Escutas levam PSD a querer mais audições

20-05-2010
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Comissão vai agora ouvir João Carlos Silva da Taguspark, José Maria Ricciardi do BES Investimentos e ainda o ex-assessor jurídico da Portugal Telecom Paulo Penedos

Foi o conteúdo das transcrições das escutas que levou ontem o PSD a requerer a audição do administrador da Taguspark João Carlos Silva, do presidente do BES Investimentos José Maria Ricciardi e novamente do ex-assessor jurídico da PT Paulo Penedos na comissão de inquérito ao negócio da TVI - "para os confrontar com incongruências graves" detectadas na documentação analisada, especificou o deputado Pacheco Pereira. Dependente do resultado destas inquirições, o PSD deixou já o aviso de que eventualmente voltará a requisitar a presença de Zeinal Bava, Armando Vara e Manuel Polanco.

Estes nomes e o de Rui Pedro Soares são citados nos documentos enviados ao Parlamento pelo juiz da comarca do Baixo Vouga que o deputado Pacheco Pereira já consultou - o outro deputado a aceder aos documentos é o comunista João Oliveira, que o fará hoje, disse ao PÚBLICO. Nos 172 resumos de transcrições de telefonemas e SMS concentrados no mês de Junho referentes ao negócio da TVI há referências explícitas ao primeiro-ministro. As alusões são diárias, mas é notória a mudança de comunicação: primeiro é a PT a protagonista e, de repente, o nome da operadora é substituído pelo do Taguspark. Embora se trate de resumos, o conteúdo é muito mais amplo e detalhado do que o já publicado na imprensa.

Na reunião da comissão que ontem se deveria debruçar sobre as respostas do primeiro-ministro mas tomou rumo diferente a pedido do PSD - que prefere discutir as respostas depois das novas audições -, Pacheco Pereira não referiu o conteúdo das escutas, mas quis fazer uma "apreciação política", dizendo que o "carácter dos elementos é pura e simplesmente avassalador". Ali está uma "descrição detalhada de um negócio com características anómalas e cuja intenção é alterar a linha da TVI". Um "negócio politicamente dirigido" que o deputado social-democrata diz mesmo que "era do conhecimento do primeiro-ministro" e "não apenas uma iniciativa de Rui Pedro Soares - envolve mais gente".

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Contornos clandestinos

Mais: os protagonistas fizeram por ocultar os "contornos clandestinos" do negócio pela "consciência do seu efeito político hostil", usaram "códigos nas comunicações" para tentar obter apoios para o PS, afastar Moniz (a ida para o Benfica foi uma das encenações) e até comprar o, enumerou o deputado, para dizer que há ali muito mais conteúdo sobre o negócio do que foi revelado até aqui nas audições.

O deputado lembra ainda que existiu uma lista de telefonemas do primeiro-ministro sobre o tema incluídos em despachos de magistrados depois considerada nula. Mesmo não precisando conhecer o seu conteúdo, a sua simples existência demonstra que José Sócrates conhecia o negócio, sublinha Pacheco Pereira. Somados todos os elementos, o deputado deixou várias vezes o aviso - e, de certo modo, até um recado à liderança do seu partido ao dizer que ali "ninguém admite instruções": "Fiquem cientes os senhores deputados que nós não vamos prescindir destes elementos e, por muito que eles incomodem o PS, eles vão ser trazidos aqui. Eles são factos e quanto a factos é muito difícil dar a volta."

"Não faz sentido continuarmos a trabalhar como se não soubéssemos. Ignorar é como estar aqui a fazer renda de bilros", vincou Pacheco Pereira, que quer discutir o seu conteúdo com a comissão de porta fechada. Mas esta é uma questão que claramente divide os deputados. O PS classifica o acesso às escutas como inconstitucional e Ricardo Rodrigues remete uma decisão sobre a ausência dos deputados para quando for marcada tal discussão; o CDS-PP, como não vai consultar as escutas, considera "racional" não as discutir e o Bloco de Esquerda vai no mesmo sentido. PSD e PCP arriscam-se a ficar a falar sozinhos e poderão depois exigir acrescentar um capítulo ao relatório. O encontro dos coordenadores para definir os próximos passos e calendário de reuniões deve ser hoje, disse ontem ao PÚBLICO o presidente Mota Amaral. com Maria José Oliveira

