Da Literatura: LER OS OUTROS

30-05-2010
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Um livro cada domingo. Agora que o filão das biografias começa a ser explorado em Portugal, era bom que algum editor incluísse Proust in Love (2006, Yale University Press), de William C. Carter, nas suas prioridades. A imagem ao alto é a da tradução que Ramon González Férriz fez para a Belacqva de Barcelona. Carter, que Harold Bloom considera «o biógrafo definitivo de Proust» (malgré George Painter e Jean-Yves Tadie), detém-se nesta obra nas aventuras amorosas do autor da Recherche... com um detalhe nunca antes prosseguido. Além dos “namorados” conhecidos, chamemos-lhes assim — como Reynaldo Hahn, que mais tarde seria compositor; Lucien Daudet, filho do escritor naturalista Alphonse Daudet (este caso provocou um duelo com o jornalista Jean Lorrain); o conde Bertrand de Fénelon, que seria o modelo de Saint-Loup; o diplomata e escritor Paul Morand; o dramaturgo Robert de Flers, com quem dividiu Lucien Daudet; o chauffeur da família Lartigue, Alfred Agostinelli, que Proust fez seu secretário particular; ou o gigolo suíço Henri Rochat... —, Proust tinha uma predilecção especial por criados de hotel, em especial os do Ritz de Paris, sendo frequentador assíduo de saunas e prostíbulos masculinos, onde requisitava práticas masoquistas. Como nada disto cola à lenda da homossexualidade “de espírito” (duquesas, salões & salamaleques) que muitos pretendem associar a Proust, o livro de Carter é indispensável.Desde anteontem, duas novas moradas: o PNET Mulher e o PNET Homem. Não se trata de blogues, mas de portais online onde os respectivos cronistas, sete em cada um, escrevem sobre espectáculos, viagens, livros, cinema, música, eventos (sociais, culturais ou políticos) e o mais que lhes aprouver. Também respondem a perguntas dos leitores. No PNET Mulher estão Ana Anes, Marta Botelho, Mónica Marques, Teresa Castro, Paula Capaz, Rita Barata Silvério e Sofia Vieira. No PNET Homem estão António Costa Santos, António Eça de Queiroz, Fernando Carvalho, Manuel S. Fonseca, o brasileiro Mauro Castro, Paulo Simões Mendes e Rui Pelejão.Afonso Mesquita: «Espera aí. Quem são estes dois últimos artistas? Que raio de critério terá levado o editor a incluir nesta colecção, ao lado de escritores, poetas, pintores, cantores, músicos e actores, dois políticos — e logo estes dois políticos? [...] Que pensariam disto, por exemplo, Mário Viegas, Sophia ou Ary? Alguém tem dúvidas sobre como eles reagiriam perante esta ofensa aos seus bons nomes?»João Galamba: «Sou só eu que acho que o Diário da Perna, do Miguel Esteves Cardoso, no P2, é um desconchavo absoluto?»Luís Mourão: «Chantal Sébire já está cega, já perdeu o olfacto e o paladar, e sofre de dores atrozes. Através do seu advogado, entregou ao tribunal de Dijon um pedido de suicídio assistido e apelou ao presidente Nicolas Sarkozy. Chantal Sébire trava o seu último combate. [...] Chantal Sébire não quer suicidar-se, Chantal Sébire está a morrer, o que é coisa bem diferente. Chantal Sébire quer ser tratada no seu sofrimento, tem esse direito. E reclama o direito a definir, segundo os seus termos e convicções, a fronteira a partir da qual o seu sofrimento não faz mais qualquer sentido para si mesma.»Lutz Brückelmann: «A proposta de lei sobre os piercings reúne o mais detestável no PS [...] acrescentado aqui pela total ausência da noção de que é importante e o que não é.»Miguel Castelo-Branco: «Tudo está longe, longe do coração e dos olhos.»O Jansenista: Memórias comuns.Pedro Mexia: «Se os políticos engatam meninos e frequentam meninas, isso é assunto deles e da família deles.»Tomás Vasques: «O resultado, passados 5 anos, é um milhão de mortes, um país no caos, na guerra civil e sem solução à vista.»Etiquetas: Blogues, Nota de leitura

