O Cachimbo de Magritte: Ricardo Reis e Miguel Frasquilho (2)

23-12-2009
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Há pouco publiquei este post também no Jamais. Entretanto, apareceu por lá um comentador que manifestou a sua preferência pela opinião de Ricardo Reis (ainda sobre isto) sobre a de Miguel Frasquilho porque o primeiro é "Professor de uma Universidade Norte-Americana" e o Miguel não passa de um mero "deputado do PSD". Devo dizer que presumo que o comentador esteja acompanhado por muita e muita gente. Encontro este argumento todos os dias a propósito de muitíssimos problemas e assuntos. Devo ainda dizer que conheço o Miguel Frasquilho, a sua carreira na banca, na Universidade, na política, e a título de declaração de interesses, considero-o um amigo. Mas, enfim, o comentário aqui visado obedece à reverência pequenina que os Portugueses têm pela autoridade - noutros tempos pela política, hoje pela intelectual. É uma reacção normal à fraqueza e ao desamparo. O mais curioso (e já o disse no Jamais, num comentário ao tal comentário) é que nas Universidades americanas, nos departamentos aqui tão elogiados e que pelos vistos conferem autoridade a quem por lá passa, o argumento de autoridade é automaticamente rejeitado, por ser aquilo que é. A parolice e o paroquialismo portugueses ajudam a explicar por que é que isto é tão difícil de compreender para as almas lusas. Mas teríamos de ir mais longe para percebermos por que é que a esquerda em geral (e agora não me refiro ao comentador citado) se deixa seduzir tão facilmente pela autoridade (do) intelectual, e pelo argumento de autoridade no debate intelectual. Historicamente, isto é um facto. Já nos nossos dias talvez se diga que esta é uma generalização absurda, que exorbita o exemplo de casos isolados. Talvez. Mas são muitos casos isolados para quem se reclama de uma postura anti-autoritária. Deve haver por aí uma explicação.


Há pouco publiquei este post também no Jamais. Entretanto, apareceu por lá um comentador que manifestou a sua preferência pela opinião de Ricardo Reis (ainda sobre isto) sobre a de Miguel Frasquilho porque o primeiro é "Professor de uma Universidade Norte-Americana" e o Miguel não passa de um mero "deputado do PSD". Devo dizer que presumo que o comentador esteja acompanhado por muita e muita gente. Encontro este argumento todos os dias a propósito de muitíssimos problemas e assuntos. Devo ainda dizer que conheço o Miguel Frasquilho, a sua carreira na banca, na Universidade, na política, e a título de declaração de interesses, considero-o um amigo. Mas, enfim, o comentário aqui visado obedece à reverência pequenina que os Portugueses têm pela autoridade - noutros tempos pela política, hoje pela intelectual. É uma reacção normal à fraqueza e ao desamparo. O mais curioso (e já o disse no Jamais, num comentário ao tal comentário) é que nas Universidades americanas, nos departamentos aqui tão elogiados e que pelos vistos conferem autoridade a quem por lá passa, o argumento de autoridade é automaticamente rejeitado, por ser aquilo que é. A parolice e o paroquialismo portugueses ajudam a explicar por que é que isto é tão difícil de compreender para as almas lusas. Mas teríamos de ir mais longe para percebermos por que é que a esquerda em geral (e agora não me refiro ao comentador citado) se deixa seduzir tão facilmente pela autoridade (do) intelectual, e pelo argumento de autoridade no debate intelectual. Historicamente, isto é um facto. Já nos nossos dias talvez se diga que esta é uma generalização absurda, que exorbita o exemplo de casos isolados. Talvez. Mas são muitos casos isolados para quem se reclama de uma postura anti-autoritária. Deve haver por aí uma explicação.

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