Comissão vai agora ouvir João Carlos Silva da Taguspark, José Maria Ricciardi do BES Investimentos e ainda o ex-assessor jurídico da Portugal Telecom Paulo Penedos

Foi o conteúdo das transcrições das escutas que levou ontem o PSD a requerer a audição do administrador da Taguspark João Carlos Silva, do presidente do BES Investimentos José Maria Ricciardi e novamente do ex-assessor jurídico da PT Paulo Penedos na comissão de inquérito ao negócio da TVI - "para os confrontar com incongruências graves" detectadas na documentação analisada, especificou o deputado Pacheco Pereira. Dependente do resultado destas inquirições, o PSD deixou já o aviso de que eventualmente voltará a requisitar a presença de Zeinal Bava, Armando Vara e Manuel Polanco.

Estes nomes e o de Rui Pedro Soares são citados nos documentos enviados ao Parlamento pelo juiz da comarca do Baixo Vouga que o deputado Pacheco Pereira já consultou - o outro deputado a aceder aos documentos é o comunista João Oliveira, que o fará hoje, disse ao PÚBLICO. Nos 172 resumos de transcrições de telefonemas e SMS concentrados no mês de Junho referentes ao negócio da TVI há referências explícitas ao primeiro-ministro. As alusões são diárias, mas é notória a mudança de comunicação: primeiro é a PT a protagonista e, de repente, o nome da operadora é substituído pelo do Taguspark. Embora se trate de resumos, o conteúdo é muito mais amplo e detalhado do que o já publicado na imprensa.

Na reunião da comissão que ontem se deveria debruçar sobre as respostas do primeiro-ministro mas tomou rumo diferente a pedido do PSD - que prefere discutir as respostas depois das novas audições -, Pacheco Pereira não referiu o conteúdo das escutas, mas quis fazer uma "apreciação política", dizendo que o "carácter dos elementos é pura e simplesmente avassalador". Ali está uma "descrição detalhada de um negócio com características anómalas e cuja intenção é alterar a linha da TVI". Um "negócio politicamente dirigido" que o deputado social-democrata diz mesmo que "era do conhecimento do primeiro-ministro" e "não apenas uma iniciativa de Rui Pedro Soares - envolve mais gente".

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Contornos clandestinos

Mais: os protagonistas fizeram por ocultar os "contornos clandestinos" do negócio pela "consciência do seu efeito político hostil", usaram "códigos nas comunicações" para tentar obter apoios para o PS, afastar Moniz (a ida para o Benfica foi uma das encenações) e até comprar o, enumerou o deputado, para dizer que há ali muito mais conteúdo sobre o negócio do que foi revelado até aqui nas audições.

O deputado lembra ainda que existiu uma lista de telefonemas do primeiro-ministro sobre o tema incluídos em despachos de magistrados depois considerada nula. Mesmo não precisando conhecer o seu conteúdo, a sua simples existência demonstra que José Sócrates conhecia o negócio, sublinha Pacheco Pereira. Somados todos os elementos, o deputado deixou várias vezes o aviso - e, de certo modo, até um recado à liderança do seu partido ao dizer que ali "ninguém admite instruções": "Fiquem cientes os senhores deputados que nós não vamos prescindir destes elementos e, por muito que eles incomodem o PS, eles vão ser trazidos aqui. Eles são factos e quanto a factos é muito difícil dar a volta."

"Não faz sentido continuarmos a trabalhar como se não soubéssemos. Ignorar é como estar aqui a fazer renda de bilros", vincou Pacheco Pereira, que quer discutir o seu conteúdo com a comissão de porta fechada. Mas esta é uma questão que claramente divide os deputados. O PS classifica o acesso às escutas como inconstitucional e Ricardo Rodrigues remete uma decisão sobre a ausência dos deputados para quando for marcada tal discussão; o CDS-PP, como não vai consultar as escutas, considera "racional" não as discutir e o Bloco de Esquerda vai no mesmo sentido. PSD e PCP arriscam-se a ficar a falar sozinhos e poderão depois exigir acrescentar um capítulo ao relatório. O encontro dos coordenadores para definir os próximos passos e calendário de reuniões deve ser hoje, disse ontem ao PÚBLICO o presidente Mota Amaral. com Maria José Oliveira

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