afirma a estratégia deve ser capaz de mostrar um caminho que não seja deambulante. Quem quer liderar deve dar mostras de não ser um mero chefe de grupo, só sobrevivendo nas guerras mesquinhas. Quem fala de aspectos programáticos deve ser capaz de sistematizar um discurso coerente, não um manancial de contraditórias banalidades. Quem afirma a vitória deve ter sido capaz de ter ganho.
Uma ou duas vozes pediram, no entanto, clarificação interna e legitimação. Não percebi muito bem. Eu clarifiquei-me há 4 anos, quando alguns tiveram outros caminhos. Clarifiquei-me há 2 anos, quando alguns se esconderam e outros me vangloriaram.
Quem me conhece, ainda assim sabe que eu não fujo a desafios. Eu também quero ajudar à clarificação, até porque acho que o Partido Socialista não tem tempo a perder.
Por isso, pedi eleições internas. Assumo a necessidade de dar a voz aos militantes, de lhes permitir discutir e escolher, clarificando e legitimando uma Direcção que comece desde já a trabalhar e a preparar o futuro. Só assim podemos ganhar em 2013. Desafiei todos os que perderam a fazerem o mesmo. Penso que nem todos têm essa vontade…
Assumo a recandidatura. Estou orgulhoso do caminho trilhado, há muita gente que quer trabalhar, que se identifica e que confia neste projecto. Não podemos partir sempre do zero, sobretudo quando temos a consciência do caminho que está a ser construído. Estamos hoje em muito melhores condições de poder ganhar daqui a 4 anos.
O PS-Gaia precisa de manter a estabilidade, a unidade e o rumo político. Aproximam-   -se questões fundamentais, que urge discutir: a regionalização, o papel do poder local e das Juntas de Freguesia, a gestão do QREN, o potencial do rio Douro, o novo Hospital, a extensão da linha de Metro e as novas acessibilidades, enfim, um vasto conjunto de aspectos estruturantes. Ao PS-Gaia exige-se um discurso qualificado, coerente e interventivo, capaz de mobilizar os actores sociais. Exige-se debate, mas unidade, exigem-se alternativas, mas lealdade, exige-se um projecto político e não diatribes pessoais.
Tenho um projecto para o PS e para Vila Nova de Gaia. Quero discuti-lo com todos e envolver todos. Quero que o PS seja reconhecido por um projecto político estruturado e credível. E não quero impedir que se apresentem aqueles que julgam ter alguma alternativa.
Mas a minha recandidatura pretende ser mesmo clarificadora e quer sair totalmente legitimada. Por isso, desafio os que querem clarificação a saírem das declarações avulsas e a virem disputar um projecto alternativo. Se não o fizerem, arruínam a credibilidade que possam ter.
Mais do que debates para preparar eleições internas, precisamos de debate constante e programático. Temos uma grande responsabilidade: respeitar os órgãos, assumir os resultados e livrar o PS de facções e de figuras amarguradas e constantemente ressabiadas por má coragem ou mau perder. O PS é um partido de homens e de mulheres livres e com coragem, ontem, hoje e sempre. Sem medos e com arrojo. Sem contabilizar votos e em nome de princípios e de ideais.
Alguns pensam que o PS precisa de clarificação. Eu penso que precisa de paz política. Mas alinho na estratégia de clarificação, convicto que todos alinharão na imprescindível paz.

Vila Nova de Gaia, 6 de Novembro de 2009.

Eduardo Vítor Rodrigues

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