O Público dedica uma página ao referendo em que o povo equatoriano se vai pronunciar, hoje, sobre o projecto de Constituição.No que respeita às perspectivas, é-nos dito que os «equatorianos inclinam-se» para aprovar o projecto - sendo sublinhado, de imediato, que «mesmo que o texto passe, há uma zona pouco clara, centrada nas ambições do Presidente socialista Rafael Correa, que preocupa alguns analistas».Eis como uma simples frase... diz tudo: se a Constituição for aprovada pela maioria do eleitorado, a minoria lá está para o que der e vier...E, como é hábito nestas circunstâncias, há sempre «alguns analistas» preocupados...Como também é hábito, é a esses analistas preocupados que o Público dá a palavra.E as preocupações dos analistas são, igualmente, as habituais.Assim, um analista preocupa-se com o facto de, no caso de a Constituição ser aprovada, ela vir a ser «um instrumento nas mãos de um líder que reproduz, em nome de uma suposta revolução, os estilos de uma velha política populista e clientelista, recheada de autoritarismo, de demagogia e extremo personalismo».Onde é que nós já ouvimos isto?...E isto?: outro analista, ainda mais preocupado do que o anterior, diz que, mesmo que a maioria aprove a Constituição, se, numa certa região do país o «não» for vencedor... isso poderá «desencadear no país um motim semelhante» ao da Bolívia...Noutra linha de análise preocupada, um professor de Direito da Universidade de não sei onde conclui, peremptório, que o texto constitucional «é vago, muito extenso, confuso e complicado»...Em síntese, todos eles estão preocupados e com «medo de que a Constituição, primeira pedra do "socialismo do século XXI" defendido por Correa, leve o país num caminho semelhante ao da Venezuela e da Bolívia», ou, mais concreta e precisamente, num «caminho que ameace a propriedade privada»...Isto porque, segundo o projecto de Constituição, «a economia de mercado será substituída por um "sistema enocómico social e solidário, centrado nas pessoas», e a «propriedade privada passa a coexistir com a pública, a estatal, a associativa, a cooperativa e a mista».Enfim, tudo medidas que, como não podia deixar de ser, preocupam seriamente os analistas...A mostrar, de forma ainda mais clara, o sentido dessas preocupações registe-se, por exemplo, este dado curioso:os referidos analistas não estão preocupados com o facto de metade dos cerca de 14 milhões de equatorianos serem pobres e muito pobres - mas estão preocupadíssimos com a decisão já tomada pelo PresidenteRafael Correa de «destinar os lucros do petróleo nacional à classes mais desfavorecidas».Preparemo-nos, então, para a campanha que aí vem. E para ver as preocupações destes analistas traduzidas nas habituais acções contra-revolucionárias.
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O Público dedica uma página ao referendo em que o povo equatoriano se vai pronunciar, hoje, sobre o projecto de Constituição.No que respeita às perspectivas, é-nos dito que os «equatorianos inclinam-se» para aprovar o projecto - sendo sublinhado, de imediato, que «mesmo que o texto passe, há uma zona pouco clara, centrada nas ambições do Presidente socialista Rafael Correa, que preocupa alguns analistas».Eis como uma simples frase... diz tudo: se a Constituição for aprovada pela maioria do eleitorado, a minoria lá está para o que der e vier...E, como é hábito nestas circunstâncias, há sempre «alguns analistas» preocupados...Como também é hábito, é a esses analistas preocupados que o Público dá a palavra.E as preocupações dos analistas são, igualmente, as habituais.Assim, um analista preocupa-se com o facto de, no caso de a Constituição ser aprovada, ela vir a ser «um instrumento nas mãos de um líder que reproduz, em nome de uma suposta revolução, os estilos de uma velha política populista e clientelista, recheada de autoritarismo, de demagogia e extremo personalismo».Onde é que nós já ouvimos isto?...E isto?: outro analista, ainda mais preocupado do que o anterior, diz que, mesmo que a maioria aprove a Constituição, se, numa certa região do país o «não» for vencedor... isso poderá «desencadear no país um motim semelhante» ao da Bolívia...Noutra linha de análise preocupada, um professor de Direito da Universidade de não sei onde conclui, peremptório, que o texto constitucional «é vago, muito extenso, confuso e complicado»...Em síntese, todos eles estão preocupados e com «medo de que a Constituição, primeira pedra do "socialismo do século XXI" defendido por Correa, leve o país num caminho semelhante ao da Venezuela e da Bolívia», ou, mais concreta e precisamente, num «caminho que ameace a propriedade privada»...Isto porque, segundo o projecto de Constituição, «a economia de mercado será substituída por um "sistema enocómico social e solidário, centrado nas pessoas», e a «propriedade privada passa a coexistir com a pública, a estatal, a associativa, a cooperativa e a mista».Enfim, tudo medidas que, como não podia deixar de ser, preocupam seriamente os analistas...A mostrar, de forma ainda mais clara, o sentido dessas preocupações registe-se, por exemplo, este dado curioso:os referidos analistas não estão preocupados com o facto de metade dos cerca de 14 milhões de equatorianos serem pobres e muito pobres - mas estão preocupadíssimos com a decisão já tomada pelo PresidenteRafael Correa de «destinar os lucros do petróleo nacional à classes mais desfavorecidas».Preparemo-nos, então, para a campanha que aí vem. E para ver as preocupações destes analistas traduzidas nas habituais acções contra-revolucionárias.