O Cachimbo de Magritte: Querer entender

24-12-2009
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A única "esperteza" de que o Partido "Socrático" é capaz é esta. A saloia.Quem atentar no que foi dito por Manuela Ferreira Leite nos dois episódios em apreço, terá de concluir (sim, terá) que ela, ainda que numa formulação que se pode prestar a armadilhas esconsas, falou de coisas diferentes. Provavelmente, para o gosto da superficialidade apressada dos media (que é sempre estranha para quem esteja acostumado a deixar à linguagem o ritmo próprio das suas hesitações, das suas imprecisões, dos seus esbatimentos de sentido e que a fazem, precisamente, mais próxima da "reflexão" e da "verdade" e distante do linguajar prêt à porter de plástico dos "jovens" políticos), a diferença não terá ficado suficientemente vincada. Não o terá, pelo menos, daquele modo "fácil" que só aparentemente é claro, mas que, na verdade, engana, ao estabelecer contraposições e distinções que não estão lá ou não são tão vincadas quanto se quer fazer parecer (por exemplo, as frases em série e as polarizações simplistas tão ao gosto de Sócrates e de outros ao "centro" e à "direita"). Seja como for, aqui, para quem quiser entender, foi dito em que sentido e a que se aplica o famoso "rasgar".Com esta manobra de diversão (de quem já se socorre de tudo), ajudada, claro, pela superficialidade mediática (sempre à caça do estridente ainda que falso), tentou-se que passasse despercebido um propósito de alcance político que foi anunciado e que denuncia precisamente toda a inépcia e incompetência políticas e a demagogia insultuosa do governo Sócrates, no que respeita às suas bandeiras "reformistas" (agora desbotadas e esfarrapadas) : há que 'fazer transformações profundas, mas nunca em agressão às pessoas, nunca criando crispação na sociedade portuguesa, sempre em colaboração com as pessoas, com aquele consenso que é necessário para se fazerem transformações'. Presta-se isto a aproveitamentos maliciosos, a observações de pormenor que só pretendem minar o seu sentido político geral? Sim, presta. Mas isso é o que acontece sempre aos enunciados (é a sua fragilidade) que são ditos com maior proximidade das realidades a que se referem. É o que acontece quando a linguagem (mesmo na política) está como que in statu nascendi, está, genuinamente, debatendo-se com as coisas.


A única "esperteza" de que o Partido "Socrático" é capaz é esta. A saloia.Quem atentar no que foi dito por Manuela Ferreira Leite nos dois episódios em apreço, terá de concluir (sim, terá) que ela, ainda que numa formulação que se pode prestar a armadilhas esconsas, falou de coisas diferentes. Provavelmente, para o gosto da superficialidade apressada dos media (que é sempre estranha para quem esteja acostumado a deixar à linguagem o ritmo próprio das suas hesitações, das suas imprecisões, dos seus esbatimentos de sentido e que a fazem, precisamente, mais próxima da "reflexão" e da "verdade" e distante do linguajar prêt à porter de plástico dos "jovens" políticos), a diferença não terá ficado suficientemente vincada. Não o terá, pelo menos, daquele modo "fácil" que só aparentemente é claro, mas que, na verdade, engana, ao estabelecer contraposições e distinções que não estão lá ou não são tão vincadas quanto se quer fazer parecer (por exemplo, as frases em série e as polarizações simplistas tão ao gosto de Sócrates e de outros ao "centro" e à "direita"). Seja como for, aqui, para quem quiser entender, foi dito em que sentido e a que se aplica o famoso "rasgar".Com esta manobra de diversão (de quem já se socorre de tudo), ajudada, claro, pela superficialidade mediática (sempre à caça do estridente ainda que falso), tentou-se que passasse despercebido um propósito de alcance político que foi anunciado e que denuncia precisamente toda a inépcia e incompetência políticas e a demagogia insultuosa do governo Sócrates, no que respeita às suas bandeiras "reformistas" (agora desbotadas e esfarrapadas) : há que 'fazer transformações profundas, mas nunca em agressão às pessoas, nunca criando crispação na sociedade portuguesa, sempre em colaboração com as pessoas, com aquele consenso que é necessário para se fazerem transformações'. Presta-se isto a aproveitamentos maliciosos, a observações de pormenor que só pretendem minar o seu sentido político geral? Sim, presta. Mas isso é o que acontece sempre aos enunciados (é a sua fragilidade) que são ditos com maior proximidade das realidades a que se referem. É o que acontece quando a linguagem (mesmo na política) está como que in statu nascendi, está, genuinamente, debatendo-se com as coisas.

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