O Cachimbo de Magritte: Choque e pavor

28-12-2009
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Não fazia ideia que houvesse todo este rancor em relação à Buchholz... Há até alguém que se queixa(!) de, na livraria, lhe terem aconselhado a leitura de um livro na língua original! Eu cá teria ficado agradecido... Será que está tudo parvo?É inevitável que uma livraria com carácter tivesse adquirido, com o tempo, uma certa idiossincrasia, um... temperamento. E isso tanto está nos livros que aí se encontram, no modo como se encontram, como até, vejam lá, nas pessoas que lá trabalham. Quem não está para aceitar isso, pode sempre ir aos hipermercados tirar das prateleiras as Rebelo Pintos, os Sousa Tavares e os Como Ser Feliz em Dez Lições e Meia e depois passar com isso nas caixas junto com os preservativos, as fibras e os enlatados - aí, nem sequer tem de olhar ou dirigir a palavra a quem o "atende", não ficará com melindres paranóides do suposto "ar de pedantismo intelectual daquelas senhoras" e poderá até olhar de cima da burra a desgraçada sentada na caixa. Assim, não haverá traumatizantes sentimentos de inferioridade.Queriam o quê? Ser atendidos por pin-ups burras, com barulheira ambiente e criaturas a atirar malabares e a cuspir fogo? É bem possível que algumas funcionárias da Buchholz olhassem com alguma ironia (e até condescendência mal disfarçada?) clientes ocasionais que por lá aparecessem. Por um lado, isso é quase natural tendo em conta as características "ecológicas" particulares da casa e, por outro lado, todos nós começamos sempre por ser um cliente ocasional. Da primeira vez que lá fui, também me senti como que intimidado - mas eu era(?) um puto parvo e o problema era meu, não da livraria. Tenho para mim que a Buchholz (sozinha ou acompanhada pela Sá da Costa) sobreviverá, não graças a "animações" idiotas, a funcionários liofilizados ou a ambiências de supermercado (para isso, já temos os supermercados), mas somente se encontrarmos lá os livros que não encontramos em nenhuma outra livraria.


Não fazia ideia que houvesse todo este rancor em relação à Buchholz... Há até alguém que se queixa(!) de, na livraria, lhe terem aconselhado a leitura de um livro na língua original! Eu cá teria ficado agradecido... Será que está tudo parvo?É inevitável que uma livraria com carácter tivesse adquirido, com o tempo, uma certa idiossincrasia, um... temperamento. E isso tanto está nos livros que aí se encontram, no modo como se encontram, como até, vejam lá, nas pessoas que lá trabalham. Quem não está para aceitar isso, pode sempre ir aos hipermercados tirar das prateleiras as Rebelo Pintos, os Sousa Tavares e os Como Ser Feliz em Dez Lições e Meia e depois passar com isso nas caixas junto com os preservativos, as fibras e os enlatados - aí, nem sequer tem de olhar ou dirigir a palavra a quem o "atende", não ficará com melindres paranóides do suposto "ar de pedantismo intelectual daquelas senhoras" e poderá até olhar de cima da burra a desgraçada sentada na caixa. Assim, não haverá traumatizantes sentimentos de inferioridade.Queriam o quê? Ser atendidos por pin-ups burras, com barulheira ambiente e criaturas a atirar malabares e a cuspir fogo? É bem possível que algumas funcionárias da Buchholz olhassem com alguma ironia (e até condescendência mal disfarçada?) clientes ocasionais que por lá aparecessem. Por um lado, isso é quase natural tendo em conta as características "ecológicas" particulares da casa e, por outro lado, todos nós começamos sempre por ser um cliente ocasional. Da primeira vez que lá fui, também me senti como que intimidado - mas eu era(?) um puto parvo e o problema era meu, não da livraria. Tenho para mim que a Buchholz (sozinha ou acompanhada pela Sá da Costa) sobreviverá, não graças a "animações" idiotas, a funcionários liofilizados ou a ambiências de supermercado (para isso, já temos os supermercados), mas somente se encontrarmos lá os livros que não encontramos em nenhuma outra livraria.

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