Cravo de Abril: ABRIL VENCERÁ!

31-05-2010
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Foram muitos, muitos mil os que, em múltiplas manifestações, concentrações e desfiles e em diversificadas iniciativas e convívios, comemoraram ontem o 34º aniversário do 25 de Abril.A confirmar que Abril está vivo - apesar dos muitos esforços feitos para o matar por parte daqueles que nos últimos 32 anos têm governado Portugal.Ontem, Abril esteve nas ruas. Por isso... a mais mediática de todas as comemorações foi a engravatada comemoração ocorrida no Parlamento - e, particularmente, o discurso do Presidente da República...Não gosto deste senhor.Não apenas, nem essencialmente, porque nos situamos política e ideológicamente nos antípodas um do outro, mas, essencialmente, porque o habita um conjunto de características (digamos assim...) que não suporto, a saber:- uma incomensurável incultura - que exibe como se se tratasse de atributo valiosíssimo;uma incomensurável demagogia - visível, nomeadamente, nas «críticas» (muitas vezes justas) que produz em relação a aspectos da situação do País, contudo sacudindo a água do capote no que respeita às reais responsabilidades que ele próprio tem naquilo que critica;- aquele tom pernóstico com que fala, enfatizando o que, de todo, não é passível de ênfase - silabando os vocábulos de uso menos frequente (nele), assim como quem diz aos ouvintes: vejam como eu sei estas palavras caras...- etc. etc., etc.É claro que respeito o cargo de Supremo Magistrado da Nação que o senhor ocupa - mas muitas vezes digo mim próprio que um eleitorado que elege assim, é um eleitorado que vota abaixo de zero.Paciência: a verdade é que ele foi eleito (não acrescento o «democraticamente» por razões que já aqui enunciei várias vezes) e é o Presidente da República.No discurso de ontem - feito na base de um estudo da Universidade Católica - o PR sublinhou a ignorância dos jovens inquiridos em relação a aspectos importantes da vida e da situação do País.Muitos deles, informou, «não sabem sequer o que foi o 25 de Abril, nem o que significou para Portugal».E toca de atirar as culpas de tanta ignorância para «os partidos» e «a classe política» - assim, em geral e em abstracto, em partes democraticamente iguais para todos os partidos e para toda a classe política...Ora, generalizando assim, o PR sabe que está a generalizar mal: sabe que nem todos «os partidos», nem toda «a classe política» são responsáveis por esse silenciamento do 25 de Abril e do seu significado...Acresce que, ouvindo o Presidente da República - que, tanto quanto sei, jamais alguém viu de cravo ao peito... - ninguém diria que;1 - ele foi durante dez anos consecutivos o primeiro-ministro de Portugal (quase sempre dispondo de maioria absoluta) - e que não só nada fez para que os jovens portugueses soubessem o que foi o 25 de Abril, como, pelo contrário, ele foi o protagonista da, até então, mais violenta ofensiva contra os ideais de Abril e contra tudo o que de mais positivo, avançado e moderno o 25 de Abril nos trouxe;2 - a década do consulado cavaquista foi, precisamente pelo seu carácter anti-Abril, a década da gestação de uma geração ao arrepio de Abril, em que o egoísmo, o individualismo, o salve-se quem puder, o vale-tudo - ou seja, os anti-valores dominantes - eram apresentados como caminho normal para o triunfo pessoal;3- durante esse tempo, o então primeiro-ministro garantia, mentindo e sabendo que mentia, que Portugal estava no pelotão da frente da União Europeia.4 - Etc., etc., etc.Por tudo isso, o discurso de ontem do PR desagradou-me e irritou-me profundamente.Mas adiante. Porque uma coisa é certa: por muitos esforços que «os partidos» e «a classe política»(de que o PR faz parte, recorde-se-lhe...) façam para calar Abril, no próximo ano Abril voltará às ruas em festa e em luta.Com a presença de milhares de jovens que - apesar da prática anti-Abril dos sucessivos governos da política de direita - sabem o que foi Abril e qual o seu significado, e têm em Abril e nos seus ideais uma referência essencial da luta que travam todos os dias.Uma luta que é por Abril. E que, por isso, vencerá.


