aforismos e afins: (Des)acordo e honestidade intelectual

21-01-2011
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No seguimento dos comentários do João Galamba em relação ao artigo publicado no DE, recomendo esta leitura. Não é técnica e as primeiras páginas são fluídas e bastante fáceis de assimilar.Repito, João, que a contribuição do Aumann não diz respeito ao problema de conhecer a verdade, mas sim de perceber o porquê da discordâncias. Há três alternativas que a podem justificar:1) Os "priors" (ou "código de valores", ou "concepções do mundo", ou "being-in-the-world", ou o que queiras entender como "prior") das duas pessoas são diferentes;2) Ambos os indivíduos são racionais (ou inteligentes) mas pelo menos um deles não é intelectualmente honesto;3) Pelo menos um indivíduo não é racional.O caso 3) é o mais fácil de entender. Se um dos indivíduos não é racional, não estamos propriamente a falar de "debate", mas mais de "conversa fiada", "cacofonia", ou "luta de galos". Whatever.O caso 2) indica que o indivíduo no seu íntimo (sendo racional) até percebe que deveria concordar, isto se assumirmos priors iguais (estou a isolar cada um dos três factores acima propostos, claro). Acontece que discorda. Um razão bastante provável é essa pessoa ter começado o debate com uma dada opinião e depois «não querer dar o braço a torcer», para falar em bom português. O que não é muito honroso para quem aprecie os diálogos de Platão.O caso 1) é intuitivo: pessoas têm concepções diferentes do mundo. Eu não quero obrigar ninguém "racionalmente" a concordar comigo sobre A ou B. Apenas procuro sempre que posso de esclarecer a "origem das diferenças", para que possamos terminar um debate inteligentemente com um mutuamente apreciativo "concordar em discordar". Em vez de sair dum debate a achar que o outro é estúpido ou ignorante, entender o que nos separa.O ponto do artigo era ajudar a perceber quais as condições necessárias e suficientes para haver discórdia entre pessoas racionais e intelectualmente honestas num qualquer debate. Porque a diversidade de opiniões não implica que tudo seja aceitável. E a discórdia não impossibilita a compreensão mútua.


No seguimento dos comentários do João Galamba em relação ao artigo publicado no DE, recomendo esta leitura. Não é técnica e as primeiras páginas são fluídas e bastante fáceis de assimilar.Repito, João, que a contribuição do Aumann não diz respeito ao problema de conhecer a verdade, mas sim de perceber o porquê da discordâncias. Há três alternativas que a podem justificar:1) Os "priors" (ou "código de valores", ou "concepções do mundo", ou "being-in-the-world", ou o que queiras entender como "prior") das duas pessoas são diferentes;2) Ambos os indivíduos são racionais (ou inteligentes) mas pelo menos um deles não é intelectualmente honesto;3) Pelo menos um indivíduo não é racional.O caso 3) é o mais fácil de entender. Se um dos indivíduos não é racional, não estamos propriamente a falar de "debate", mas mais de "conversa fiada", "cacofonia", ou "luta de galos". Whatever.O caso 2) indica que o indivíduo no seu íntimo (sendo racional) até percebe que deveria concordar, isto se assumirmos priors iguais (estou a isolar cada um dos três factores acima propostos, claro). Acontece que discorda. Um razão bastante provável é essa pessoa ter começado o debate com uma dada opinião e depois «não querer dar o braço a torcer», para falar em bom português. O que não é muito honroso para quem aprecie os diálogos de Platão.O caso 1) é intuitivo: pessoas têm concepções diferentes do mundo. Eu não quero obrigar ninguém "racionalmente" a concordar comigo sobre A ou B. Apenas procuro sempre que posso de esclarecer a "origem das diferenças", para que possamos terminar um debate inteligentemente com um mutuamente apreciativo "concordar em discordar". Em vez de sair dum debate a achar que o outro é estúpido ou ignorante, entender o que nos separa.O ponto do artigo era ajudar a perceber quais as condições necessárias e suficientes para haver discórdia entre pessoas racionais e intelectualmente honestas num qualquer debate. Porque a diversidade de opiniões não implica que tudo seja aceitável. E a discórdia não impossibilita a compreensão mútua.

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