Cravo de Abril: REVISÃO DA MATÉRIA DADA

28-05-2010
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Quando Cavaco tomou posse como primeiro-ministro, fez um discurso no qual, mais palavra menos palavra, disse três coisas:1 - O país está num estado lastimável; 2 - A culpa é do Governo anterior; 3 - É preciso que os portugueses apertem os cintos...Assim foi: a imensa maioria dos portugueses apertou os cintos - e ficou mais pobre (e a imensa minoria alargou os cintos - e ficou mais rica).Tempos depois, Cavaco anunciou o «novo Portugal», a «abundância», o «oásis», o «pelotão da frente»... Portugal estava salvo!Tempos depois, quando as eleições se aproximavam, Cavaco fugiu para Boliqueime onde entrou em estágio presidencial.E veio Guterres - o qual, no seu discruso de posse, disse, mais palavra menos palavra, três coisas:1 - O país está num estado lastimável;2 - A culpa é do Governo anterior;3 - É preciso que os portugueses apertem os cintos.Depois, prosseguiu a política de Cavaco, acrescentando-lhe, formalmente, alguns toques pessoais: a «solidariedade», o padre Melícias, o dr. Pina Moura e o ministro Vitorino -e anunciou o «fim da crise»... Portugal entrou em estado de graça!Tempos depois, em vésperas de eleições, Guterres fugiu...Sucedeu-lhe Barroso - o qual, no seu discurso de posse, disse, mais palavra menos palavra, três coisas:1 - O país está num estado lastimável;2 - A culpa é do governo anterior;3 - É preciso que os portugueses apertem os cintos.E prosseguiu a política de Cavaco e de Guterres, acrescentando-lhe, formalmente, aquele seu jeito de discursar em que os gestos estão em dissonância com as palavras - e logo anunciou, ora toma!, «a retoma». Portugal estava outra vez salvo!Tempos depois, Barroso fugiu - para a Europa...E sucedeu-lhe Sócrates - o qual, no seu discurso de posse, disse, mais palavra menos palavra, três coisas:1 - O país está num estado lastimável;2 - A culpa é do governo anterior;3 - É preciso que os portugueses apertem os cintos.E prosseguiu a política de Cavaco, de Guterres e de Barroso, acrescentando-lhe, formalmente, aqueles seus ademanes e requebros de gestos e de voz - e logo anunciou, tal como anunciaram Cavaco, Guterres e Barroso, e mais palavra menos palavra, que os portugueses vivem no melhor dos mundos.Quer tudo isto dizer que o destino de Sócrates está irreversivelmente traçado: um dia, mais cedo ou mais tarde, ele fará as malas e fugirá.E a questão mais importante não é a de saber quando chegará esse dia: o que importa é que ele, quando fugir, leve consigo, e de vez, esta política que há 32 anos flagela Portugal e os portugueses.É essa a grande tarefa que temos pela frente.Tarefa difícil, dificílima - e só alcançável através de forte intensificação e ampliação da luta de massas.Vamos a isso, então. E para já, preparemos-nos para fazer do próxim 1 de Outubro, uma muito grande jornada de luta.


Quando Cavaco tomou posse como primeiro-ministro, fez um discurso no qual, mais palavra menos palavra, disse três coisas:1 - O país está num estado lastimável; 2 - A culpa é do Governo anterior; 3 - É preciso que os portugueses apertem os cintos...Assim foi: a imensa maioria dos portugueses apertou os cintos - e ficou mais pobre (e a imensa minoria alargou os cintos - e ficou mais rica).Tempos depois, Cavaco anunciou o «novo Portugal», a «abundância», o «oásis», o «pelotão da frente»... Portugal estava salvo!Tempos depois, quando as eleições se aproximavam, Cavaco fugiu para Boliqueime onde entrou em estágio presidencial.E veio Guterres - o qual, no seu discruso de posse, disse, mais palavra menos palavra, três coisas:1 - O país está num estado lastimável;2 - A culpa é do Governo anterior;3 - É preciso que os portugueses apertem os cintos.Depois, prosseguiu a política de Cavaco, acrescentando-lhe, formalmente, alguns toques pessoais: a «solidariedade», o padre Melícias, o dr. Pina Moura e o ministro Vitorino -e anunciou o «fim da crise»... Portugal entrou em estado de graça!Tempos depois, em vésperas de eleições, Guterres fugiu...Sucedeu-lhe Barroso - o qual, no seu discurso de posse, disse, mais palavra menos palavra, três coisas:1 - O país está num estado lastimável;2 - A culpa é do governo anterior;3 - É preciso que os portugueses apertem os cintos.E prosseguiu a política de Cavaco e de Guterres, acrescentando-lhe, formalmente, aquele seu jeito de discursar em que os gestos estão em dissonância com as palavras - e logo anunciou, ora toma!, «a retoma». Portugal estava outra vez salvo!Tempos depois, Barroso fugiu - para a Europa...E sucedeu-lhe Sócrates - o qual, no seu discurso de posse, disse, mais palavra menos palavra, três coisas:1 - O país está num estado lastimável;2 - A culpa é do governo anterior;3 - É preciso que os portugueses apertem os cintos.E prosseguiu a política de Cavaco, de Guterres e de Barroso, acrescentando-lhe, formalmente, aqueles seus ademanes e requebros de gestos e de voz - e logo anunciou, tal como anunciaram Cavaco, Guterres e Barroso, e mais palavra menos palavra, que os portugueses vivem no melhor dos mundos.Quer tudo isto dizer que o destino de Sócrates está irreversivelmente traçado: um dia, mais cedo ou mais tarde, ele fará as malas e fugirá.E a questão mais importante não é a de saber quando chegará esse dia: o que importa é que ele, quando fugir, leve consigo, e de vez, esta política que há 32 anos flagela Portugal e os portugueses.É essa a grande tarefa que temos pela frente.Tarefa difícil, dificílima - e só alcançável através de forte intensificação e ampliação da luta de massas.Vamos a isso, então. E para já, preparemos-nos para fazer do próxim 1 de Outubro, uma muito grande jornada de luta.

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