Um livro cada domingo. Agora que o filão das biografias começa a ser explorado em Portugal, era bom que algum editor incluísse Proust in Love (2006, Yale University Press), de William C. Carter, nas suas prioridades. A imagem ao alto é a da tradução que Ramon González Férriz fez para a Belacqva de Barcelona. Carter, que Harold Bloom considera «o biógrafo definitivo de Proust» (malgré George Painter e Jean-Yves Tadie), detém-se nesta obra nas aventuras amorosas do autor da Recherche... com um detalhe nunca antes prosseguido. Além dos “namorados” conhecidos, chamemos-lhes assim — como Reynaldo Hahn, que mais tarde seria compositor; Lucien Daudet, filho do escritor naturalista Alphonse Daudet (este caso provocou um duelo com o jornalista Jean Lorrain); o conde Bertrand de Fénelon, que seria o modelo de Saint-Loup; o diplomata e escritor Paul Morand; o dramaturgo Robert de Flers, com quem dividiu Lucien Daudet; o chauffeur da família Lartigue, Alfred Agostinelli, que Proust fez seu secretário particular; ou o gigolo suíço Henri Rochat... —, Proust tinha uma predilecção especial por criados de hotel, em especial os do Ritz de Paris, sendo frequentador assíduo de saunas e prostíbulos masculinos, onde requisitava práticas masoquistas. Como nada disto cola à lenda da homossexualidade “de espírito” (duquesas, salões & salamaleques) que muitos pretendem associar a Proust, o livro de Carter é indispensável.Desde anteontem, duas novas moradas: o PNET Mulher e o PNET Homem. Não se trata de blogues, mas de portais online onde os respectivos cronistas, sete em cada um, escrevem sobre espectáculos, viagens, livros, cinema, música, eventos (sociais, culturais ou políticos) e o mais que lhes aprouver. Também respondem a perguntas dos leitores. No PNET Mulher estão Ana Anes, Marta Botelho, Mónica Marques, Teresa Castro, Paula Capaz, Rita Barata Silvério e Sofia Vieira. No PNET Homem estão António Costa Santos, António Eça de Queiroz, Fernando Carvalho, Manuel S. Fonseca, o brasileiro Mauro Castro, Paulo Simões Mendes e Rui Pelejão.Afonso Mesquita: «Espera aí. Quem são estes dois últimos artistas? Que raio de critério terá levado o editor a incluir nesta colecção, ao lado de escritores, poetas, pintores, cantores, músicos e actores, dois políticos — e logo estes dois políticos? [...] Que pensariam disto, por exemplo, Mário Viegas, Sophia ou Ary? Alguém tem dúvidas sobre como eles reagiriam perante esta ofensa aos seus bons nomes?»João Galamba: «Sou só eu que acho que o Diário da Perna, do Miguel Esteves Cardoso, no P2, é um desconchavo absoluto?»Luís Mourão: «Chantal Sébire já está cega, já perdeu o olfacto e o paladar, e sofre de dores atrozes. Através do seu advogado, entregou ao tribunal de Dijon um pedido de suicídio assistido e apelou ao presidente Nicolas Sarkozy. Chantal Sébire trava o seu último combate. [...] Chantal Sébire não quer suicidar-se, Chantal Sébire está a morrer, o que é coisa bem diferente. Chantal Sébire quer ser tratada no seu sofrimento, tem esse direito. E reclama o direito a definir, segundo os seus termos e convicções, a fronteira a partir da qual o seu sofrimento não faz mais qualquer sentido para si mesma.»Lutz Brückelmann: «A proposta de lei sobre os piercings reúne o mais detestável no PS [...] acrescentado aqui pela total ausência da noção de que é importante e o que não é.»Miguel Castelo-Branco: «Tudo está longe, longe do coração e dos olhos.»O Jansenista: Memórias comuns.Pedro Mexia: «Se os políticos engatam meninos e frequentam meninas, isso é assunto deles e da família deles.»Tomás Vasques: «O resultado, passados 5 anos, é um milhão de mortes, um país no caos, na guerra civil e sem solução à vista.»Etiquetas: Blogues, Nota de leitura

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