Foram muitos, muitos mil os que, em múltiplas manifestações, concentrações e desfiles e em diversificadas iniciativas e convívios, comemoraram ontem o 34º aniversário do 25 de Abril.A confirmar que Abril está vivo - apesar dos muitos esforços feitos para o matar por parte daqueles que nos últimos 32 anos têm governado Portugal.Ontem, Abril esteve nas ruas. Por isso... a mais mediática de todas as comemorações foi a engravatada comemoração ocorrida no Parlamento - e, particularmente, o discurso do Presidente da República...Não gosto deste senhor.Não apenas, nem essencialmente, porque nos situamos política e ideológicamente nos antípodas um do outro, mas, essencialmente, porque o habita um conjunto de características (digamos assim...) que não suporto, a saber:- uma incomensurável incultura - que exibe como se se tratasse de atributo valiosíssimo;uma incomensurável demagogia - visível, nomeadamente, nas «críticas» (muitas vezes justas) que produz em relação a aspectos da situação do País, contudo sacudindo a água do capote no que respeita às reais responsabilidades que ele próprio tem naquilo que critica;- aquele tom pernóstico com que fala, enfatizando o que, de todo, não é passível de ênfase - silabando os vocábulos de uso menos frequente (nele), assim como quem diz aos ouvintes: vejam como eu sei estas palavras caras...- etc. etc., etc.É claro que respeito o cargo de Supremo Magistrado da Nação que o senhor ocupa - mas muitas vezes digo mim próprio que um eleitorado que elege assim, é um eleitorado que vota abaixo de zero.Paciência: a verdade é que ele foi eleito (não acrescento o «democraticamente» por razões que já aqui enunciei várias vezes) e é o Presidente da República.No discurso de ontem - feito na base de um estudo da Universidade Católica - o PR sublinhou a ignorância dos jovens inquiridos em relação a aspectos importantes da vida e da situação do País.Muitos deles, informou, «não sabem sequer o que foi o 25 de Abril, nem o que significou para Portugal».E toca de atirar as culpas de tanta ignorância para «os partidos» e «a classe política» - assim, em geral e em abstracto, em partes democraticamente iguais para todos os partidos e para toda a classe política...Ora, generalizando assim, o PR sabe que está a generalizar mal: sabe que nem todos «os partidos», nem toda «a classe política» são responsáveis por esse silenciamento do 25 de Abril e do seu significado...Acresce que, ouvindo o Presidente da República - que, tanto quanto sei, jamais alguém viu de cravo ao peito... - ninguém diria que;1 - ele foi durante dez anos consecutivos o primeiro-ministro de Portugal (quase sempre dispondo de maioria absoluta) - e que não só nada fez para que os jovens portugueses soubessem o que foi o 25 de Abril, como, pelo contrário, ele foi o protagonista da, até então, mais violenta ofensiva contra os ideais de Abril e contra tudo o que de mais positivo, avançado e moderno o 25 de Abril nos trouxe;2 - a década do consulado cavaquista foi, precisamente pelo seu carácter anti-Abril, a década da gestação de uma geração ao arrepio de Abril, em que o egoísmo, o individualismo, o salve-se quem puder, o vale-tudo - ou seja, os anti-valores dominantes - eram apresentados como caminho normal para o triunfo pessoal;3- durante esse tempo, o então primeiro-ministro garantia, mentindo e sabendo que mentia, que Portugal estava no pelotão da frente da União Europeia.4 - Etc., etc., etc.Por tudo isso, o discurso de ontem do PR desagradou-me e irritou-me profundamente.Mas adiante. Porque uma coisa é certa: por muitos esforços que «os partidos» e «a classe política»(de que o PR faz parte, recorde-se-lhe...) façam para calar Abril, no próximo ano Abril voltará às ruas em festa e em luta.Com a presença de milhares de jovens que - apesar da prática anti-Abril dos sucessivos governos da política de direita - sabem o que foi Abril e qual o seu significado, e têm em Abril e nos seus ideais uma referência essencial da luta que travam todos os dias.Uma luta que é por Abril. E que, por isso, vencerá.

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