Debaixo dos Arcos: Sais Minerais I

28-05-2010
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Publicado na edição de quinta-feira (31.07.08) do Diário de AveiroSais MineraisÀs duas por três...Aproveitando a maré de mudanças e marcando um ano de “Crónicas dos Arcos” (com maior ou menor regularidade), é chegada a altura para rebaptizar e trocar os “Arcos” por “Sais Minerais” que, com mais ou menos azia, dão sempre jeito para aliviar as digestões (sejam más ou não).E enquanto este Verão vai e vem ao sabor do vento, registo para três breves e ligeiras notas.“Muitos” não significa “muito bons”.O Primeiro-Ministro, esta semana, vincou a necessidade de Portugal apostar forte na qualificação dos seus recursos humanos. O que resulta em mais saber, mais conhecimento: melhor qualificação das pessoas.Se esta é uma premissa irrefutável (ao bom sabor das verdades do Marechal Jacques de la Palice), não deixa de ser um facto que transporta, em si mesma, paradigmas questionáveis.O excesso da ânsia governamental pela apresentação de resultados, sustentada em meros dados estatísticos, faz com que se assista, nos dias de hoje, a uma descaracterização do ensino básico e secundário, da banalização do mérito e do valor (saber e conhecimento), o trivializar a experiência com a desacreditação das “novas oportunidades” e o desfasamento do ensino superior face às necessidades do desenvolvimento dos diversos sectores da sociedade, das realidades laborais e empresariais.O Primeiro-Ministro vangloriou-se pelo facto de, em relação a 2005 (cerca de 300 alunos), os CET - Cursos de Especialização Tecnológica terem, em 2008, mais 4.500 alunos (cerca de 4.800).O que o responsável pelo governo deste país não referiu, com a mesma “pompa e circunstância”, é que quantidade não é sinónimo de qualidade.Incentivos económicos.Para complicar a vida à oposição governativa, nomeadamente à da Senhora Ex-Ministra das Finanças, há quem refira que saiu a “lotaria” ou o “euro milhões” ao governo, principalmente a José Sócrates e a Manuel Pinho. Refiro-me ao investimento, em solo luso, da empresa brasileira aeronáutica Embraer.Mas há uma outra realidade… dos (anunciados) 149 milhões de euros de investimento, há a referenciar cerca de 30% de incentivos financeiros e fiscais.Ora, o filme é, na maioria dos casos, um verdadeiro “déjà vu”: fortes incentivos fiscais (subsidiação estatal, sustentada em protocolos e acordos) que se tornam, ao fim de alguns anos, em pesadelos sociais e laborais quando a economia globalizada e o incentivos deixam de ser, financeiramente, atractivos. Entretanto surge a inevitável deslocalização, a alteração à estatística do desemprego e pelo caminho ficam uma série de empresas locais que sustentaram, com base nos seus impostos, parte desses incentivos, sem merecerem, por parte do governo, qualquer valorização económica (incentivos à modernidade, ao investimento e ao desenvolvimento).É esta a política impulsionadora da economia nacional…A ver comboios.As recordações levam-me à tentativa de transpor das memórias idas as imagens do antigo Largo da Estação e zona da Avenida envolvente.Já o referi algumas vezes que as acessibilidades sem estruturação de incentivos ao desenvolvimento, transformam zonas, em tempos “vivas”, em locais desertificados.Acontece com o interior do país (apesar do crescente volume de quilómetros de auto-estrada, mas que apenas aproximam a Espanha do Litoral) e acontece, ao nível local, com novas acessibilidades que desvirtuam urbanística e socialmente as cidades.É certo que o “túnel da estação” criou uma maior acessibilidade de e para a cidade.Mas não deixa de ser uma crua e fria realidade a desertificação, o abandono, a perda da “vida” comercial e social que o Largo da Estação e a zona envolvente da Avenida (até ao cruzamento com a Rua Luis Gomes de Carvalho) tiveram em tempos idos.Ao sabor da pena…


