O mercado português de arte está "enxameado de quadros falsos"

28-10-2010
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A apreensão, pela Polícia Judiciária, de 130 quadros falsos de pintores de topo mostra que Portugal está nas rotas internacionais da falsificação

São falsificações tão perfeitas que passariam despercebidas aos mais entendidos. A Polícia Judiciária (PJ) apreendeu nos últimos dias um total de 130 quadros com a assinatura de destacados nomes da pintura mundial, entre os quais Leonardo da Vinci, Kandinsky, Picasso, Modigliani, Miró, Chagall, Matisse, Monet e Vieira da Silva, naquela que é descrita pelos próprios investigadores como a maior operação do género jamais realizada em Portugal.

A operação, designada Caverna do Tesouro e iniciada pela Directoria de Lisboa e Vale do Tejo da PJ há menos de três meses, resultou em sucesso. Segundo os investigadores, esta foi também uma das maiores apreensões de sempre de arte falsificada na Europa.

É um sinal de que "Portugal já se encontra definitivamente nas grandes rotas internacionais de falsificação de quadros" e de que "o nosso mercado está enxameado de quadros falsos", nota o coordenador da investigação de furtos de obras de arte da PJ, João Oliveira, em declarações ao PÚBLICO.

Os quadros foram descobertos durante uma busca a casa de uma mulher de origem nórdica, nos arredores de Lisboa. Se fossem verdadeiros, valeriam centenas de milhões de euros.

No mesmo local foram também encontrados e apreendidos certificados falsos da autenticidade das pinturas. Em comparação com os anos anteriores, 2010 registou, de longe, o maior número de apreensões de obras de arte em Portugal.

Pico de apreensões

"Há claramente um pico enormíssimo de apreensões", diz João Oliveira. Salientando que o fenómeno terá uma explicação multifactorial, este responsável da PJ considera que uma das principais razões do aumento de casos está certamente relacionada com a crise económica, que abre "janelas de oportunidade às actividades ilícitas".

O mercado de arte é um "meio muito restrito" em Portugal, salienta João Oliveira. Um meio "marcado por cumplicidades, por jogos de silêncio" de quem não se quer comprometer nem ter problemas, nota o investigador.

Estas são, certamente, algumas das dificuldades que se colocam à investigação. Num comunicado distribuído ontem à comunicação social, a PJ esclarece que a suspeita foi detida em flagrante delito e presente ao tribunal competente. Ficou obrigada a apresentar-se periodicamente na esquadra da área onde reside, bem como proibida de se ausentar do país. Teve ainda de pagar uma caução.

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No comunicado divulgado ontem, a PJ recomenda aos interessados em adquirir pintura, particularmente de autores conhecidos e de grande cotação no mercado, para que procedam de forma a cautelosa, apurando a sua origem e confirmando a sua autenticidade antes de fechar negócio. Em caso de dúvida, contactem-se os serviços especializados, alerta a PJ.

Os investigadores solicitam ainda o contacto de quem adquiriu recentemente pintura estrangeira, para que a autenticidade dessas obras seja averiguada.

A apreensão, pela Polícia Judiciária, de 130 quadros falsos de pintores de topo mostra que Portugal está nas rotas internacionais da falsificação

São falsificações tão perfeitas que passariam despercebidas aos mais entendidos. A Polícia Judiciária (PJ) apreendeu nos últimos dias um total de 130 quadros com a assinatura de destacados nomes da pintura mundial, entre os quais Leonardo da Vinci, Kandinsky, Picasso, Modigliani, Miró, Chagall, Matisse, Monet e Vieira da Silva, naquela que é descrita pelos próprios investigadores como a maior operação do género jamais realizada em Portugal.

A operação, designada Caverna do Tesouro e iniciada pela Directoria de Lisboa e Vale do Tejo da PJ há menos de três meses, resultou em sucesso. Segundo os investigadores, esta foi também uma das maiores apreensões de sempre de arte falsificada na Europa.

É um sinal de que "Portugal já se encontra definitivamente nas grandes rotas internacionais de falsificação de quadros" e de que "o nosso mercado está enxameado de quadros falsos", nota o coordenador da investigação de furtos de obras de arte da PJ, João Oliveira, em declarações ao PÚBLICO.

Os quadros foram descobertos durante uma busca a casa de uma mulher de origem nórdica, nos arredores de Lisboa. Se fossem verdadeiros, valeriam centenas de milhões de euros.

No mesmo local foram também encontrados e apreendidos certificados falsos da autenticidade das pinturas. Em comparação com os anos anteriores, 2010 registou, de longe, o maior número de apreensões de obras de arte em Portugal.

Pico de apreensões

"Há claramente um pico enormíssimo de apreensões", diz João Oliveira. Salientando que o fenómeno terá uma explicação multifactorial, este responsável da PJ considera que uma das principais razões do aumento de casos está certamente relacionada com a crise económica, que abre "janelas de oportunidade às actividades ilícitas".

O mercado de arte é um "meio muito restrito" em Portugal, salienta João Oliveira. Um meio "marcado por cumplicidades, por jogos de silêncio" de quem não se quer comprometer nem ter problemas, nota o investigador.

Estas são, certamente, algumas das dificuldades que se colocam à investigação. Num comunicado distribuído ontem à comunicação social, a PJ esclarece que a suspeita foi detida em flagrante delito e presente ao tribunal competente. Ficou obrigada a apresentar-se periodicamente na esquadra da área onde reside, bem como proibida de se ausentar do país. Teve ainda de pagar uma caução.

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Os investigadores solicitam ainda o contacto de quem adquiriu recentemente pintura estrangeira, para que a autenticidade dessas obras seja averiguada.

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