O Cachimbo de Magritte: Lisboa e as gestões ruinosas

24-12-2009
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Sobre a candidatura de Pedro Santana Lopes à Câmara de Lisboa, um dos temas dominantes tem sido o suposto despesismo na sua gestão em Lisboa, até porque o próprio referiu esse ‘mito’ no lançamento da sua candidatura. É verdade que Santana Lopes tem sobre os ombros esse ‘mito’, e também é verdade que ele não nasceu em Lisboa, e que já vinha dos seus tempos na Figueira da Foz. E é por isso importante para a sua candidatura que o PSD saiba lidar com ele. Há uns dias, Miguel Frasquilho (PSD) procurava, num artigo no Público, desmontar a gestão financeira de Santana Lopes em Lisboa, e mostrar que não só não gastou mais como até fez diminuir a despesa. Hoje, no mesmo jornal, Bernardino Aranda (do gabinete de Sá Fernandes) desconstrói a argumentação de Frasquilho, e sustenta que esse ‘mito’ corresponde à verdade dos factos. Duas visões, ambas comprometidas.Perante isto, Santana Lopes e o PSD têm de tomar uma decisão estratégica. (1) Se pretende desmistificar a questão, então que a conteste adequadamente, i.e. com uma tomada de posição pública e com os números na mesa, para que todos os conheçam e os verifiquem. O ‘trunfo’ da campanha de António Costa ficaria esvaziado, embora o grande inconveniente desta opção fosse o facto desta abertura facilitar críticas noutros sentidos, nomeadamente sobre casos particulares da sua gestão. (2) A reputação de ‘despesista’ de Santana Lopes poderá estar tão enraizada na opinião pública, que a ‘desmistificação’ teria pouco impacto, pelo que o melhor seria manter o tema fora do debate, e fazer com que apareça apenas através do adversário, que teria de justificar a acusação. É que o assunto poderá ser pantanoso até para António Costa, que certamente não quererá que a sua gestão financeira também saia cá para fora, o que seria inevitável se a quisesse comparar com a de Santana Lopes.Face ao cenário que enfrenta, o mais provável é o PSD seguir a segunda hipótese. Assim, este ‘mito’ deixa ao PS uma porta aberta para a campanha eleitoral; a forma como o PS lidará com isso é que nos dirá, então, se afinal António Costa está assim tão longe das gestões ruinosas como pretende transparecer. É que se não a seguir, isso poderá dizer-nos muito sobre a forma como se geriram estes últimos dois anos em Lisboa.


Sobre a candidatura de Pedro Santana Lopes à Câmara de Lisboa, um dos temas dominantes tem sido o suposto despesismo na sua gestão em Lisboa, até porque o próprio referiu esse ‘mito’ no lançamento da sua candidatura. É verdade que Santana Lopes tem sobre os ombros esse ‘mito’, e também é verdade que ele não nasceu em Lisboa, e que já vinha dos seus tempos na Figueira da Foz. E é por isso importante para a sua candidatura que o PSD saiba lidar com ele. Há uns dias, Miguel Frasquilho (PSD) procurava, num artigo no Público, desmontar a gestão financeira de Santana Lopes em Lisboa, e mostrar que não só não gastou mais como até fez diminuir a despesa. Hoje, no mesmo jornal, Bernardino Aranda (do gabinete de Sá Fernandes) desconstrói a argumentação de Frasquilho, e sustenta que esse ‘mito’ corresponde à verdade dos factos. Duas visões, ambas comprometidas.Perante isto, Santana Lopes e o PSD têm de tomar uma decisão estratégica. (1) Se pretende desmistificar a questão, então que a conteste adequadamente, i.e. com uma tomada de posição pública e com os números na mesa, para que todos os conheçam e os verifiquem. O ‘trunfo’ da campanha de António Costa ficaria esvaziado, embora o grande inconveniente desta opção fosse o facto desta abertura facilitar críticas noutros sentidos, nomeadamente sobre casos particulares da sua gestão. (2) A reputação de ‘despesista’ de Santana Lopes poderá estar tão enraizada na opinião pública, que a ‘desmistificação’ teria pouco impacto, pelo que o melhor seria manter o tema fora do debate, e fazer com que apareça apenas através do adversário, que teria de justificar a acusação. É que o assunto poderá ser pantanoso até para António Costa, que certamente não quererá que a sua gestão financeira também saia cá para fora, o que seria inevitável se a quisesse comparar com a de Santana Lopes.Face ao cenário que enfrenta, o mais provável é o PSD seguir a segunda hipótese. Assim, este ‘mito’ deixa ao PS uma porta aberta para a campanha eleitoral; a forma como o PS lidará com isso é que nos dirá, então, se afinal António Costa está assim tão longe das gestões ruinosas como pretende transparecer. É que se não a seguir, isso poderá dizer-nos muito sobre a forma como se geriram estes últimos dois anos em Lisboa.

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