O Cachimbo de Magritte: Pinho: a propaganda de rosto humano

30-05-2010
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Num "périplo de quatro dias por mais de 15 fábricas" andou o ministro Manuel Pinho, conta-nos o Diário de Notícias, sempre generoso com o governo. Vale a pena registar algumas frases do ministro:-"As pessoas estão aflitas" e "muito mais viradas para quem tiver soluções concretas em vez de teorias".Bem se vê que o ministro fala das pessoas (as tais que "estão aflitas" e que ele usa como figurantes da sua propaganda) com um paternalismo insultuoso, mas, apesar do seu discurso tipicamente reaccionário contra as "teorias" (o velho rancor de quem não pensa nada) e contra as "atitudes rezingonas" (uma outra versão dos "insultos" de Sócrates e que não são mais do que oposição pura e simples), ele sabe muito bem que está ali em acções de propaganda, está ali a fazer política - e da partidária. Se não, vejam-se os seus apartes tão reveladores:-Em Paços de Ferreira, com um Pedro Pinto autarca do PSD, entusiasmadíssimo com o ministro, ele considera que a fábrica da Ikea é "uma espinha cravada no coração do PSD". Reflecte: "A oposição, quanto mais fala em PME [Pequenas e Médias Empresas] mais me ajuda"; -"Vários empresários já me disseram que se concorrer pelo distrito de Aveiro querem ser os primeiros da minha lista de honra".-"Se as eleições fossem cá em cima, nem era preciso fazê-las. Eu ganhava com 80% dos votos. Esta gente votava 10 vezes em mim. É uma dimensão engraçada, porque em Lisboa não se tem esta leitura".Deste modo quase repugnante, Pinho reve-se como uma espécie de proprietário eleitoral "daquela gente". Aliás, proprietário tout court, porque, no mundo ideal da sua cabeça, nem seriam precisas eleições. "Aquela gente" adora-o, pertence-lhe como criaturas menores que querem apenas ser salvas por ele e não querem nada com "teorias", com sindicalistas e, presume-se, com aquela senhora "rezingona" da oposição.


Num "périplo de quatro dias por mais de 15 fábricas" andou o ministro Manuel Pinho, conta-nos o Diário de Notícias, sempre generoso com o governo. Vale a pena registar algumas frases do ministro:-"As pessoas estão aflitas" e "muito mais viradas para quem tiver soluções concretas em vez de teorias".Bem se vê que o ministro fala das pessoas (as tais que "estão aflitas" e que ele usa como figurantes da sua propaganda) com um paternalismo insultuoso, mas, apesar do seu discurso tipicamente reaccionário contra as "teorias" (o velho rancor de quem não pensa nada) e contra as "atitudes rezingonas" (uma outra versão dos "insultos" de Sócrates e que não são mais do que oposição pura e simples), ele sabe muito bem que está ali em acções de propaganda, está ali a fazer política - e da partidária. Se não, vejam-se os seus apartes tão reveladores:-Em Paços de Ferreira, com um Pedro Pinto autarca do PSD, entusiasmadíssimo com o ministro, ele considera que a fábrica da Ikea é "uma espinha cravada no coração do PSD". Reflecte: "A oposição, quanto mais fala em PME [Pequenas e Médias Empresas] mais me ajuda"; -"Vários empresários já me disseram que se concorrer pelo distrito de Aveiro querem ser os primeiros da minha lista de honra".-"Se as eleições fossem cá em cima, nem era preciso fazê-las. Eu ganhava com 80% dos votos. Esta gente votava 10 vezes em mim. É uma dimensão engraçada, porque em Lisboa não se tem esta leitura".Deste modo quase repugnante, Pinho reve-se como uma espécie de proprietário eleitoral "daquela gente". Aliás, proprietário tout court, porque, no mundo ideal da sua cabeça, nem seriam precisas eleições. "Aquela gente" adora-o, pertence-lhe como criaturas menores que querem apenas ser salvas por ele e não querem nada com "teorias", com sindicalistas e, presume-se, com aquela senhora "rezingona" da oposição.

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