Publicado na edição de quinta-feira (31.07.08) do Diário de AveiroSais MineraisÀs duas por três...Aproveitando a maré de mudanças e marcando um ano de “Crónicas dos Arcos” (com maior ou menor regularidade), é chegada a altura para rebaptizar e trocar os “Arcos” por “Sais Minerais” que, com mais ou menos azia, dão sempre jeito para aliviar as digestões (sejam más ou não).E enquanto este Verão vai e vem ao sabor do vento, registo para três breves e ligeiras notas.“Muitos” não significa “muito bons”.O Primeiro-Ministro, esta semana, vincou a necessidade de Portugal apostar forte na qualificação dos seus recursos humanos. O que resulta em mais saber, mais conhecimento: melhor qualificação das pessoas.Se esta é uma premissa irrefutável (ao bom sabor das verdades do Marechal Jacques de la Palice), não deixa de ser um facto que transporta, em si mesma, paradigmas questionáveis.O excesso da ânsia governamental pela apresentação de resultados, sustentada em meros dados estatísticos, faz com que se assista, nos dias de hoje, a uma descaracterização do ensino básico e secundário, da banalização do mérito e do valor (saber e conhecimento), o trivializar a experiência com a desacreditação das “novas oportunidades” e o desfasamento do ensino superior face às necessidades do desenvolvimento dos diversos sectores da sociedade, das realidades laborais e empresariais.O Primeiro-Ministro vangloriou-se pelo facto de, em relação a 2005 (cerca de 300 alunos), os CET - Cursos de Especialização Tecnológica terem, em 2008, mais 4.500 alunos (cerca de 4.800).O que o responsável pelo governo deste país não referiu, com a mesma “pompa e circunstância”, é que quantidade não é sinónimo de qualidade.Incentivos económicos.Para complicar a vida à oposição governativa, nomeadamente à da Senhora Ex-Ministra das Finanças, há quem refira que saiu a “lotaria” ou o “euro milhões” ao governo, principalmente a José Sócrates e a Manuel Pinho. Refiro-me ao investimento, em solo luso, da empresa brasileira aeronáutica Embraer.Mas há uma outra realidade… dos (anunciados) 149 milhões de euros de investimento, há a referenciar cerca de 30% de incentivos financeiros e fiscais.Ora, o filme é, na maioria dos casos, um verdadeiro “déjà vu”: fortes incentivos fiscais (subsidiação estatal, sustentada em protocolos e acordos) que se tornam, ao fim de alguns anos, em pesadelos sociais e laborais quando a economia globalizada e o incentivos deixam de ser, financeiramente, atractivos. Entretanto surge a inevitável deslocalização, a alteração à estatística do desemprego e pelo caminho ficam uma série de empresas locais que sustentaram, com base nos seus impostos, parte desses incentivos, sem merecerem, por parte do governo, qualquer valorização económica (incentivos à modernidade, ao investimento e ao desenvolvimento).É esta a política impulsionadora da economia nacional…A ver comboios.As recordações levam-me à tentativa de transpor das memórias idas as imagens do antigo Largo da Estação e zona da Avenida envolvente.Já o referi algumas vezes que as acessibilidades sem estruturação de incentivos ao desenvolvimento, transformam zonas, em tempos “vivas”, em locais desertificados.Acontece com o interior do país (apesar do crescente volume de quilómetros de auto-estrada, mas que apenas aproximam a Espanha do Litoral) e acontece, ao nível local, com novas acessibilidades que desvirtuam urbanística e socialmente as cidades.É certo que o “túnel da estação” criou uma maior acessibilidade de e para a cidade.Mas não deixa de ser uma crua e fria realidade a desertificação, o abandono, a perda da “vida” comercial e social que o Largo da Estação e a zona envolvente da Avenida (até ao cruzamento com a Rua Luis Gomes de Carvalho) tiveram em tempos idos.Ao sabor da pena…

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